Moedas e Juros

Por Arthur Cagliari, Valor — São Paulo


Com pressões externas e diante da piora na percepção de risco local, o dólar registrou valorização firme nos últimos meses e não deve voltar aos níveis observados anteriormente tão cedo, conforme estimativa do PicPay. Para o fim de 2024, o economista-chefe da casa, Marco Antonio Caruso, alterou sua estimativa de dólar a R$ 5,00 para R$ 5,30. “O dólar atingiu suas máximas em quase dois anos durante o mês de junho. Parte disso se deve ao exterior, mas os fatores domésticos são o que tem predominado na piora do dólar por aqui”, observa.

As dúvidas sobre a sustentabilidade da dívida pública são o fator-chave para a deterioração recente vista no câmbio doméstico. “O país vive um momento de incerteza fiscal, com o governo reduzindo o superávit projetado para os próximos anos e começando a ver um certo limite do ajuste fiscal sendo feito pelo lado da receita, evidenciado pela discussão do PIS/Cofins”, afirma o economista do PicPay. “A partir daqui, é preciso começar a pensar em cortes de despesas, e o mercado se pergunta se haverá essa disposição por parte do governo.”

Caruso também lembra que as apostas contra o real estão nas máximas de uma década, o que faz com que o movimento de dólar forte possa ser mais permanente no país do que era imaginado. “Ainda mais porque essa alta do dólar veio com uma volatilidade baixa, o que parece uma contradição, mas sugere um caráter mais duradouro”, diz.

Para o ano que vem, o PicPay já projetava um cenário mais desafiador para o real, o que se mantém na revisão de cenário atual, com a projeção para o dólar no fim de 2025 subindo de R$ 5,10 para R$ 5,30.

Este conteúdo foi publicado originalmente no Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor.

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