Asteroid City, de Wes Anderson, estreia nos cinemas

Os filmes recentes de Wes Anderson entregaram uniformemente o que esperávamos dele até agora: Ilha dos Cachorros foi uma animação secamente engraçada; A Crônica Francesa, um mergulho sedutor e acelerado no jornalismo jornalístico. Ambos funcionaram e tiveram um sucesso crítico, mas o frenesi deslumbrante de A Crônica Francesa, tornou fácil perder qualquer coração que tivesse. Asteroid City, um filme mais lânguido, se move em um ritmo que serve aos toques sentimentais de sua história.

O ano é 1955 e o cenário é uma cidade deserta onde especialistas da indústria, jovens protegidos da ciência e seus pais se reúnem para uma convenção de observação de estrelas. Augie Steenbeck (Jason Schwartzman) é um fotógrafo de guerra que acompanha seu filho inteligente Woodrow (Jake Ryan) e três filhas pequenas. A mãe deles (Margot Robbie) morreu há algum tempo, o que ele reluta em contar, mas a verdade vem à tona quando o carro deles quebra na beira da estrada. Augie admite que seu plano era deixar as crianças com o avô (Tom Hanks) e partir para processar sua dor sozinho.

No entanto, a cura para suas tristezas acaba sendo outro pai na convenção, Midge Campbell (Scarlett Johansson), um renomado ator de Hollywood. Seus alojamentos simples estão situados um de frente para o outro e, portanto, eles conversam à distância, através de suas janelas, em molduras perfeitamente da assinatura de Wes Anderson. Às vezes, eles correm linhas juntos; em outras ocasiões, Midge posa para a câmera de Augie.

O que estamos assistindo nesses cenários é na verdade uma peça chamada Asteroid City, cuja história e encenação é o tema principal do filme de Wes Anderson. Essas cenas de papoula no deserto, realizadas para um público que não vemos, compõem a maior parte da ação, enquanto um punhado de interlúdios em preto e branco - narrados por Bryan Cranston (como “O Anfitrião”) e apresentando Adrien Brody como diretor da peça - descreve como a produção surgiu. Se isso soa complicado, o filme de Wes Anderson se desenrola em um ritmo tão constante que acompanhá-lo não é um problema.

O romance entre Augie e Midge pode ser o núcleo emocional de Asteroid City, mas aqueles que prometeram uma comédia de ficção científica não ficarão desapontados: a narrativa abrangente da peça mostra a resposta dos participantes da convenção a uma chegada misteriosa. Dizer mais seria estragar uma de suas surpresas mais deliciosas.

Em camadas como está, Asteroid City parece um pouco mais antiquado para Wes Anderson: visualmente atraente, mas com um roteiro fundamentado, charmoso e ponderado que confronta temas de paternidade e luto, bem como o poder arrebatador de observar as estrelas e sonhar acordado. É um filme fácil de amar e o melhor desde O Grande Hotel Budapeste.