Por Memória Globo

Acervo/Globo

A primeira década do ‘Fantástico’ foi marcada pela multiplicidade de rostos na bancada. Na estreia, Sérgio Chapelin foi escalado para apresentar o programa, fazendo narrações em off que ligavam o mosaico de atrações, como shows, noticiários e dramatização. Um quadro de humor protagonizado por Chico Anysio era inserido ao longo do programa.

Sérgio Chapelin no primeiro 'Fantástico' em cores, 28/04/1974 — Foto: Frame de vídeo/Globo

Nos primeiros anos, não havia um apresentador fixo. Até o final da década de 1980, passaram pelo ‘Fantástico’, no bloco de jornalismo, Cid Moreira, Heron Domingues, Carlos Campbell, Berto Filho e Marcos Hummel. Artistas apresentavam o bloco de entretenimento/shows, sendo convocados pelo diretor-geral de forma aleatória, como José Wilker, Leila Cravo, Thelma Elita, Paula Saldanha, Edson Celulari e César Filho. Chico Anysio fez a apresentação do humor de 1973 a 1988. No Esporte, havia um rodízio entre Léo Batista (1974 a 2007) e Fernando Vanucci (1978 a 1992).

Em setembro de 1988, o ‘Fantástico’ passou a ser apresentado ao vivo por Sérgio Chapelin, Valéria Monteiro e William Bonner. A novidade marcava uma reestruturação agendada para o aniversário de 15 anos do programa. Em maio de 1990, Sérgio Chapelin deixou o posto para se dedicar integralmente ao ‘Jornal Nacional’. William Bonner saiu da bancada do dominical em dezembro de 1990 – desde julho de 1989 vinha acumulando a apresentação do ‘Fantástico’ com a do ‘Jornal da Globo’.

“Foi quando o ‘Fantástico’ começou a intercalar jornalismo com variedades, em vez de você ter um setor de jornalismo fixo, estanque, no jornal, com as notícias do dia. Não era assim. Você começou a intercalar uma coisa e outra. Então, ele [José-Itamar de Freitas, diretor-geral de 1977 a 1991] fazia um pré-espelho: página um, abertura forte, assunto do dia muito forte; página dois, um assunto mais leve do dia em nota; página três, musical; página quatro, variedade; página oito, comercial; aí, no outro, nota mais ou menos forte. Ele começou a estabelecer categorias de notícias. [...] E o ‘Fantástico’ era um sucesso estrondoso de audiência. Mas ele era um alquimista de um espelho. Ele criou e só ele conseguia controlar. Então, era um programa riquíssimo. Eu sou muito fã do ‘Fantástico’, destaca William Bonner.

William Bonner apresenta o 'Fantástico', 1990. — Foto: Frame de vídeo/Globo

Nos anos 1990, o programa contou com a apresentação de Valéria Monteiro, Celso Freitas, Dóris Giesse, Carolina Ferraz, Fátima Bernardes e Sandra Annenberg.

“Eu acreditava naquele projeto de transformar o ‘Fantástico’ num programa mais leve, num programa sim de reportagem e investigação, porque tem espaço, mas que tirasse aquela carga da musiquinha do fim do domingo”, lembra Fátima Bernardes.

Sandra Annenberg, Celso Freitas e Fátima Bernardes no 'Fantástico' — Foto: Acervo/Globo

Valéria Monteiro no 'Fantástico'. — Foto: Acervo/Globo

Dóris Giesse no 'Fantástico'. — Foto: Acervo/Globo

O ano de 1996 foi intenso para a revista eletrônica. Em março, Pedro Bial e Helena Ranaldi assumiram a apresentação, em um momento em que o Jornalismo da Globo estava em reformulação, o que impactou em testes na bancada. Bial se firmou no posto, mas o time feminino foi mexido em 1997: passaram pelo programa Cláudia Cruz, novamente Fátima Bernardes (em poucos meses, a jornalista saiu de licença-maternidade) e Carla Vilhena. Em 1998, veio o convite à Glória Maria, que permaneceu no posto até 2007.

“O ‘Fantástico’ [...] vai se atualizando e vai sempre tentando antecipar as tendências, o futuro, estar antenado. Mas a fórmula é mais ou menos a mesma desde o início – aliás, é uma audácia tipicamente, sintomaticamente, brasileira –: um programa que combina entretenimento, ficção, diversão, informação, notícia. [...] Era um momento em que o jornalismo da Globo estava vivendo a grande renovação com a chegada do Evandro [Carlos de Andrade], [...] transferindo de funções os locutores técnicos, sem formação jornalística, para botar jornalistas apresentando os telejornais. Para o ‘Jornal Nacional’ foi a Lillian Witte Fibe e o William Bonner; no ‘Fantástico’, eu fiz dupla com uma atriz, que é a cara do ‘Fantástico’, que era a Helena Ranaldi, minha primeira dupla no ‘Fantástico’. Depois da Helena Ranaldi, veio a Fátima Bernardes. Depois a Fátima Bernardes foi para o ‘Jornal Nacional’, e veio a Cláudia Cruz, e depois a Glória Maria”, relembra Pedro Bial.

Pedro Bial no 'Fantástico'. — Foto: Arley Alves/Globo

Na mesma época, Cid Moreira passou a fazer a locução em off de reportagens especiais. Depois, gravou os áudios das chamadas e matérias do programa, tornando-se a “voz” do ‘Fantástico’, com seu timbre inconfundível.

Em abril de 2004, o programa ganhou uma apresentadora virtual, Eva Byte, criada pelo Departamento de Arte da Globo, então sob o comando de Alexandre Arrabal. Seu rosto era uma mistura de vários traços característicos da mulher brasileira, e o seu nome foi escolhido pelos telespectadores do programa. No início, só a cabeça da personagem aparecia no vídeo. Com o tempo, Eva passou a se mover pelo cenário e a contracenar com os outros apresentadores: Glória Maria e Pedro Bial.

“O ‘Fantástico’ sempre foi um programa de experiências, um programa que sempre tentou se reinventar, se recriar, por isso ele sobrevive", destaca Glória Maria.

Glória Maria na bancada do 'Fantástico'. — Foto: João Miguel Júnior/Globo

Em 6 de janeiro de 2008, a jornalista Patrícia Poeta estreou como apresentadora do programa, substituindo Glória Maria, que assumiria o ‘Globo Repórter’ dois anos depois, após período sabático. Na reformulação do 'Fantástico’, Pedro Bial, que vinha dividindo a apresentação do dominical com o ‘Big Brother Brasil’, também deixou o posto. Zeca Camargo foi efetivado na vaga – até então, ele apresentava como substituto.

'Fantástico': Estreia de Patrícia Poeta (2008)

'Fantástico': Estreia de Patrícia Poeta (2008)

“Eu lembro o Schroder me pedindo que eu tentasse fazer uma apresentação um pouco mais informal, meio no estilo do ‘SPTV’, quando eu tinha começado a trabalhar na Globo. [...] Foi o que eu comecei a fazer. [...] Tinha umas ‘cabeças’ escritas, mas muitas vezes eu não seguia a ‘cabeça’. Pegava a ideia principal, aí conversava com o Zeca [Camargo]. Eu propus isso para o Zeca, e o Zeca topou”, lembra Patrícia Poeta.

Patrícia Poeta e Zeca Camargo apresentam o 'Fantástico', 2008. — Foto: Márcio de Souza/TV Globo

Patrícia Poeta saiu do programa em dezembro de 2011 para assumir a bancada do ‘Jornal Nacional’, ao lado de William Bonner. Renata Ceribelli, que já apresentava o ‘Fantástico’ ocasionalmente desde 1999, entrou em seu lugar.

"É uma revista eletrônica. Essa revista eletrônica tem que ter o assunto da semana, e sempre alguma novidade desse assunto. [...] A gente tem que conseguir aquilo que ninguém deu. E tem essa expectativa do público”, explica Renata Ceribelli.

Em setembro de 2013, houve mais trocas na apresentação do dominical. Zeca Camargo foi convidado a apresentar o programa diário ‘Video Show’, sendo substituído no ‘Fantástico’ por Tadeu Schmidt, que apresentava o programa, ocasionalmente, desde 2008 – Tadeu era o titular do quadro esportivo desde maio de 2007. Renata Ceribelli, por sua vez, saiu do programa para se tornar repórter especial e exclusiva do dominical na América do Norte. Renata Vasconcellos, então, assumiu o posto no ‘Fantástico’.

Zeca Camargo e Renata Ceribelli deixam 'Fantástico', e Renata Vasconcellos assume programa com Tadeu Schmidt

Zeca Camargo e Renata Ceribelli deixam 'Fantástico', e Renata Vasconcellos assume programa com Tadeu Schmidt

“Foi um processo natural. Eu sempre substituí o Zeca [Camargo] e quando a Patrícia [Poeta] saiu, a Renata [Vasconcellos] assumiu o lugar da Patrícia. [...] Nessa altura, eu já participava de muita coisa do ‘Fantástico’: eu fazia o futebol, o ‘Detetive Virtual’, eu narrava um monte de coisas do ‘Fantástico’, então eu já estava muito presente”, lembra Tadeu Schmidt.

Renata Vasconcellos e Tadeu Schmidt no 'Fantástico'. — Foto: Estevam Avellar/TV Globo

Em novembro de 2014, nova mudança: Poliana Abritta substituiu Renata Vasconcellos, que passou a dividir a bancada do ‘Jornal Nacional’ com Bonner.

Estreia de Poliana Abritta no 'Fantástico', 2014

Estreia de Poliana Abritta no 'Fantástico', 2014

“No início, eu chegava nas reuniões de pauta, e as minhas pautas eram de telejornal, aí eu fui entendendo. O ‘Fantástico’ é outro mundo. Se você pensar que são duas horas e 20 de programa, quantos telejornais a gente tem no ‘Fantástico’? E ainda a coisa toda do entretenimento. Foi muito divertido para mim! A gente faz maluquices! Já andei na asa de um avião virtual, já entrei na novela, já me encolheram para eu ficar num filme do homem formiga. Então, tem uma leveza em tudo isso, de você poder brincar. Ao mesmo tempo, uma hora você está falando de um assunto sério, falando de política, fazendo denúncia, num outro momento virou a página, virou o clima, é outra história", explica Poliana Abritta.

Poliana Abritta e Tadeu Schmidtt comandam o 'Fantástico' do estúdio montado no Parque Olímpico, 2016 — Foto: João Miguel Júnior/Globo

Em 21 novembro de 2021, Tadeu Schmidt deixou o ‘Fantástico’ para assumir, em janeiro do ano seguinte, a apresentação da 22ª edição do ‘Big Brother Brasil’. Com isso, o ‘Fantástico’ passou a ser apresentado por Poliana Abritta e Maju Coutinho, que se despediu da bancada do ‘Jornal Hoje’ em 30 de outubro para integrar o dominical.

“A estreia teve uma reportagem linda, falando um pouquinho da minha trajetória. E eu fiz uma reportagem que mostrou um pouco do que eu posso trazer para o ‘Fantástico’, esse olhar pra essas questões da raça negra. Eu comecei com uma reportagem, uma roda de mulheres, principalmente mulheres negras, sambistas, falando sobre samba. Então, já deu uma intencionalidade no que eu poderia contribuir", lembra Maju.

Maju Coutinho e Poliana Abritta apresentam o Fantástico, 2021. — Foto: João Cotta/TV Globo

Tadeu Schmidt em sua despedida do 'Fantástico', 2021

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Maju ganha homenagem na estreia como apresentadora titular do 'Fantástico', 2021

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