Comportamento

Por Por Izabel Gimenez


A espécie está distribuída pela bacia Amazônica, ocorrendo em ambientes fluviais, lagos, lagunas, florestas alagadas, etc. — Foto: Canva/ CreativeCommons
A espécie está distribuída pela bacia Amazônica, ocorrendo em ambientes fluviais, lagos, lagunas, florestas alagadas, etc. — Foto: Canva/ CreativeCommons

Protagonista de lendas e do folclore brasileiro, o boto-cor-de-rosa faz parte do imaginário da população. Entre os turistas e moradores do Norte do país, não há quem não tenha tirado um tempinho para vislumbrar o show de carisma desses bichos. Infelizmente, apesar de querida, a espécie corre sério risco de entrar em breve para lista de animais extintos.

Estima-se que a população amazônica de golfinhos diminui pela metade a cada 10 anos, entretanto, pela falta de dados e pesquisas, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), órgão responsável pelas classificações, não a considera oficialmente ameaçada. Ainda assim, autoridades brasileiras a categorizam como “vulnerável”.

Miriam Marmontel, pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, explica que um dos principais vilões por trás do cenário é a pesca de piracatinga. A carne dos botos, por ser bastante gordurosa e possuir odor forte, é usada como isca para os bagres.

Atualmente, graças à oratória interministerial, medida que proíbe a modalidade até 2023, os casos diminuíram, sobrando apenas os peixeiros que seguem realizando a pesca ilegalmente. Para se ter uma dimensão, calcula-se que cerca de 7 mil botos eram mortos por ano no Amazonas antes da intervenção.

O nome da espécie, apesar de ser conhecida como "boto-cor-de-rosa", é, na verdade, "boto vermelho" — Foto: Canva/ CreativeCommons
O nome da espécie, apesar de ser conhecida como "boto-cor-de-rosa", é, na verdade, "boto vermelho" — Foto: Canva/ CreativeCommons

As causas da ameaça

Por ser uma espécie curiosa, eles se aproximam das redes de pesca na tentativa de se alimentar. Nesse processo, os animais costumam ficar emalhados e morrem afogados. Quando dão sorte, rasgam as telas e livram os peixes, mas acabam comprando uma briga séria com os pescadores da região.

"Eles sofrem represália de alguns grupos por destruir os aparelhos. Já tivemos botos mortos na ‘porrada’, com tiro, envenenado e até vítima de facadas" - Gabriel Melo, pesquisador do grupo BioMA

Outro ponto citado pelos especialistas é a construção de barragens de usinas hidrelétricas, técnica que reduz a variabilidade genética da região, como já ocorreu nos rios Madeira e Tocantins, áreas onde a espécie se encontra mais vulnerável. Essa falta de diversidade aumenta a endogamia, isto é, a relação entre parentes, tornando-os indefesos contra catástrofes naturais e doenças e expostos à extinção.

Por fim, Gabriel cita um conceito que tem ganhado espaço no meio científico, o chamado efeito sinergético. Observando as transformações ambientais e sociais, especialistas procuram analisar de que forma a junção de várias ameaças afetam determinado animal. Por exemplo, os agrotóxicos, as mudanças climáticas e o mercúrio presente na água.

Atualmente, a Iniciativa dos Botos da América do Sul (SARDI) trabalha na produção de material educativo sobre a espécie — Foto: Canva/ CreativeCommons
Atualmente, a Iniciativa dos Botos da América do Sul (SARDI) trabalha na produção de material educativo sobre a espécie — Foto: Canva/ CreativeCommons

O papel dos turistas

Para contribuir com a tentativa de preservação dos botos da região, visitantes devem seguir alguns protocolos básicos. Isso porque, apesar de os golfinhos serem convidativos e fofos, comportamentos invasivos tornam a espécie mais vulnerável e dependente do contato humano.

“É preciso atenção para não atrapalhar suas atividades normais, como forrageamento ou cuidado com filhotes. Não devemos forçá-los a uma situação de ‘perseguição-e-fuga’. O trânsito de embarcações muito intenso por canais também pode afugentá-los e colocá-los em risco de atropelamento. Além disso, não é recomendado alimentá-los ou tentar nadar com eles. Assim, preservamos o comportamento natural das populações e garantimos a segurança dos bichos e humanos”, esclarece Miriam.

Na visão da especialista, turistas deveriam apreciar ao máximo a beleza e adaptabilidade destas espécies em seu ambiente natural. Em outras palavras, apreciar e observar sem interferir.

“Quanto mais as pessoas conhecerem das espécies, sua distribuição, suas necessidades e sua ecologia, mais serão sensibilizadas com o cuidado”, completa.

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