Curiosidades

Por Marcelo Monegato

Gosto não se discute, todo mundo está cansado de ouvir isso. No entanto, alguns carros são reconhecidamente desprovidos de um design arrebatador. Eles não têm, definitivamente, o dom de conquistar o consumidor logo na primeira troca de olhares, mas reúnem características extremamente racionais que convencem o comprador a levá-lo para casa. De olho nesses personagens, montamos uma lista com cinco modelos que não são bonitos (vamos dizer assim), mas possuem alguns atributos bem interessantes.

Seu talento, definitivamente, não está nas curvas da carroceria. Especialmente o modelo que estreou no mercado brasileiro, que ostentava uma dianteira que não caiu no gosto da galera por conta dos faróis e da grade que remetiam ao Agile.

Chevrolet Cobalt tinha no espaço interno uma de suas principais qualidades — Foto: Auto Esporte
Chevrolet Cobalt tinha no espaço interno uma de suas principais qualidades — Foto: Auto Esporte

No entanto, sua principal característica estava no espaço interno. O Cobalt era um “latifúndio” sobre rodas. Não por acaso era um dos preferidos dos taxistas. Ele tinha 4,48 metros de comprimento, sendo 2,62 metros de distância entre os eixos e 1,73 metro de largura. Sem falar no porta-malas com capacidade para 563 litros.

Apenas como forma de comparação, o Onix Plus, sedã que tem seu charme e é responsável direto pela aposentadoria do Cobalt, é 1 centímetro menor, tem 2 centímetros a menos de entre-eixos e o porta-malas tem 469 litros. É bom, mas não igual do Cobalt.

Porta-malas do Cobalt tem capacidade para 563 litros — Foto: Auto Esporte
Porta-malas do Cobalt tem capacidade para 563 litros — Foto: Auto Esporte

Atualmente é possível encontrar Cobalt 2012 com a “frente de Agile” e com mais de 100 mil km rodados na casa dos R$ 30 mil. Também há opções ano/modelo 2019/2020 com a dianteira melhor resolvida e quilometragem mais baixa por mais de R$ 80 mil.

O Nissan Versa V-Drive nos deixou junto com os mais de 30 carros que se despediram do Brasil em 2021. O Versa com visual antigo acabou sendo substituído pelo novo Versa, um carro que é melhor em tudo e também é bonito.

Assim como o Cobalt, o Nissan Versa agradava o comprado pelo bom espaço interno — Foto: Auto Esporte
Assim como o Cobalt, o Nissan Versa agradava o comprado pelo bom espaço interno — Foto: Auto Esporte

Mas o Versas V-Drive tinha na racionalidade sua arma para conquistar os consumidores. Além de um conjunto mecânico econômico – especialmente o motor 1.6 16V flex de quatro cilindros, oferecido com transmissão manual ou automática do tipo CVT –, o modelo da Nissan era, assim como o Cobalt, espaçoso.

O sedã tem 4,49 metros de comprimento e 2,60 metros de entre-eixos. O porta-malas leva 460 litros. Seu único pênalti era a largura (1,69 metro) da cabine, que não permitia levar três pessoas no banco traseiro com total conforto.

Nissan Versa com esse visual se aposentou em 2021 — Foto: Divulgação
Nissan Versa com esse visual se aposentou em 2021 — Foto: Divulgação

Quem está em busca de um Versa 2011/2012 (estamos falando das unidades com o visual antigo), pode encontrar unidades bem rodadas por cerca de R$ 30 mil. Já modelos mais novos e com baixa quilometragem estão anunciados por mais de R$ 80 mil.

O Etios é outro carro que passava despercebido nas ruas. Não era comum (e continua não sendo) alguém “torcer o pescoço” ao ver um passar e dizer: “belo carro!” Ainda mais se fosse o Etios Cross.

Toyota Etios X 1.3 chegou a ser o carro automático (de verdade) mais barato do Brasil — Foto: Auto Esporte
Toyota Etios X 1.3 chegou a ser o carro automático (de verdade) mais barato do Brasil — Foto: Auto Esporte

No entanto, uma versão específica do compacto da Toyota sempre chamou a atenção por ter sido, durante um tempo o automático (de verdade) mais barato do Brasil. Estamos falando do Etios X 1.3 Automático.

Na época que chegou, em 2017, ele custava R$ 50.990 e era em média R$ 5.000 mais em conta que seus rivais diretos Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e Nissan March. E apesar de ter um motor 1.3 16V flex de apenas 98 cv de potência e 13,1 mkgf de torque acoplado a uma transmissão automática de quatro marchas, era um carro muito bem acertado para encarar o cotidiano.

A Toyota fez um excelente trabalho no casamento do câmbio automático de quatro marchas com o motor 1.3 — Foto: Auto Esporte
A Toyota fez um excelente trabalho no casamento do câmbio automático de quatro marchas com o motor 1.3 — Foto: Auto Esporte

É possível achar algumas unidades de Etios X 1.3 automático 2017 com preços a partir de R$ 50 mil. Já os exemplares mais novos e menos rodados custam, em média, R$ 65 mil.

Outro que “pendurou as chuteiras” recentemente foi o Fiat Doblò. Seu estilo quadradão nunca encantou os olhares, mas ninguém pode negar a sua praticidade no dia a dia, especialmente para quem transporta uma galera ou precisa de espaço extra para (muita) bagagem.

Fiat Doblò tinha a porta lateral corrediça, agregando muita praticidade ao modelo — Foto: Divulgação
Fiat Doblò tinha a porta lateral corrediça, agregando muita praticidade ao modelo — Foto: Divulgação

Desde que chegou ao Brasil, em 2002, a Doblò teve diversos conjuntos mecânicos e passou por atualizações pontuais no visual, mas nunca deixou de ter o mesmo jeitão, preservando sua racionalidade exacerbada.

O Doblò tinha 4,16 metros de comprimento apenas (não era grande), e somente 2,56 metros de distância entre os eixos. No entanto, sua excelente altura de 1,83 metro permitia transportar grandes objetos. Já seu porta-malas tinha capacidade para 750 litros.

Doblò teve configurações para cinco, seis e até sete (foto) ocupantes — Foto: Divulgação
Doblò teve configurações para cinco, seis e até sete (foto) ocupantes — Foto: Divulgação

Portas traseiras corrediças e porta do bagageiro bipartida tipo Fiorino completavam a praticidade do Fiat, que chegou a ter configurações para cinco, seis e sete ocupantes.

Apesar de ter existido também uma versão Cargo focada no transporte de cargas, muitos exemplares da configuração de passageiros foram utilizadas para o trabalho. Então, no mercado de usados é possível encontrar Doblò com mais de 200 mil km por cerca de R$ 30 mil. Já as unidades com baixa quilometragem podem custar mais de R$ 100 mil.

Fechando a nossa lista não poderíamos deixar de lembrar da Chevrolet Spin. Sim, a última atualização da minivan, promovida em 2018, a deixou com um visual bem melhor. No entanto, logo que foi lançada, em 2013, ela não arrancou elogios pela sua beleza, mas até hoje tem seus atributos racionais reconhecidos pelo mercado - os motoristas particulares e taxistas podem confirmar.

Chevrolet Spin ainda é comercializada em versões para cinco ou sete pessoas — Foto: Auto Esporte
Chevrolet Spin ainda é comercializada em versões para cinco ou sete pessoas — Foto: Auto Esporte

O foco das críticas era a dianteira. A grade frontal parecida com a do Cobalt e os faróis grandes não arrancavam suspiros. Fato é, no entanto, que seu espaço interno e especialmente sua opção para até sete ocupantes chamava a atenção das famílias com mais de três filhos sem condições de investir uma grana pesada em um SUV de sete lugares. E chama até hoje!

Substituta da Zafira (essa sim com muitos fãs até hoje), a Spin tem 4,36 metros de comprimento, 2,62 metros de distância entre os eixos e um porta-malas com capacidade para 553 litros na configuração para cinco pessoas e apenas 162 na opção para sete ocupantes.

Convenhamos: depois do facelift, a Spin ficou com um design melhor resolvido — Foto: Divulgação
Convenhamos: depois do facelift, a Spin ficou com um design melhor resolvido — Foto: Divulgação

Ainda produzida e com números de vendas que parecem agradar a Chevrolet - em 2021, o modelo emplacou 13.005 unidades, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) -, a Spin parte de R$ 95.070 e pode chegar a R$ 125.960.

No mundo dos usados e seminovos, ela pode ser encontrada com preços a partir de R$ 40 mil. No entanto, atenção: assim como o Doblò, muitas Spin foram utilizadas para o trabalho. Por isso, várias passam dos 200 mil quilômetros rodados.

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