PetExpertise, com Ana Claudia Balda

Por Por Ana Claudia Balda


A comunicação entre veterinário e tutor é fundamental para garantir o bom tratamento do paciente — Foto: ( Pexels/ Tima Miroshnichenko/ CreativeCommons)
A comunicação entre veterinário e tutor é fundamental para garantir o bom tratamento do paciente — Foto: ( Pexels/ Tima Miroshnichenko/ CreativeCommons)

É muito comum que quando nós, professores, nos apresentamos às turmas na primeira aula, façamos a clássica pergunta: “Por quê você escolheu veterinária”? E existe uma resposta que aparece de forma recorrente... “Porque eu não gosto de gente”. E é aí que damos a primeira notícia desafiadora ao calouro: ele terá que aprender a gostar, pois em todas as consultas irá lidar com gente — e mais, são exatamente essas pessoas que vão ajudá-lo a tratar seu paciente.

Na maior parte das vezes, essas pessoas conhecem tão bem esse paciente que vão praticamente traduzi-lo. Existe um livro que foi escrito pela produtora do seriado House cujo título é: Todo paciente tem uma história para contar. Na medicina veterinária, podemos extrapolar para: “todo tutor tem uma história para contar”. Tanto é verdade, que a comunicação passou a ser disciplina ministrada em diversas faculdades, já que ficou óbvio que ela é essencial para todos os profissionais de saúde e, claro, para o médico-veterinário.

Antes de iniciar cada atendimento, o profissional deve se preparar, organizando o ambiente, o material que vai utilizar, lendo os dados do seu paciente e, principalmente, se preparando psicologicamente para exercitar a escuta ativa. Perguntas abertas são ideias para moldar o assunto, sem engessá-lo, ou seja, você deve deixar o tutor falar. Iniciar com algo como: “então, me conta... o que o trouxe aqui?”, ou, melhor: “por que o Totó está aqui?” pode ser uma forma de facilitar que a pessoa te conte a história. É uma forma de começar e, acredite, cada um deve achar a sua própria forma de começar.

Cada médico-veterinário deve encontrar uma forma de começar a abordar o tutor no momento da consulta — Foto: ( Pexels/ Tima Miroshnichenko/ CreativeCommons)
Cada médico-veterinário deve encontrar uma forma de começar a abordar o tutor no momento da consulta — Foto: ( Pexels/ Tima Miroshnichenko/ CreativeCommons)

Em diversos estudos, foram realizadas gravações durante as consultas veterinárias, para que posteriormente se analisassem essas entrevistas. Tais avaliações apontam que o médico-veterinário interrompe o tutor a cada 15 segundos durante sua fala. Ou seja, a escuta ativa precisa de treino.

Cumprimentar o pet até antes de cumprimentar o tutor, saber seu nome, comentar algo sincero nesse primeiro contato são coisas que vão abrindo caminho para que o tutor se sinta à vontade em contar sua história, que o aflige e causa desconforto. Por isso, é sempre uma história delicada, algumas bem difíceis de contar. A empatia é algo primordial nesse momento. Nunca vamos conseguir nos colocar no lugar do outro, mas sempre podemos tentar.

Apreciar a história do seu paciente, contada por quem melhor o conhece, que é o seu ou os seus tutores, é a melhor forma de entender e captar detalhes que podem ser informações chave para um diagnóstico assertivo.

Nos vemos novamente no mês que vem! Até lá!

A médica-veterinária dermatologista Ana Claudia Balda é colunista do Vida de Bicho — Foto: ( Divulgação)
A médica-veterinária dermatologista Ana Claudia Balda é colunista do Vida de Bicho — Foto: ( Divulgação)

Ana Claudia Balda é médica-veterinária dermatologista, diretora da Escola de Medicina Veterinária da FMU, professora temporária da USP e sócia-proprietária da clínica Derme for Pets.

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