O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou sobre a necessidade de organizar as contas públicas e disse que será preciso saber se é preciso cortar gastos ou aumentar a arrecadação. Em entrevista concedida ao portal Uol na manhã desta segunda-feira (26), Lula afirmou que não se pode "gastar mais do que arrecada" e que essa regra vale "para todo mundo". Ainda na entrevista, o presidente voltou a destacar que a "inflação está controlada no país".
“O problema é saber se precisa efetivamente cortar ou se precisamos aumentar a arrecadação, precisamos fazer essa discussão”, disse o presidente. “O que estamos fazendo agora é verificar se há alguma área com gasto exagerado, mas sem nervosismo do mercado”, completou. Durante a entrevista, o presidente afirmou que "é preciso perguntar é se o gasto está sendo bem feito", porque, em sua opinião está.
Ainda na conversa, Lula voltou a falar sobre as mudanças no Banco Central. Para quem não se lembra, o mandato de Roberto Campos Neto, atual presidente da autarquia, se encerra no fim deste ano. Junto com ele, também deixam a autarquia outros dois dirigentes. Todos serão substituídos por indicações do presidente Lula.
Questionado sobre a possibilidade de Gabriel Galípolo, atual diretor de política monetária do BC, assumir o cargo, Lula disse que ele é "altamente capacitado", mas garantiu que ainda não está pensando nisso. O presidente ainda fez questão de afirmar que "não indica presidente do Banco Central para o mercado", e sim "para o Brasil".
O presidente voltou a falar sobre a autonomia da autarquia e disse que não precisa de uma lei para garantir isso. "Eu preciso respeitar o papel do Banco Central", disse. "A gente vai avançar para o BC ter um plano de metas para o país crescer", afirmou.
Lula voltou a falar que é necessário uma taxa de juros "compatível" para incentivar esse crescimento. Na semana passada, o presidente havia afirmado que não há explicação para os juros seguirem em patamares elevados.
"Você acha que a Faria Lima tem alguém com mais interesse de melhorar a vida do povo do que eu?", questionou o presidente. "Quando eles estão discutindo a taxa de juros, estão pensando na pessoa que dorme embaixo da ponte? Não, eles estão pensando no lucro", completou o presidente.
Lula ainda reforçou que não é possível desvincular gastos sociais do crescimento e destacou que "não quer que empresário tenha prejuízo". "Mas quero que o empresário tenha cabeça de que, se os trabalhadores forem bem, eles vão poder comprar produtos".