Uma inédita pílula anticoncepcional para homens, chamada YCT-529, entrou em fase 1 de testes esta semana no Reino Unido. Essa etapa de triagem busca garantir a segurança e efetividade da pílula e deve se estender até junho de 2024. Testes pré-clínicos, realizados em ratos e macacos em laboratório, sugerem que a pílula tem 99% de eficácia e é 100% reversível, sem efeitos colaterais.
A droga tem sido desenvolvida nos últimos 20 anos pela doutora Gunda Georg, da Universidade de Minessota. Segundo a farmacêutica YourChoice Therapeutics, fabricante da pílula, ainda não há previsão para sua chegada ao mercado.
Como funciona?
A YCT-529 se difere da pílula anticoncepcional feminina, inventada há mais de 60 anos, pois é uma solução não-hormonal. Ao invés de mexer em hormônios produzidos pelo corpo, o composto libera inibidores que bloqueiam o acesso do sistema reprodutor masculino à vitamina A, essencial na fabricação de espermatozoides.
Ainda é incerto quanto tempo e qual a dosagem da droga. Os testes pré-clínicos apontam que uma diminuição na contagem de espermas de cobaias animais foi observada após duas semanas do tratamento.
Qual a importância da pílula?
Em termos gerais, a prevenção de gravidez indesejada tem mais sucesso com o envolvimento de ambas as partes. Mas as ferramentas disponibilizadas para homens são limitadas: camisinha e a vasectomia. Já mulheres têm acesso, além de preservativos e da laqueadura, também ao DIU e à pílula do dia seguinte (cujo impacto sobre a produção de hormônios tem sido tema de frequente debate).
Um composto de uso oral pode ser um motivador extra para que o homem também participe dos cuidados contraceptivos da parceira.
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A droga pode ainda representar um avanço sobre métodos alternativos de controle da fertilidade. Em 2016, testes de fase 2 de uma injeção contraceptiva financiados pela Organização Mundial de Saúde foram cancelados após pacientes relatarem uma variedade de efeitos colaterais. A droga, que mexia na produção da testosterona, levou participantes a relatarem casos de acne, flutuações emocionais e depressão, segundo paper publicado no Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism.
Outro injetável, o Risug, passou por recentes testes clínicos fase 3, mas ainda não têm previsão para chegar ao mercado.