Ticiane Pinheiro reflete sobre moda e maturidade: "Quero dar um festão quando fizer 50 anos"

Aliás, tradição e moda são algo que carrega consigo desde pequena e que pretende eternizar com suas filhas, Rafaella e Manuella. "Herdei da minha mãe várias coisas dos anos 70 e as usei bastante. Teve uma época em que eu gostava muito de pérolas e peguei um brinco dela para mim também", conta à Vogue. "Quanto às minhas coisas, tudo vai ficar para as minhas filhas, pelo menos as joias".

A família é parte central da vida da apresentadora. Quando surge algum trabalho no fim de semana, Ticiane faz o possível para reagendá-lo, garantindo, assim, mais tempo com as meninas e o marido, César Tralli, aos sábados e domingos.

Ela, inclusive, reserva toda semana algumas horas para estar a sós com o jornalista – os dois celebraram dez anos de união em fevereiro deste ano. "Quando a gente consegue sair só nós dois, ou viajar só nós dois, resgatamos muito o começo do nosso namoro, o amor que a gente sentiu lá no comecinho, e que, às vezes, se perde na relação", explica.

Nesta entrevista, estampada por ensaio feito no Museu do Ipiranga, em São Paulo, ela fala ainda sobre a proximidade dos 50 anos, que pretende celebrar, e conta que não abre mão de usar peças de brechó. Leia a seguir:

Vogue: Qual a diferença entre ser mãe de uma adolescente e de uma criança?
Ticiane Pinheiro: A Rafa está entrando na adolescência. Ela está numa fase em que não é nem criança, nem adulta. Então, quando quero comprar uma roupa para ela, ela fala, “ah, mãe, isso é cafona. Ah, mãe, isso eu não uso. Ah, isso eu não gosto.” Então, assim, é muito difícil eu conseguir entender a moda da Rafa, sabe? É muito difícil comprar roupa para ela sem ela estar junto. Ela é quem tem que escolher, é uma fase bem difícil. Já a Manu é muito fácil. Hoje quem escolhe sou eu, mas mais para frente ela vai poder escolher. Tudo tem a sua hora. Enquanto eu puder, eu prefiro. Por isso, é mais fácil de lidar.

V: Recentemente, você completou 10 anos de relacionamento com o César Tralli. Qual é o segredo para a durabilidade do seu casamento?
TP: Acho que um relacionamento dá certo quando você tem o espaço para ter o seu momento a dois. Por mais que eu tenha duas filhas e a gente tenha um relacionamento de muito tempo, a gente sempre tira um dia da semana para jantar fora, conversar. Se eu não gosto de alguma coisa, ou se ele não gosta de alguma coisa, a gente já fala. É muito importante, senão você fica guardando, guardando e depois estoura, e isso não é legal. No final de semana, eu priorizo a família. Muitas vezes eu tenho trabalho, mas tento mudar para poder curtir mesmo a família. Acho importante ter um elo e trazer o marido para ser o melhor amigo mesmo, para estar sempre junto, quando estivermos juntos, pensarmos nos dois, sabe? Quando a gente consegue sair só nós dois, ou viajar só nós dois, que também acho muito importante, conseguimos resgatar muito o começo do nosso namoro, o amor que a gente sentiu lá no comecinho, e que, às vezes, se perde na relação.

V: O que, além do amor, você acha que ajuda a manter a sua relação feliz?
TP: Eu acho que é nunca deixar o romantismo morrer. É você fazer uma surpresa para a pessoa que você ama, não em dias especiais apenas. Marcar uma viagem juntos, até com a família ou mesmo só vocês dois. Eu acho que é isso. Se manter feliz, alegre e grata por ter uma pessoa ao seu lado que te compreende, que gosta de você e que está com você em todos os momentos. É você ter gratidão. Acho que isso também ajuda muito a você manter a relação. Ser feliz, não ficar trazendo só problema do dia a dia ou problema da casa para a relação.

V: Ao longo de sua vida, você sentiu pressão estética por ser filha da mulher que é símbolo da beleza brasileira?
TP: Quando eu era criança, o pessoal falava, "você vai ser a garota de Ipanema dos anos 2000". E eu falava, "não, não quero ser, porque meu sonho é ser atriz". Eu não queria ser modelo. As pessoas falavam muito sobre isso. Mas eu nunca senti essa pressão. Desde que eu era criança, o pessoal falava que eu era a cara da minha mãe. Eu sempre achei minha mãe maravilhosa, então, para mim era sempre um elogio. Nunca senti esse peso, essa pressão sobre mim. Minha mãe foi sempre uma alegria e uma inspiração para mim.

V: Como você lida com a idade? É uma questão para você?
TP: Eu me acho muito mais jovem do que eu sou. Sou muito, muito menina. Eu sou muito extrovertida, gosto muito de festa, de música, gosto de trabalhar, de dançar, enfim. Não sinto tanto esse peso da idade, do número. Talvez mais para frente eu sinta. Estou com 47 anos e nunca me preocupei muito com isso, não. Eu vivo um dia de cada vez, não tenho esse medo. Todo ano eu faço festa, e eu quero dar um festão quando fizer 50 anos. Gosto muito de viver.

V: Recentemente, você estrelou um ensaio fotográfico para a nova campanha de inverno da Flor de Lis, que traz peças atemporais e clássicas. Mas como você definiria seu estilo hoje?
TP: Sou muito eclética, virginiana, então depende muito do meu estado de espírito. Tem dias em que eu quero estar mais moderna, outros mais patricinha. Depende também do lugar em que eu vou e da personalidade com a qual eu acordei naquele dia. Tenho várias pessoas dentro de mim, então, acredito que não tenha um estilo formado.

V: O que você leva em consideração quando vai comprar uma roupa?
TP: Procuro hoje em dia comprar roupas que sejam confortáveis. Gosto mais de peças atemporais. Até compro alguma coisa que esteja realmente na moda – sabendo que é modismo – mas uma peça só. De resto, prezo muito pelo conforto e pela durabilidade.

V: Quais peças do seu armário são suas favoritas?
TP: Gosto muito de calça jeans, camiseta e blazer. Calça jeans e camiseta é como eu me visto todo dia, e o blazer dá mais uma sofisticação, né? Se você vai em algum lugar mais arrumadinho, você joga um blazer e está pronta.

V: Você possui algum item de second hand (segunda mão) ou vintage?
TP: Eu tenho uma bolsa maravilhosa second hand que todo mundo elogia. E eu tenho também um blazer que amo. A minha irmã também. Ela tem uma lojinha com itens usados por nossa família e ela acaba vendendo. Desde pequena a gente sempre gostou de brechó, de lojinhas. Tem umas coisas vintages que sempre vêm com uma história para contar e trazem uma beleza do passado.

V: Você herdou alguma joia ou peça de sua mãe? Pensa em deixar algum item seu para as suas filhas?
TP: Herdei da minha mãe várias coisas dos anos 70 e as usei bastante. Teve uma época em que eu gostava muito de pérolas e peguei um brinco dela para mim também. Ele é bem vintage. Quanto às minhas coisas, tudo vai ficar para as minhas filhas, pelo menos as joias.