Conversamos com Elisabeth Moss sobre "O Véu", nova série de espionagem

VOGUE: O que chamou sua atenção no roteiro que fez você dizer sim para interpretar Imogen?

ELISABETH MOSS: Eu sempre quis fazer algo no contexto de espionagem, é muito divertido! Estava animada por ter essa oportunidade e por tê-la tão bem escrita. Há um bônus natural quando você deseja investir em algum gênero cinematográfico, a chance aparece e ainda tem uma história bem trabalhada, inteligente e diferente. Foi um daqueles projetos que liguei para o meu agente e disse: "Não diga não para isso!". A troca com Steven Knight também foi essencial para mim, nos demos bem desde o começo. Ele é o tipo de pessoa que é fácil de conviver mesmo em um âmbito profissional. Steve me ajudou bastante a encontrar a essência de Imogen e tudo o que ele queria dizer com O Véu. Foi um bônus, a cereja do bolo, diria, um roteiro muito bem escrito e um criador disposto a ter conversas sobre o andamento da história.

VOGUE: E você fala três línguas diferentes na série, além de participar de inúmeras cenas de lutas e ação. Pode contar um pouco sobre a preparação para o papel?

EM: Provavelmente, foi o maior tempo que já me preparei para algo e definitivamente o maior trabalho que já fiz. Antes de começar o projeto, tive que fazer aulas de dialeto, pronúncia, sotaque, porque, enfim, eu interpreto uma personagem inglesa. Também precisei treinar o meu francês e falar um pouco de árabe. As cenas de ação, por sua vez, exigiram um treinamento grande também, aprendi a lutar com facas (risos). A sorte foi ter tido um tempo considerável para conseguir aprender tudo isso. Eu assinei o contrato com a produção em agosto de 2022 e só fomos gravar em fevereiro de 2023.

VOGUE: Como foi atuar ao lado de Yumna Marwan? Vocês estão muito bem juntas na série…

EM: Essa é uma ótima pergunta! Yumma foi um presente na minha vida, sendo bem honesta. A melhor coisa que tirei desse projeto e que vai continuar comigo, por certo. As nossas personagens são muito bem escritas e encontrar alguém que possa interpretar isso ao seu lado é como uma agulha em um palheiro. Foram meses de casting e busca ativa por uma atriz que pudesse viver Adilah El Idrissi, finalmente encontrá-la foi como se a gente tivesse achado o Santo Graal. Nos tornamos grandes amigas, mas além disso a experiência de contracenar com ela foi única. Nunca tive que carregá-la ou segurar sua mão, pensando que sou um pouco mais velha e com mais experiência. Ela estava ali, o tempo todo, sendo a minha parceira de cena. Me ajudou a alcançar coisas que nunca antes tinha alcançado.

VOGUE: Essa não é a primeira vez que você embarca em projetos com papeis investigativos. Já fez Top of the Lake, Shining Girls e, agora, com O Véu. O que te atrai ao gênero?

EM: Gosto de um bom mistério e de um bom thriller de espionagem. Gosto também de coisas que tenham ação. Eu acredito que, enquanto atriz, tendo a fazer coisas que gosto de assistir também. E esse é o meu tipo de entretenimento preferido. Sinto que adoraria assistir algo como O Véu, sabe? E aqui existe uma trama muito bem amarrada de uma personagem que está tentando descobrir a verdade, resolver um mistério, o que já é uma ótima base para explorar em termos de atuação.

VOGUE: Logo nos primeiros episódios é possível entender que a sua personagem tem uma conexão importante com Shakespeare. Queria saber da sua relação com o autor e com a literatura?

EM: Eu queria ser mais regrada com as minhas leituras, mas sou péssima nisso. Eu leio muito por conta do trabalho, muitos roteiros ou livros que enviam para a minha produtora com a intenção de adaptá-los. Então, sempre que estou de férias ou durante algumas festividades tento ter esse tempo para mim. Quando leio fora da obrigação de trabalho, prefiro os livros de suspense, thrillers psicológicos, mistérios… Adoro A Garota Exemplar, da Gillian Flynn, por exemplo, e também A Garota no Trem, de Paula Hawkins, essas histórias que tem alguém sendo perseguido (risos), me divirto lendo.

E quanto ao Shakespeare, todo ator sério tem algum tipo de contato com ele, alguma conexão que seja. É impossível querer atuar e não ter o Shakespeare na sua vida. Eu nunca tive a chance de interpretar algum personagem dele ou história inspirada nas obras dele, então ter isso na série foi muito emocionante para mim. Gostei dessa conexão na história, porque foi uma oportunidade de colocar a ponta dos meus dedos nessa água toda que é escrita dele. Não foi sobre abraçar por completo isso, o que espero acontecer em algum momento da minha carreira – e será desafiador, claro –, mas só dele estar ali e experimentar essa aproximação já foi incrível para mim.

O Véu estreou dia 30 de abril no Star+ – episódios semanais, sempre às terças-feiras.