![Autorretrato com Vestido Laranja (1920) (Foto: Divulgação) — Foto: Vogue](https://cdn.statically.io/img/s2-vogue.glbimg.com/hu7j2MANGaas__yN5gJiXn6VSSc=/0x0:620x768/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_5dfbcf92c1a84b20a5da5024d398ff2f/internal_photos/bs/2022/V/S/fGm0AEQj2cWV4SoBhXCg/2019-04-29-pintora-do-brasil-1.jpg)
Aqui e lá fora, Tarsila do Amaral (1886-1973) é sem dúvida o nome mais célebre da arte brasileira na atualidade. No Brasil, já ganhou personagem protagonista em minissérie da Globo (Um Só Coração, de 2004), inspirou o verão 2017/18 da Osklen, e suas obras hoje em dia estampam de cadernos de escola a rótulos de vinho. No exterior, foi coroada com retrospectiva no MoMA ano passado, que culminou com o museu comprando sua tela A Lua (1928) por US$ 20 milhões - o valor mais alto já pago por uma obra de um pintor brasileiro.
Mesmo assim, fazia mais de década que a artista, fundadora do modernismo brasileiro, não tinha uma exposição em sua terra natal. O hiato chega ao fim graças à Tarsila Popular, mostra do Masp que reúne 120 obras de todas as fases de sua trajetória. “Pode-se dizer que, dentro da história da nossa pintura, Tarsila foi a primeira que conseguiu realizar uma obra de fato nacional”, defende o curador Fernando Oliva. “Seu principal dilema caminhava junto com o desafio da primeira geração modernista brasileira: buscar um meio caminho entre o vernacular e a arte moderna.”
![tela Pastoral (1927) (Foto: Divulgação) — Foto: Vogue](https://cdn.statically.io/img/s2-vogue.glbimg.com/mDwW89ycRI5gMWlEzydSluJ5ReA=/0x0:1500x2046/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_5dfbcf92c1a84b20a5da5024d398ff2f/internal_photos/bs/2022/J/t/eWeeILTX6AfBt5Xyqiiw/2019-04-29-pintora-do-brasil-2.jpg)
Nascida em Capivari, interior de São Paulo, em uma tradicional família de fazendeiros, Tarsila realmente personificava este clash entre o que se via na arte da Europa do começo do século 20 (cubismo, dadaísmo, futurismo, e por aí vai) versus o que se via pelo Brasil fora dos museus. Mesmo tendo estudado entre 1920 e 1922 em Paris, na Académie Julien (voltou porque soube da articulação que rolava em São Paulo para a realização da Semana de Arte Moderna, da qual não participou), foram as cores, formas e figuras brasileiras que a colocaram no mapa das artes. Em 1923, nasce A Negra, considerada sua primeira obra-prima e um dos highlights da mostra do Masp. Na sequência, veio aquela que viria a ser sua “Mona Lisa”: a tela Abaporu (1928), parada obrigatória da exposição. Depois de uma temporada na União Soviética em 1931, onde visitou Moscou e São Petersburgo no auge do comunismo, iniciou sua fase de temática social, de onde saíram Operários e Segunda Classe, ambas de 1933 e que integram a seleção do Masp.
Interessante também ver a obra de Tarsila contrastada com a de Djanira Motta e Silva, que ocupa o subsolo do museu paulistano até o dia 19 (a de Tarsila fica no primeiro andar), e que se destacou, ao lado da colega de movimento, como uma das primeiras mulheres a terem seu valor reconhecido na arte brasileira. “Se você pensar que parte da história da arte canônica no Brasil é contada por homens, achamos que tanto uma quanto a outra mereciam uma reapresentação e uma revisão”, completa o curador.
Masp: Avenida Paulista, 1.578. Até 28 de julho.