Saúde

Por Yara Guerra


Assim como os humanos, cães e gatos também podem desenvolver a diabetes e serem levados a situações graves. No entanto, nos animais, a doença age de maneira um pouco diferente: ela pode ocorrer devido à falta absoluta de insulina ou por fatores que possam desencadear a resistência à ação da insulina produzida pelo pâncreas.

Cães podem desenvolver diabetes imunomediada por deficiência absoluta de insulina, já gatos desenvolvem o tipo I ou II da doença — Foto: Unsplash/ Pauline Loroy/ CreativeCommons
Cães podem desenvolver diabetes imunomediada por deficiência absoluta de insulina, já gatos desenvolvem o tipo I ou II da doença — Foto: Unsplash/ Pauline Loroy/ CreativeCommons

De acordo com Priscila Montanheri da Rocha, médica-veterinária pós-graduada em endocrinologia, nos cachorros a diabetes é caracterizada como a deficiência absoluta de insulina — ou seja, uma vez que desenvolvem a doença, precisam fazer o uso de insulina para o resto da vida.

Se comparada à dos seres humanos, a diabetes canina seria a do tipo LADA. É de origem imunomediada e acomete animais de meia-idade a idosos.

“Já os felinos podem apresentar a diabetes chamada do tipo II [80% dos casos em gatos], na qual a ação da insulina pode estar sofrendo resistência e provocando aumento da glicose no sangue e os demais sintomas da doença”, explica.

Neste caso, não é que o animal deixou de produzir a insulina — hormônio hipoglicemiante, ou seja, que diminui a concentração de glicose no sangue. Trata-se de uma insuficiência relativa que decorre a partir de uma produção não satisfatória ou de uma produção satisfatória, mas que encontra um mecanismo de resistência que impede sua ação completa.

Como nos humanos, nos gatos a diabetes do tipo II pode ser transitória se cuidada adequadamente. Eles também podem desenvolver o tipo I da doença, também imunomediada, embora esta seja prevalente em animais jovens e afete apenas 20% da população felina diabética.

Sintomas de diabetes em cães e gatos

A diabetes tipo II é a mais comum entre gatos  — Foto: Unsplash/ Ludemeula Fernandes/ CreativeCommons
A diabetes tipo II é a mais comum entre gatos — Foto: Unsplash/ Ludemeula Fernandes/ CreativeCommons

Segundo Marianna Justo, médica-veterinária pós-graduada em endocrinologia, as manifestações clínicas de diabetes são, na maior parte, iguais em cães e gatos.

“Eles vão manifestar poliúria, que é o aumento da micção; polidipsia, o aumento da ingestão de água; polifagia, o aumento do apetite; e perda de peso”, diz.

Os cachorros também podem desenvolver catarata diabética e alguns gatos podem apresentar o andar plantígrado, uma neuropatia diabética que faz o animal apoiar o pé inteiro no chão ao caminhar.

Predisposição à diabetes

As manifestações clínicas mais comuns de diabetes são aumento do apetite, perda de peso, poliúria e polidipsia — Foto: Unsplash/ Roberto Nickson/ CreativeCommons
As manifestações clínicas mais comuns de diabetes são aumento do apetite, perda de peso, poliúria e polidipsia — Foto: Unsplash/ Roberto Nickson/ CreativeCommons

Embora a diabetes possa acometer qualquer animal, seja ele de raça pura ou não, há alguns fatores predisponentes nas duas espécies.

Cachorros de meia-idade a idosos estão mais suscetíveis a desenvolver a doença, e sabe-se que as fêmeas são mais predispostas que os machos, principalmente as castradas.

“Os machos castrados também são mais predispostos se comparados com os não castrados. Quanto à questão racial, o que se sabe é que raças pequenas costumam ter mais tendência à doença do que as de grande porte”, diz Marianna.

“Algumas raças podem ser geneticamente predispostas à doença, porém os animais SRDs também podem desenvolver a diabetes. Cães como poodle, labrador retriever, teckel e yorkshire terrier são descritas em literatura”, complementa Priscila.

Com o tratamento adequado, os gatos podem entrar em remissão e se curar temporariamente ou até definitivamente — Foto: Unsplash/ Edgar/ CreativeCommons
Com o tratamento adequado, os gatos podem entrar em remissão e se curar temporariamente ou até definitivamente — Foto: Unsplash/ Edgar/ CreativeCommons

Em relação aos gatos, estudos sugerem que a predisposição acompanha o perfil canino: os machos são mais propensos à doença que as fêmeas, assim como os animais castrados.

“Geralmente, bichos acima de 7 anos têm uma predisposição maior. Há três fatores bem importantes para a ocorrência de diabetes nos felinos: a obesidade, a sedentariedade e o uso de algumas medicações, como estágenos e glicocorticóides”, comenta Marianna.

Prevenção da diabetes em cães e gatos

Algumas raças, como poodle, yorkshire, labrador retriever e teckel, podem ser mais suscetíveis à diabetes — Foto: Unsplash/ Tra Tran/ CreativeCommons
Algumas raças, como poodle, yorkshire, labrador retriever e teckel, podem ser mais suscetíveis à diabetes — Foto: Unsplash/ Tra Tran/ CreativeCommons

Como a diabetes em cachorros vêm por origem genética e imunomediada, não há como prevenir a doença nesta espécie. Todavia alguns fatores podem ajudar a minimizar a gravidade do quadro, como manutenção do peso, dieta adequada e realização de atividade física regular.

Já em felinos, diante dos fatores predisponentes listados por Marianna, há como agir preventivamente.

“Prevenir o ganho de peso para evitar a obesidade”, orienta a médica-veterinária Mariana Porsani, doutora em nutrologia de cães e gatos.

Vale então ofertar uma dieta com bom controle calórico, prescrita por um especialista, além de estimular atividades físicas. “Além, claro, do cuidado no uso de medicamentos diabetogênicos (que fazem resistência insulínica)”, alerta Priscila.

Diferentemente do gato, a obesidade no cão não é um fator tão importante para a diabetes. “Ela é, sim, um fator de resistência insulínica, mas não se aponta que possa desenvolver a doença”, explica Marianna.

Diagnóstico da diabetes em pets

O tratamento da diabetes em cães e gatos inclui insulinoterapia e manejo da dieta por um veterinário nutrólogo — Foto: Unsplash/ Kacper Chrzanowski/ CreativeCommons
O tratamento da diabetes em cães e gatos inclui insulinoterapia e manejo da dieta por um veterinário nutrólogo — Foto: Unsplash/ Kacper Chrzanowski/ CreativeCommons

Nos dois casos, o diagnóstico é realizado pelo médico-veterinário por meio da anamnese e histórico clínico anterior e avaliação da glicemia.

“São diabéticos os pacientes com hiperglicemia persistente em associação a manifestações clínicas (perda de peso, fome, excesso da ingestão de água e aumento da frequência e volume de urina)”, explica Mariana.

Exames como aferição da glicemia em jejum, de urina e de glicosúria persistente ajudam o profissional a fechar o diagnóstico.

“Para ter uma base mínima de dados e descartar os diferenciais de diabetes, costumamos pedir um hemograma, perfis renal e hepático, ultrassonografia e, em alguns casos, exames de hormônios tireoidianos, quando estamos falando de felinos. Para eles também recorremos às proteínas glicadas”, diz Marianna.

Tratamento e cura

Devido a etiologia da doença na espécie, cães com diabetes não conseguem entrar em remissão, mas é possível diminuir as manifestações clínicas e controlar a glicemia — Foto: Unsplash/ Lucas Ludwig/ CreativeCommons
Devido a etiologia da doença na espécie, cães com diabetes não conseguem entrar em remissão, mas é possível diminuir as manifestações clínicas e controlar a glicemia — Foto: Unsplash/ Lucas Ludwig/ CreativeCommons

Exames como estes são importantes para os gatos porque o estresse pode ocasionar o aumento da glicemia, que pode aparecer alta no teste, não necessariamente devido a problemas com a ação da insulina.

“Para cães não se utilizam essas ferramentas porque se sabe que a especificidade desse teste é baixa. Ou seja, a chance de um animal que não é diabético ter a frutosamina elevada é alta. Da mesma forma, um animal com a doença pode não ter a frutosamina elevada”, explica Marianna.

Felizmente, há tratamento para diabetes em cães e gatos. De acordo com Mariana, ele consiste em diminuir as manifestações clínicas e realizar o controle da glicemia.

“É baseado em insulinoterapia e dieta por ração coadjuvante para diabéticos ou caseira formulada por um nutrólogo veterinário. Em gatos, o emagrecimento está associado a muitos casos de remissão da doença”, diz.

Já para os cachorros, não há cura para a doença. Mas há chance de remissão em gatos — ou seja, após tratamento adequado, o pet pode se curar temporariamente ou até definitivamente, desde que os fatores que desencadearam a diabetes sejam monitorados e controlados.

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