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Desde que comecei a ter uma visão mais holística da vida, me considero uma mulher que vai de encontro ao curso natural das coisas. Imaginava que, aos 30 anos, já estaria casada – o que conquistei –, mas não pensava que estaria divorciada. Também achei que já teria filhos – pelo menos dois – e um emprego de meio período, nem tão extraordinário nem tão desinteressante, apenas para sentir que estou contribuindo com a sociedade e suficiente para que meu marido não se sentisse ameaçado. Eu me imaginava como uma mãe exemplar e uma bela dona de casa, com tempo para ir à academia, ao salão de beleza e para comprar joias com o cartão de crédito do meu marido. Esperaria ele chegar do trabalho, colocaria o jantar, lavaria a louça e depois ajudaria as crianças com o dever de casa.

Era assim que eu via meu futuro quando era bem novinha. Eu não conhecia outro caminho, e acreditava veementemente que era isso o que eu queria. Tanto que só fui descobrir o que eu realmente gostava de fazer mais velha. Ainda bem, prestes a deixar isso acontecer, a vida me chacoalhou com tanta força que me botou no chão, e eu percebi que desempenhar esse papel não me faria sentir mais mulher. Ainda estou descobrindo o que é ser mulher, mas algo mudou quando entendi que ainda tinha muitas coisas para conquistar para além daquela vida perfeita do comercial de margarina – que não existe nem nunca existiu.

Quando congelei meus óvulos, aos 30 anos, decidi parar o tempo e ir contra o ritmo preestabelecido da minha vida, que me dizia que eu deveria ser mãe naquele momento. Ser mãe está dentro de mim, já passei por muitas sessões de análise em que eu tentava mentir para mim mesma e para a minha analista, dizendo que talvez eu não quisesse tanto assim. Acontece que nosso corpo tem uma cronologia própria. Por mais que eu ainda não estivesse emocionalmente e psicologicamente pronta, eu sabia que, se quisesse a certeza de sentir o amor que só de escrever este texto eu sinto, teria que apelar para a ciência e tomar uma atitude a respeito.

Não foi bom, não foi prazeroso, não foi como eu achei que seria. Eu me senti sozinha, desprotegida e confusa. Tomar todas aquelas injeções na barriga e no braço não foi um processo agradável. Foi difícil descobrir que meus óvulos não tiveram crescimento apropriado porque eu não tomei a dose máxima de hormônios com medo de ficar inchada, feia e com os sentimentos à flor da pele.

Ao todo, o procedimento levou três semanas e, no dia da coleta, eu senti muita dor na região dos ovários por causa do tamanho dos óvulos, e não tive sucesso absoluto. Lembro de conversar com a médica, que foi muito companheira, e estimamos coletar de 13 a 16 óvulos. Eu estava otimista. Coletei seis, e isso me fez sentir menos mulher, pensei o que poderia ter feito de tão errado para fracassar mais uma vez. Hoje, eu reconheço que seis pode não ser um número excelente, mas é significativo, especialmente quando existem muitos casos em que a coleta é zerada.

Acabei de fazer 33 anos e sigo sem nenhuma perspectiva de quando vou ser mãe. Sou recém-divorciada e estou sem pressa, mas também sem tempo para perder com encontrar um amor que também queira ser o pai dos meus filhos. Não escolhemos muitas coisas na vida – controle é algo que me falta –, mas essa questão é tão preciosa que eu quero deixar o máximo possível nas minhas mãos. Com o congelamento dos óvulos, conquistei mais tempo e calma.

Não precisa ser um método frio e prático, apesar de ter sido frio e prático para mim. O que me fez sorrir e continuar o tratamento foi pensar que eu estava fazendo tudo ao meu alcance para não abrir mão de um dos grandes sonhos da minha vida, o de ser mãe. Se eu puder dar um conselho, do fundo do meu coração, é: se puder, congele. O congelamento não é só para quem tem certeza de que quer ter filhos, mas também para quem ainda não sabe. Não é um procedimento barato, não é acessível à maioria, e tenho plena noção do meu privilégio, mas é o lugar que eu ocupo e não posso fingir que não. Durmo mais tranquila à noite sabendo que minhas sementes estão guardadas para, quem sabe, garantir minha permanência no mundo.

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