Carreira & Dinheiro
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Por Thalita Peres (@thalita__peres)

Trabalhar com games vai muito além da paixão. É preciso ter muita dedicação e garra para se dar bem na profissão. Ana Xisdê é um dos principais nomes brasileiros quando o assunto é conteúdo gamer e ajudou a Glamour Brasil a entender melhor as camadas que envolvem o universo dos videogames - além de compartilhar umas diquinhas para você transformar o hobby em trabalho!

Glamour Brasil: Existe alguma idade ideal para começar a se interessar por games ou é a paixão que move?
Ana Xisdê:
A paixão com certeza é o fator mais importante. O mercado de games é novo, porém também muito atrativo, o que significa que ainda é visto como uma carreira mais “alternativa” ao mesmo tempo que atrai uma grande quantidade de pessoas. Se você estiver preparado para entrar de cabeça em um mundo competitivo, porém com grande possibilidade de realização pessoal, não existe idade certa desde que haja aquela paixão que faz a aventura valer a pena. Ame o que faz… A luta tanto para conseguir quanto para se manter nesse meio não será pequena, a paixão faz ela valer a pena.

Ana Xisdê — Foto: Beatriz Pannain e Mateus Aguiar/Divulgação
Ana Xisdê — Foto: Beatriz Pannain e Mateus Aguiar/Divulgação

Quais são as áreas de trabalho dentro do universo de games?
Existem tanto áreas novas como áreas mais tradicionais que agora podem caminhar para o meio gamer. Exemplos de carreiras tradicionais: advogado, empreendedor, organizador de evento, gerente, jornalista, apresentador, agente, psicólogo, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, marketing etc. Exemplo de profissões novas: jogador, treinador, narrador, comentarista, analista, juíz [árbitro], organizador de campeonato, streamer, influenciador, desenvolvedor, moderador de chat, observador em jogo, gerente de talentos etc.

Escolha qual função quer fazer, assim os caminhos serão mais claros… Quer ser jogador? Procure um time, reforce suas habilidades mecânicas, escolha uma função em jogo etc. Quer ser jornalista? Faça uma faculdade de jornalismo, escreva sobre games, faça um blog... Seja visto. Quer ser analista? Faça análises escritas e publique, faça vídeos analisando jogadas. Quer ser observador em jogo? Participe de campeonatos amadores como câmera de jogo e demonstre seu trabalho para a comunidade.

Quais obstáculos que você precisou enfrentar para construir seu nome nos games?
Quando comecei, eu precisei entender por conta própria o que precisava fazer para me preparar para o mercado, através de vídeos e muito estudo, juntando tanto conhecimentos sobre os jogos quanto conhecimentos gerais de momento, dicção, comunicação, tecnologia. Então muito do que fiz foi sem ter uma referência para me basear e saber se estava indo pelo caminho certo. No final, esse foi o maior desafio, no geral me virei bem. Mas quando comecei, por exemplo, eu buscava oportunidades sem ter feito um portfólio para que as pessoas pudessem conhecer meu trabalho, não sabia que isso era necessário e com certeza dificultou as coisas.

Prepare-se e entenda seu diferencial: em um meio tão competitivo estar preparado é crucial e entender o seu diferencial e trabalhar em torno dele te destaca da multidão, aumentando as chances de mais oportunidades aparecerem.

Ana Xisdê — Foto: Beatriz Pannain e Mateus Aguiar/Divulgação
Ana Xisdê — Foto: Beatriz Pannain e Mateus Aguiar/Divulgação

Qual conselho que você dá para as mulheres que querem ingressar na área?
Os conselhos que eu dou hoje para qualquer pessoa que quer se profissionalizar no meio são:
1. Ame o que você faz. Em um meio como esse, a gente acaba trabalhando mais e lidando com coisas diferentes de um trabalho comum e menos competitivo, é difícil imaginar que sem paixão é possível aguentar;
2. Seja visto, esteja preparado e seja presente na comunidade para agarrar as oportunidades quando elas aparecerem e se não aparecerem, faça você mesmo;
3. Entenda que não existem atalhos, tenha paciência, não adianta mandar mensagem para alguém “pedindo oportunidade”. Isso não acontece na realidade.

Seja paciente e entenda seu momento. Ninguém muda de vida do dia para noite e nenhuma oportunidade vai cair no seu colo, mesmo que você mande mensagem para alguém pedindo uma oportunidade. Se destacar nesse meio leva tempo e constância, a ansiedade de chegar lá pode te atrapalhar, entenda seu momento e seja paciente consigo mesmo.

Como é o dia a dia de quem está integrada na profissão?
Acho que depende de qual posição você possui nesse meio. No geral, acredito ser uma mistura entre entender entregas a outras pessoas e conteúdos próprios, administrar vida pessoal e horas de conteúdo necessárias na semana para a plataforma ou empresa de foco. Grande parte desse gerenciamento também é parte do trabalho do próprio profissional. No meu caso, meu dia a dia é bastante cheio entre administrar as oportunidades que chegam e iniciativas próprias. Hoje, por exemplo, dependendo do calendário dos projetos que participo, eu não tenho nenhum dia livre na semana entre gravações, produções, cursos, reuniões etc… Eu falei que é necessário amar o que faz… haha!

Ainda existe preconceito com quem visa trabalhar com videogame?
Sim… O que mudou principalmente é que hoje além do preconceito também existe um estigma. O preconceito de que trabalhar e estar envolvido com games é coisa de criança, demonstra imaturidade e é “coisa de homem” e o estigma de que quem consegue trabalhar com isso é milionário. Todos esses aspectos fazem parte de consequências de movimentações do próprio cenário e, por isso, lidar com eles faz parte também. Considero essas percepções, e até um pouco da realidade dos games, bastante semelhante aos dos esportes tradicionais, onde alguns deles são de difícil entrada, com mais apoio ao cenário masculino, alguns dão muito dinheiro, outros quase nada, mas quem consegue é muito feliz e apaixonado pelo que faz.

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