Alane diz não pagar cartão de crédito desde que se mudou para São Paulo, e que sua dívida deve ter acumulado entre R$ 3 e R$ 4 mil. Giovanna, enquanto isso, confessa já ter tido o carro apreendido por não pagar as parcelas, enquanto Nizam assume estar cheio de dívidas e “precisar do prêmio mais do que tudo”.
Para quem não está acompanhando a edição atual do programa Big Brother Brasil, as informações acima foram encontradas em notícias recentes sobre os participantes daquela conhecida como “a casa mais vigiada do Brasil”.
Em seus vídeos de inscrição ou já dentro da casa, diferentes participantes se abriram sobre seu histórico financeiro, defendendo porque precisavam ganhar o prêmio de aproximadamente R$ 3 milhões – destinado a quem sair vitorioso após meses de confinamento.
Devo, não nego, pago quando puder?
Pode parecer loucura quando colocado dessa forma, abertamente em um site de notícias, ou (pior) em rede nacional. Mas a realidade é que o tema do endividamento vai muito além das redes sociais, afetando inúmeras famílias no Brasil e no mundo.
Para se ter uma ideia, mais de 75% das famílias brasileiras estavam endividadas em dezembro de 2023, de acordo com dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, sendo grande parte delas com dívidas proporcionalmente mais caras, como rotativo do cartão de crédito, cheque especial e empréstimos pessoais.
Vale destacar que qualquer uso do cartão de crédito é considerado endividamento nessa contabilização – uma vez que, de fato, o banco está te emprestando uma quantia a ser paga posteriormente. Assim, o número pode parecer um pouco mais alarmante do que a realidade, dado que o uso consciente e responsável do cartão de crédito não incorre em um hábito financeiro nocivo.
Dito isso, diante do cenário de juros ainda altos no Brasil (com a nossa taxa básica de juros, a Selic, ainda acima de 10% ao ano), o tema segue de grande relevância. Assim, para que comecemos 2024 mirando no azul, seguem três dicas para aqueles que não desejam participar de um reality show em rede nacional; ao menos, não com esse objetivo:
Três dicas para mirar as contas no azul em 2024
1.Pague suas dívidas antes de investir
Poucas pessoas sabem ou mesmo se lembram disso, mas o passo “número zero” dos investimentos é quitar suas dívidas. Isso acontece porque – com exceção de despesas a longo prazo e subsidiadas, como as de financiamento imobiliário – incorrerão sobre a sua dívida juros muito mais altos do que um investimento seguro e confiável que poderá te oferecer no mesmo período.
Em bom português: na grande maioria das vezes, o retorno que você ganhar em um investimento dificilmente compensará o crescimento da sua dívida.
2.Saia do rotativo, do parcelado e do cheque especial
Você sabia que, muitas vezes, você pode optar por uma dívida com juros menores? E quanto mais informações o banco tiver de você, menor tendem a ser os juros? Para se ter uma ideia, os juros que incorrem sobre o rotativo do cartão de crédito representam hoje a modalidade mais cara que temos no Brasil – podendo transformar uma simples dívida em uma pequena fortuna (mesmo com o teto estabelecido recente). O cheque especial – quando sua conta entra no vermelho – não fica para trás, com juros que chegam a 130% ao ano.
A tabela abaixo nos ajuda a ter visibilidade do que aconteceria com uma dívida de R$ 1.000,00 nas diferentes modalidades de crédito existentes hoje no Brasil.
![Só para comparar, hoje a nossa taxa básica de juros está em 11,75%! — Foto: Divulgação/Rachel](https://cdn.statically.io/img/s2-glamour.glbimg.com/pFTVgEJFlqko_mve9J0ykkTFEY8=/0x0:780x247/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_ba3db981e6d14e54bb84be31c923b00c/internal_photos/bs/2024/A/g/Q9vddhRICHAWGxK7mjBw/tabela-coluna-financas.png)
Por isso, se você estiver numa situação como as descritas acima, procure encontrar uma alternativa de dívida com juros mais baixos, como por exemplo um empréstimo pessoal negociado com o banco. E sabe por que isso acontece? Porque, quanto mais informações o banco passa a ter sobre você e sua capacidade de pagamento, menos ele precisa colocar na conta o “preço do seu eventual calote”.
3.Negocie suas dívidas
Negociar as dívidas é uma fase muito importante para o caminho rumo às “contas no azul”, e que muita gente subestima! Você pode utilizar algumas ferramentas que instituições financeiras disponibilizam, como feirões de (re)negociação de dívidas e campanhas de quitação de empréstimos dos bancos. No âmbito de políticas públicas, o programa Desenrola – que foi lançado recentemente – pode também ajudar, a depender do seu perfil.
Mas, não se engane! Diferente do que muitos acreditam, as dívidas não deixam de existir com o tempo no Brasil, ou “caducam” como pontos na carteira de habilitação após um ano. Não caia nessa! Não existe uma “zona de perdão” para dívidas. Se você seguir endividado e inadimplente, seu nome vai ficar registrado no sistema como mal pagador, te prejudicando na hora que precisar de recursos para realizar seus sonhos.
Resumo da ópera: se você quiser entrar para um reality show, vá fundo! Agora, se não quiser... Há outras maneiras de sair do vermelho em 2024 ou outros anos a vir.
![Rachel de Sá — Foto: Divulgação](https://cdn.statically.io/img/s2-glamour.glbimg.com/7WdXgGgSAG_kyo7QCe3MownCkp0=/0x0:1024x683/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_ba3db981e6d14e54bb84be31c923b00c/internal_photos/bs/2022/B/q/9PrpdJREOhs51l8jModA/raquel-de-sa-1389-editar.jpg)