Moda

Por Luxas Assunção


Moda — Foto: Launchmetrics Spotlight
Moda — Foto: Launchmetrics Spotlight

Barbiecore. Brazilcore. Gorpcore. Fetishcore. Balletcore. No último ano, o ‘core’ foi o denominador comum das tendências que fizeram a cabeça dos fashionistas, isso quando não vinha acompanhado do termo ‘aesthetic’. Até a onda da estética brasileira recebeu o sufixo para-gringo-ver. 2022 foi o ano das microtendências, e essa velocidade em excesso gerou tendências que rapidamente atingiram seu auge. Tão rápido quanto, caíram no esquecimento - o que é chamado de fad, no universo do coolhunting.

Na moda, vivemos um momento em que não vemos mais duas ou três grandes macrotendências que definem o vestuário pelas próximas estações de forma tão bem definida. É um momento de muitas coisas acontecendo, com uma multiplicidade de #trends e #cores, das quais as grandes grifes escolhem suas apostas em cada temporada. Algumas vingam, outras não.

Paris Hilton desfila na Versace de look Barbiecore — Foto: Launchmetrics Spotlight
Paris Hilton desfila na Versace de look Barbiecore — Foto: Launchmetrics Spotlight

Parte disso se deve ao TikTok. Mas para não apontar um único culpado, isto é reflexo de uma mudança comportamental da moda e da sociedade que é muito refletida pelo TikTok e pela pluralidade das redes sociais. Hoje, temos acesso a uma gama enorme de informações, produtos e estéticas e os algoritmos, cada vez mais espertos, determinam o que vemos nas nossas bolhas. São eles também que nos dão acesso a outras bolhas culturais e organizam as redes em pequenos grupos - que podem ser interpretados como subculturas. A rede social dos vídeos, por exemplo, é terreno fértil para isso, e quando uma dessas subculturas fura a sua própria bolha algorítmica e cai no mainstream, começamos a ver o surgimento dos diversos ‘cores’, ou microtrends, que vimos no último ano.

Uma pluralidade de pessoas e de públicos consumidores gera também uma enorme gama de tendências, que ficam convencionados como os ‘#cores’, a cada novidade que surge. E, muitas vezes, os estilos dessas subculturas e grupos sociais são interpretados pelo público geral como tendências que devem ser adotadas e deixadas de lado pela moda em curtos espaços de tempo. Por vezes, basta um único post viral para uma estética ganhar o apelido de tendência e receber um ‘core’ ao final de seu nome sem sequer, de fato, ter os aspectos necessários para ser considerado uma tendência.

Mas todo comportamento de mídia social é, em sua essência, um reflexo de um comportamento humano. Com um planeta com mais de 8 bilhões de habitantes, pensar que uma dúzia de grandes grifes europeias podem definir três ou quatro macrotendências para uma temporada é inconcebível. O ‘Trickle Down’ cada vez mais perde lugar para o ‘Bubble Up’, com a inversão da pirâmide de tendências da moda. Ou seja, a elite erudita da moda deixa de ditar suas tendências para o grande público e seu trabalho passa a ser encontrar qual subgrupo ou micro tendência se encaixa melhor ao seu nicho de mercado, seu legado e estética. O perigo, nesse caso, é criar coleções que são um grande pot-pourri de tendências e não fazem sentido na herança estética de uma casa centenária.

Se adicionamos à equação a sustentabilidade, tudo isso se torna ainda mais complicado. Para além dos malefícios de ciclos super rápidos de tendências, que tem como consequência o consumo exacerbado e uma sensação de descartabilidade das roupas, também temos hoje o ultra-fast-fashion. Marcas como a Shein adicionam mais de 1000 estilos novos a seu site por dia, baseados em dados de pesquisas e, claro, com grande foco nas tendências do momento. A grande questão é que, enquanto a tendência do momento pode durar 1, 2, ou até 6 meses no foco do público, essas roupas vão demorar até centenas de anos para se decompor se descartadas no ambiente ou em aterros - o que é ainda mais complicado quando falamos de tecidos sintéticos. A duração das roupas na Terra não é tão fugaz como os nossos desejos pelas trends do momento.

Look Mermaidcore da Blumarine — Foto: Launchmetrics Spotlight
Look Mermaidcore da Blumarine — Foto: Launchmetrics Spotlight

Nesse sentido, como diferenciar as tendências que valem a pena adotar daquelas que são nada mais que rápidos virais?

Miu Miu — Foto: Imaxtree
Miu Miu — Foto: Imaxtree

Não há nada de errado com a pluralidade de microtendências e estéticas que temos à nossa disposição para adotar como quisermos. Pelo contrário, essa diversidade é extremamente positiva para a identidade e auto expressão no estilo. Mas o #core pode ter ido longe demais. Chegamos em um ponto em que o ciclo de tendências está implodindo em si mesmo, devido ao excesso de microtendências, subculturas e grupos estéticos disponíveis a um toque de distância no celular. Interpretar qualquer momento viral como uma tendência da moda ou todo um movimento estético, sem uma análise profunda, pode gerar essa confusão e um excesso de tendências que somem rápido demais para se navegar.

A resposta? Valorizar a identidade e individualidade. Mais cedo no último ano, em uma entrevista por chamada de vídeo, Tommy Hilfiger me disse: “O novo espírito da moda é sobre individualismo. As pessoas querem ter sua própria personalidade individual através do que vestem, do que fazem e de onde vão. E há muitas coisas disponíveis, existe um mix de universos da moda que está acontecendo agora e não existem regras! Então as pessoas podem fazer o que quiserem, se vestir como quiserem, ser seus próprios stylists.” E isso não poderia fazer mais sentido nos dias de hoje. Com tanta disponibilidade de estéticas para adotarmos, esse é o momento mais propício de desenvolver seu estilo próprio e interpretar quais daquelas inúmeras possibilidades realmente fazem sentido com sua identidade e auto expressão.

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