Vogue Repórter

Por Juliana Salimeni, em depoimento à Vogue

"Tenho transtorno de ansiedade há alguns anos. A primeira crise foi no começo da minha carreira na televisão, quando precisei lidar com uma polêmica envolvendo minha religião, o candomblé. Na época não existia a lei de intolerância religiosa. Sofri muito preconceito, fui julgada e muito, muito, muito criticada. Isso mexeu demais comigo. Foi quando tive minha primeira crise de pânico. Parecia que eu estava apagando, a respiração muito acelerada e uma sensação de desmaio. Você pensa que vai morrer.

Minha mãe chegou a me levar algumas vezes ao hospital. Na hora da crise você acha que está tendo um problema de coração, imagina um infarto. Mas chegando lá eu fazia exames e não era nada físico. Depois de algumas idas ao hospital, desesperada, recebi a orientação de procurar um psiquiatra. Fui diagnosticada com síndrome do pânico e comecei a fazer o uso de remédios para ajudar a controlar a ansiedade. Não lembro exatamente a data, mas foi por volta de 2009.

Anos depois, a depressão veio de forma muito silenciosa e lenta. Tive um processo de separação do meu antigo relacionamento em 2018 e mudei de casa, de cidade, círculos de amizades, mudei de ambiente completamente... Nesse momento em que fiquei muito sozinha, sem tudo que eu convivia, foi quando me dei conta de que estava doente.

Era uma fase em que eu estava trabalhando muito, um ritmo muito acelerado. Eu trabalhava na TV e ia a muitos eventos: desfiles, inauguração de loja, academia, apresentava eventos de vários tipos... Todo dia tinha algum compromisso além das gravações. Era uma correria absurda, eu passava poucos momentos na minha casa, vivia viajando pelo Brasil inteiro. E também tinha os meus treinos diários que eu mantinha certinho em qualquer lugar que eu estivesse. Era uma vida muito tensa e corrida.

Acredito que a falta de descanso desencadeou a depressão. Comecei a ficar totalmente sem vontade de fazer o que eu fazia. Quando a câmera ligava, fazia o meu papel de apresentadora, estava sempre animada, sorridente. Quando desligava, eu não queria contato com ninguém, não queria conversar nem atender as pessoas, eu só queria ir para casa. Cheguei a receber algumas mensagens de pessoas que falaram 'nossa, eu te encontrei em tal lugar você é muito antipática', 'você é muito chata'. Só que eu estava passando por um processo que nem eu sabia. Foi uma fase muito difícil.

Eu não tinha vontade de fazer nada. Não estava feliz, mas eu também não estava triste. A minha única vontade, quando eu não tinha nada para fazer, era ficar fechada no quarto escuro, dormindo. Eu queria fazer o meu trabalho, chegar na TV, gravar o programa, voltar para casa e dormir. Minha vontade era não sair da cama. Tudo que eu fazia era no modo automático. Eu não queria ser simpática. Fui até julgada por pessoas que eu convivia, que eu tive relacionamentos de que eu não era animada, que eu não tinha graça, que era muito chato conviver comigo.

Juju Salimeni — Foto: Thaís Aline / Fio Condutor / Divulgação
Juju Salimeni — Foto: Thaís Aline / Fio Condutor / Divulgação

Quando eu me afastei de tudo, pude enxergar de forma mais objetiva que essa minha falta de ânimo já era uma depressão. Eu deixei de entregar trabalhos, deixei de fazer eventos que eu precisava. Perdi contratos por não cumprir o que eu precisava. E quando eu me vi muito mal, eu cheguei a ter vontade de não viver mais. Graças a Deus, não pensei em tirar minha vida, mas eu não queria mais viver. Foi o fundo do poço para mim. Me apeguei muito à minha vida espiritual, minha cura foi por conta disso. Claro, que eu continuava fazendo uso de remédios para ansiedade, mas me cuidei espiritualmente e isso me fez muito bem.

Na época mais forte da depressão, comecei a ter uns machucados no corpo, principalmente nos cotovelos, no colo, abaixo do pescoço e nas pernas. Sentia uma coceira muito forte e chegava a colocar meia nas mãos para dormir, porque eu me arranhava de madrugada sem ver. Eu estava sempre machucada, não sarava. Isso me incomodava muito e abalava a minha autoestima. Tentava esconder com maquiagem e muitas vezes usava blusas de gola alta para disfarçar. Então fui diagnosticada com psoríase.

Pomadas não funcionavam e o que me falavam é que eu não podia ficar estressada. 'Como não vou ter estresse se minha vida é estressante?', eu pensava. Foi outra coisa que eu tive que aceitar. Todas as vezes que eu tive crise de psoríase foi porque eu tinha passado por algum estresse muito alto. Quando eu me curei da depressão, nunca mais tive crise.

Juju Salimeni — Foto: Instagram
Juju Salimeni — Foto: Instagram

Até que em setembro de 2023, depois de muitos anos, vi os sintomas voltarem - mas de forma muito mais leve. Hoje estou muito bem de vida, financeiramente, emocionalmente, pessoalmente, em relacionamento, em tudo. Estou na melhor fase. Então o que aconteceu? Eu voltei para o Carnaval e precisei me preparar para uma apresentação, ensaiar samba, pensar em roupa... Isso durou alguns meses e me deixou bem estressada. Depois que o evento passou e eu relaxei, tive uma pequena crise, com algumas manchas no joelho. Hidratei bastante e passou rapidamente. Hoje eu consigo entender o que causa o quê. Consigo fazer essas conexões. Por isso que eu vivo melhor.

Hoje eu já tenho muita experiência com todos os sintomas, tanto os físicos quanto os mentais, já sei o que que está acontecendo. Me sinto mais calma por saber, por isso é muito importante que as pessoas tenham informação. É importante, claro, procurar um especialista. Mas quando você tem o conhecimento, não se desespera.

O mais importante foi eu ter buscado a cura da depressão. Você realmente precisa de uma ajuda psiquiátrica e psicológica. Acredito que ela não vai mais voltar, se Deus quiser. A parte da ansiedade, eu convivo e aceito. Eu acolho essa característica minha e entendo que tem dias que estou mais ansiosa, outros estou mais tranquila e está tudo bem. Todo mundo têm seus altos e baixos. O importante é você entender isso, se acolher, não se cobrar demais. O dia que eu não quero ir para academia, eu não vou. Tem dias que não estou bem. Não me cobro tanto, mas coincidentemente ou não, estou em uma fase muito melhor e muito mais bem resolvida e feliz e isso tem a ver com a maturidade.

Hoje faço uso de medicamentos e afirmo que você não precisa se julgar, nem se sentir mal por causa disso. Recebo mensagem de pessoas que falam 'eu não queria tomar remédio", mas o remédio traz qualidade de vida para mim. Então, por que não? Não tenho nenhum preconceito, acho que é importantíssimo para ajudar. Tem pessoas que gostam de terapia e todo processo de ajuda é válido.

As doenças psicológicas foram banalizadas e até desacreditadas. Quero que com o meu alcance eu possa inspirar milhões de pessoas para que ela se sintam acolhidas e vejam que não estão sozinhas."

Juju Salimeni — Foto: Thaís Aline / Fio Condutor / Divulgação
Juju Salimeni — Foto: Thaís Aline / Fio Condutor / Divulgação
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