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Quando nasce um filho, nasce uma mãe. Dos inúmeros clichês que envolvem a maternidade, esse talvez seja o mais apurado. Nascer, como bem precisa o verbo, é um começo, no qual tudo é aprendizado. “Para mim, foi como cair de um penhasco”, compara Meghan Doyle, fundadora da clínica perinatal Partum Health, localizada em Chicago, nos Estados Unidos. Se a metáfora pode parecer excessiva para alguns, a saúde materna (mental e física) é um tema que ganha mais e mais atenção – um estudo recente da Fundação Oswaldo Cruz mostra que cerca de 25% das mães de recém-nascidos no Brasil desenvolvem depressão pós-parto. Se, durante o período pré-natal, a futura mãe conta com uma série de consultas e uma atenção especial focada em sua saúde e bem-estar e na do bebê, após o parto, quando ela entra no território desconhecido que é a parentalidade, a realidade é outra.

Para continuar acompanhando as neomães e propor um cuidado além do check-up pós-parto padrão de seis semanas com o obstetra, uma nova leva de serviços, como retiros, hotéis e plataformas está surgindo com o objetivo de oferecer apoio à saúde física e emocional das mulheres neste momento tão particular e desafiador que é o início da maternidade.

Em alguns países da Ásia, como Coreia do Sul e China, boa parte das mães sai direto do hospital com seus bebês para clínicas dedicadas ao pós-parto. Na Coreia do Sul, cerca de 80% ficam nessas instalações conhecidas como “sanhu joriwon” – a maioria privada, mas cerca de 20 delas, espalhadas pelo país, são administradas por governos locais. Híbrido de hotel e clínica, elas possuem serviços 24 horas, como uma profissional que pode tomar conta do bebê (inclusive durante a noite) para que a mãe possa descansar, seis refeições por dia pensadas para estimular a lactação e a recuperação física, massagens, coaches de amamentação, aulas de primeiros socorros e áreas de convivência para as mães interagirem.

Boram Postnatal Retreat em Nova York — Foto: Divulgação
Boram Postnatal Retreat em Nova York — Foto: Divulgação

“Quando iniciamos o Partum, procuramos inspiração em todo o mundo e encontramos muitos exemplos de excelentes experiências, mas nenhuma delas era um modelo perfeito do início ao fim”, afirma Meghan Doyle, cuja clínica oferece uma série de serviços, do apoio à lactação e à saúde mental, passando por fisioterapia, fortalecimento do assoalho pélvico, programa de nutrição, doulas, acupuntura, babás para a noite… Tudo foi inspirado pelas experiências pessoais de Meghan e de seu sócio Matt Rogers, pai de gêmeos, ambos profissionais de saúde. “Nos deparamos com altos e baixos enquanto navegávamos pela fertilidade, gravidez e paternidade. É difícil mesmo quando tudo corre bem. E a realidade é que a maioria das famílias encontra uma ou mais complicações no caminho para a parentalidade. Para mim, essas complicações foram bastante rotineiras, e incrivelmente difíceis. Dificuldade para amamentar e fazer meu bebê ganhar peso, a sensibilidade dele ao leite, que exigiu mudar a minha dieta e experimentar fórmulas especiais, dificuldade de voltar a uma rotina esportiva… Lembro de momentos de pânico, pesquisando no Google ‘como saber se você está sangrando muito no pós-parto’ e um medo constante de que meu bebê pudesse parar de respirar”, recorda ela.

O modelo deu certo: Partum Health acaba de ganhar uma nova unidade em Houston, no Texas. Nos Estados Unidos, onde não existe uma lei federal que garanta licença-maternidade ou paternidade remunerada (alguns estados aprovaram recentemente suas próprias leis), a categoria de post-partum care vive um boom: sobretudo com alternativas luxuosas cujas diárias ultrapassam os US$ 1.000, como o Boram Postnatal Retreat em Nova York, The Village Postnatal Retreat Center em São Francisco, Fourth Trimester Postnatal Retreat em Washington e Ahma & Co em Los Angeles, que já contava com uma lista de espera antes da abertura em março.

Boram Postnatal Retreat em Nova York — Foto: Divulgação
Boram Postnatal Retreat em Nova York — Foto: Divulgação

Na França, onde moro há 11 anos e tive meus dois filhos, o sistema público propõe um acompanhamento pós-parto: uma visita da sage-femme (doula), que acompanhou o meu pré-natal, as 24 horas após o retorno para casa, além de dez sessões gratuitas de reeducação perineal. Assim que voltei da maternidade após o nascimento do meu primeiro filho, fui surpreendida por uma ligação da coordenadora de uma PMI (serviço de proteção maternoinfantil) perguntando se tudo estava bem, como estava me sentindo e propondo o acolhimento dessas estruturas, presentes em todos os bairros e dedicadas a priori à saúde e ao bem-estar do bebê, mas que acabam se tornando um porto seguro para as novas mães, que podem parar por ali para trocar o bebê, participar de um ateliê de massagem ou musical, e acabam encontrando outras mães, trocando informações e experiências – conheço algumas mulheres expatriadas que fizeram grandes amizades em uma PMI.

Em Paris, aliás, diversos estabelecimentos que aliam café para mães a espaço de brincadeiras ou ateliês para bebês/crianças estão florescendo, forjando conexões e criando pequenas comunidades. E a moda dos retiros de maternidade também começa a se desenvolver à la française: Clara Nizri e Morgane Macé criaram em 2023 o Le Dixième Mois, que promove encontros em diferentes regiões da França, da Provence à Evians les Bains (na fronteira com a Suíça). “São três dias para descansar, relaxar e aproveitar. Toda a estrutura é pensada para que as mães não precisem se preocupar, e todas as atividades e ateliês podem ser feitos em duo com os bebês. Mas, às vezes, acontece de uma mãe confiar seu bebê a uma colega no tempo de uma massagem. Isso é o mais incrível, acabamos criando uma comunidade muito unida”, contam as sócias, que recentemente criaram retiros abertos para toda a família. “Percebemos que havia uma demanda, pois algumas mães não querem se separar nem de seus bebês, do seu cônjuge ou do outro progenitor, ou dos seus outros filhos, mesmo que por poucos dias”, relatam elas.

Ahma & Co em Los Angeles — Foto: Divulgação
Ahma & Co em Los Angeles — Foto: Divulgação

Na China e na Coreia do Sul, algumas mães que escolhem os retiros pós-parto chegam a ficar semanas separadas do cônjuge, o que também acarreta em um afastamento do mesmo do bebê. “É uma questão social e também de quando o outro progenitor precisa retomar o trabalho”, avalia Eleonora Fonseca, ginecologista e obstetra, confessando que seu sonho, há 15 anos, era ter investido em uma estrutura de pós-parto para atender às neomães – “Não necessariamente luxuoso, mas um espaço de atenção que oferecesse o amparo necessário e a troca entre as mães.” Hoje em dia, ela milita para que esse cuidado se torne política pública. “No passado, contávamos com uma rede de apoio familiar, de amigos, vizinhos que davam todo esse suporte. Hoje em dia, a vida moderna dificulta essa dinâmica e as mulheres se sentem desamparadas”, acredita a especialista – o famoso “é preciso uma aldeia”, para citar outro provérbio.

Segundo a médica, se o puerpério físico tem duração de 40 dias, o emocional pode durar até três anos. “É importante, porém, não demonizar e ressaltar que existem também experiências positivas”, emenda ela. Lembro que, na minha segunda gravidez, durante uma aula de respiração de preparação para o parto com outras futuras mães (na França, o sistema de saúde oferece sete aulas de preparação, que vão da clássica respiração à hipnose ou ioga), a doula sugeriu que eu dividisse a experiência do meu primeiro parto. Quando contei que havia sido um momento mágico e relativamente simples (trabalho longo, mas o parto em si, cinco minutos), que eu não precisei de indução ou de episiotomia, que meu períneo ficou intacto e que eu me sentia cheia de energia nas semanas que se seguiram, elas me olhavam espantadas, como se aquilo não fosse possível.

No Brasil, alternativas dedicadas ao cuidado pós-parto não devem demorar a aparecer. Por enquanto, conta-se com a relação privilegiada de proximidade com os médicos, algo raro em outros países, e com o suporte familiar. “As mulheres sempre foram persistentes em sua luta por melhores cuidados. Estamos apenas no início”, acredita Meghan Doyle.

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