PetExpertise, com Ana Claudia Balda

Por Ana Claudia Balda

Ana Claudia Balda é médica-veterinária dermatologista, diretora da Escola de Medicina Veterinária da FMU e sócia-proprietária da clínica Derme for Pets.


Pele mais ressecada e calos de apoio exacerbados são comuns na fase de envelhecimento  — Foto: Pixabay/ Original_Frank/ CreativeCommons
Pele mais ressecada e calos de apoio exacerbados são comuns na fase de envelhecimento — Foto: Pixabay/ Original_Frank/ CreativeCommons

A pele do cão sofre uma série de modificações naturais no decorrer de sua vida. Uma delas é a diminuição da hidratação, uma vez que ela fica cada vez mais fina quando o pet está com uma idade avançada.

Com a diminuição de atividade, os calos de apoio se tornam mais evidentes nos velhinhos, principalmente nas articulações dos cotovelos. Mas antes de entender as mudanças do envelhecimento pet, devemos questionar o seguinte: o que é um cão idoso?

Cães de porte pequeno, geralmente entre os 11 anos, e de porte grande, a partir de 8 anos, são considerados pacientes geriátricos na rotina clínica. Neles, as alterações decorrentes da idade podem, sim, aparecer: áreas de alopecia, ou seja, falta de pelos, pelame e pele mais ressecadas e calos de apoio exacerbados. Essas são as observações mais referidas.

Mesmo assim, o clínico deve avaliar o pet, realizando a colheita de exames complementares para avaliar se não há outra causa além da idade.

As alterações podem ser indícios de doenças, portanto o especialista deve sempre realizar exames  — Foto: Unsplash/ CreativeCommons
As alterações podem ser indícios de doenças, portanto o especialista deve sempre realizar exames — Foto: Unsplash/ CreativeCommons

O exame parasitológico de raspado cutâneo descarta principalmente a demodiciose, já que a imunossupressão (menor eficiência do sistema imunológico) pode ocorrer devido a comorbidades. Nesse sentido, há a avaliação de hemograma, perfil renal e hepático, glicemia, exame de urina, triglicérides e colesterol.

Com base no exame clínico, também é importante identificar alterações como poliuria, polidipsia, polifagia, emagrecimento e aumento de volume abdominal, que podem ser manifestações compatíveis com diabetes mellitus ou hipercortisolismo, geralmente desencadeado por neoplasias de hipófise ou adrenais. Apatia, termofilia, bradicardia, por sua vez, podem ter relação com hipotireoidismo.

Ou seja, associar as alterações referidas pelo tutor, achados de exame físico e alterações tegumentares podem indicar doenças sistêmicas, que devem ao menos ser excluídas para que possamos considerar apenas as mudanças decorrentes da idade.

Doenças sistêmicas podem ter reflexos tegumentares, pois a pele é um órgão externo e muito evidente aos olhos dos tutores. Por essa razão, é bastante comum que o tutor leve o cão ao veterinário queixando da pele como fator principal, mas acaba não comentando de outras alterações que podem ser indícios de doenças mais graves.

Por isso deve-se realizar os exames complementares, inclusive como forma de prevenir ou detectar doenças em estágio inicial.

Caso realmente haja exclusão de doenças sistêmicas, o veterinário pode lançar mão de ferramentas como xampus, mousses ou sprays hidratantes, melhores dietas voltadas para os idosos, suplementos nutricionais ou até medicações voltadas à hiperqueratose, no caso dos calos de apoio. Tudo isso com objetivo de promover mais saúde e bem-estar para os nossos pacientes.

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