Jornada de beleza
Publicidade

Por Viih Tube*

"Eu já me transformei muitas vezes na minha vida. De cabelo, já fui a ruiva já foi loira, morena. Tive cabelo curto, aliás, todos os tipos de cabelo que já imaginei eu já fiz, mas nunca significaram algo como significou última mudança. Ela veio de uma necessidade de conseguir me olhar no espelho e identificar alguém.

Depois que você vira mãe, parece que você se perde. O sentimento fica muito confuso. Você tem dificuldade de se encontrar nas roupas, no corpo, no cabelo novo. E isso acontece com muitas mulheres. Eu não tinha a dimensão do tanto que as mulheres também sempre sentem a mesma coisa que sinto agora, e que estava sentindo desde que a Lua nasceu. Descobri com os comentários do vídeo me despedindo das minhas fases, que postei recentemente. Foi onde vi as mães comentando.

Sem dúvidas, para mim, as mudanças emocionais foram muito mais difíceis de lidar do que as mudanças do corpo. Eu já estava muito preparada psicologicamente sobre a questão estética, com a forma com que o meu corpo mudaria, desde o início com terapia. Não vou te falar que foi super fácil - para nenhuma mulher é -, mas eu faço terapia desde muito nova, então sempre entendi como um processo, como meu corpo foi um ninho da minha filha por um tempo, e que não dava para eu me pressionar para em um mês perder todos os quilos que ganhei na gestação ou me cobrar pela flacidez da barriga. Isso foi tranquilo para mim, tanto que acho que foi por isso que eu tive uma certa facilidade em expor isso na internet, mas as transformações emocionais foram muito mais difíceis.

Viih Tube — Foto: Instagram
Viih Tube — Foto: Instagram

Quando a Lua nasceu, no meu puerpério, o meu sentimento por ela e com ela foi maravilhoso. Quando ela chegou, foi uma chuva de amor; desde o primeiro minuto algo muito forte. Porém, comigo mesmo, não foi assim. Foi muito difícil de lidar com esse novo momento. Tudo aconteceu muito rápido na minha vida; o casamento, as mudanças pessoais. Tudo foi maravilhoso, mas não deixa de ser novo, e compreender a nova pessoa que eu teria que ser, mais responsável e madura, foi um processo. No puerpério, eu chorava muito e nem entendia o porquê eu estava chorando. Hoje compreendo. Era porque eu não estava me encontrando, não estava sabendo me reconhecer no espelho.

Na gravidez, eu me sentia maravilhosa, linda, perfeita, esbelta. Aquele barrigão, eu amava! Quando pari a minha filha e passou um mês, logo a amamentação e os cuidados ficaram mais tranquilos, aí, sim, me olhei no espelho. Falei: 'Meu Deus, eu estou mais quadrada, a barriga está flácida, o estômago alto. Estou com mais olheiras, porque amamentação deixa a gente mais cansada, a rotina também. Comecei a me assustar. Não estava satisfeita.

Viih Tube e Lua — Foto: Thalita Castanha (@estudio_thalitacastanha)
Viih Tube e Lua — Foto: Thalita Castanha (@estudio_thalitacastanha)

Para ser sincera, não vou mentir para você, até hoje não estou completamente satisfeita. Entretanto, não faço mais processos malucos pensando na estética. Atualmente, entendo que preciso respeitar o meu corpo, porque ele é o meu templo de cuidado e de saúde. Ele me permite levantar, acordar, trabalhar e estar com a minha cabeça no lugar. Consigo ter uma ótima relação com essa autoestima no pós-parto, mas no início foi bem complicado a aceitação de que o meu corpo não nunca mais será o mesmo, nem que eu faça a maior plástica do mundo, e ainda assim também não é o que eu quero neste momento. Se um dia eu quiser fazer alguma plástica de novo, eu vou falar, não tenho problema nenhum, mas está longe do que desejo. E, mesmo se fizesse, isso não traria o meu antigo corpo de volta.

Quando comecei a fazer o tour pelo corpo durante a gravidez, não foi algo que eu racionalizei muito para fazer. Eu só comentei com o Eli: 'Amor, muitas mães devem sentir esse escurecimento da linha na barriga, dos mamilos nos seios; devem sentir o surgimento das estrias... Coisas que eu não sabia que acontecem com o corpo de uma grávida, que eu descobri vivendo na pele'. Disse: 'vou compartilhar na internet para as mães verem também'. No fim, acho que eu esperava mais receber ajuda do que ajudá-las.

Eu esperava mais que elas falassem 'também tô passando por isso' para me aliviar e, no final, fui eu que as aliviei. Foi meio que um pedido de socorro meu, do tipo: 'Me respondam, se isso também está acontecendo com vocês?', porque, para ser muito honesta, eu só tenho a minha mãe de referência de uma grávida, mas ela não teve uma gravidez fácil. Inclusive, me chamo Vitória, porque ela passou uma boa parte da gravidez internada. Eu nem lembro como estava o corpo dela e não tenho muitas amigas que são mães. Na verdade, muitas amigas eu nem tenho mais, porque se afastaram nesse momento. Eu me sentia muito sozinha nesse quesito de amizade, principalmente com mulheres que já viveram a maternidade. Por isso, encontrei um caminho nas redes sociais. Enxergo como querer mostrar para ver a resposta, sabe?

Já o tour do pós-parto, aí sim, eu fiz pensando em ajudar outras mulheres. Já tinha visto a repercussão da gravidez, mas, desta vez, não estava muito segura. Passei por cima disso, no quesito pessoal, por aquelas que me acompanham. Do tipo: 'estou vivendo isso, não estou bem, não estou com vergonha do meu corpo. Sei que você também tá passando isso aí. Eu estou aqui para a gente se ajudar'. Foi mais difícil, mais foi pensando nelas.

Nessa recuperação, comecei a cuidar da minha saúde. Passo com um nutrólogo, que não me indicou nada além do saudável, do habitual. Todo mundo já sabe que é o ideal, que é uma alimentação saudável com exercício físico, independente de qual seja. Se eu pudesse passar alguns hábitos que mudaram muito a minha vida, diria que é acordar cedo, dormir cedo, até porque depois que você virar mamãe, o seu bebê dorme ou você quer dormir também. Bebo muita água, vivo com a garrafa do meu lado. Não fiz nenhuma dieta louca, até porque o carboidrato para a amamentação é muito importante, porque você tem que ter energia e tem que estar saudável para isso.

Já na rotina de beleza, passei a adaptar depois que eu transformei o cabelo. Estou com 300 gramas de megahair na cabeça e, eu falo mesmo, isso aqui é muito pesado! Não sei como as famosas conseguem usar, porque acho muito difícil. Acho pesado na cabeça, mas é lindo. Já com a minha pele, faço skincare todos os dias de manhã e antes de dormir. Como eu falei, também estou treinando, então vou três vezes na semana. Não vou todos os dias, mas é o que eu consigo e está sendo ótimo.

Viih Tube e Lua — Foto: Reprodução/Instagram
Viih Tube e Lua — Foto: Reprodução/Instagram

Após a maternidade, vejo que me tornei uma pessoa muito mais simples, descomplicada e feliz do que antes. Hoje, eu tenho um pinguinho de amor que me move, que me preenche, que me dá gás. Eu me sinto uma pessoa muito mais completa. A minha vida ganhou mais sentido após a maternidade, pelo meu casamento, pelos meus propósitos. Passei a cuidar mais da minha saúde, porque quero estar bem para a minha filha em cada fase que ela estiver. Comecei a dar mais valor para as coisas, momentos pequenos. Um jantar a dois, hoje, é mais especial, porque é mais difícil.

Ah, e também não posso culpar as amigas que eu perdi. Você até tenta manter algumas amizades, mas os assuntos já não batem mais, as ideias não batem mais, os eventos que te chamam para ir... Você só quer dormir, porque não vai desperdiçar uma manhã, uma noite com sua filha. E, como eu tinha amigos da minha fase solteira, até por que eu comecei há namorar pouco tempo e já engravidei, se tornaram mundos completamente diferentes, claro que tem muitos amigos, inclusive da internet, que eu posso listar aqui, que são meus amigos até hoje e que eu não perdi. Mas também posso dizer uma grande lista que sumiu.

Nesse aspecto, a rede de apoio é uma das coisas mais importantes para uma mãe. Fico pensando nas mães que não têm uma rede de apoio e que ainda passam por esse sentimento confuso que eu citei na minha transformação. Eu tenho uma super rede de apoio. Pai não é rede de apoio, pai é pai. Mas a minha mãe é uma rede de apoio, a babá, a minha tia; pessoas que, se eu precisar, ficam com a Lua. Elas vão me dar um amparo, nem que seja por duas horinhas, para ficar com a neném. Também digo que é muito importante a mãe conseguir pedir ajuda. Quando o bebê nasce, a mãe quer fazer tudo; ela acha que o parâmetro de 'melhor mãe' é fazer tudo sozinha e não é. Você será a melhor mãe, se você estiver bem para o seu filho. Se você não estiver assim, o seu bebê vai sentir. É muito que importante pedir apoio para quem quer que seja.

E, por fim, é importante que você cuide de você. Entendo as mães que se esquecem no começo, porque me esqueci por dois meses. O meu cabelo estava com uma raiz enorme de tanto tempo que eu nem me cuidava. Até postei um vídeo dizendo que tinha lembrado que eu existia, porque tinha esquecido de mim. Sei como as mães se sentem, entendo as que se esquecem também. Não julgo nem me culpo, porque sou igual."

*Em depoimento à jornalista Isabella Marinelli.

Mais recente Próxima Gabriela Loran: "Foi no teatro que eu me desabrochei enquanto mulher"
Mais de Glamour