Brasil e Política

Por Anaïs Fernandes, Valor — São Paulo


O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que é “pouco razoável” e “errônea” a interpretação que circulou nesta sexta-feira (7) no mercado de que, entre cortar gastos e mudar o limite de despesas do arcabouço, o governo optaria pela segunda opção.

O relato circulou após uma reunião fechada do ministro com membros de instituições financeiras em São Paulo, entre ele, o presidente do Santander, Mário Leão.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Após o encontro, os juros futuros dispararam e encostaram nos 12% em alguns vértices da curva; o dólar ultrapassou os R$ 5,32; e o Ibovespa caiu 1,73%, retornando para os 120 mil pontos.

"Teve um protocolo que foi quebrado, a condição da reunião é que as pessoas não interpretassem o que eu falei”, disse Haddad a jornalistas em uma segunda rodada de conversas. O ministro já tinha falado com a imprensa sobre a Medida Provisória que restringe o uso de créditos de PIS/Cofins e voltou para falar com os jornalistas após a reação negativa do mercado.

Haddad disse que pediu aos participantes do encontro que não colocassem “palavras na minha boca” ou fizessem “uma interpretação sobre o que eu falei. “Se, por ventura, houver alguma dúvida, faça a pergunta que eu respondo", relata ter falado aos presentes.

Segundo Haddad, ele foi questionado por um dos participantes da reunião sobre se havia a possibilidade de contingenciamento no caso de algumas despesas obrigatórias crescerem para além do previsto. "Eu falei que sim, que se algumas despesas crescessem além do previsto, poderia haver contingenciamento de gasto, o que é absolutamente normal e aderente ao que prevê o arcabouço fiscal", afirmou.

"Se tiver uma despesa obrigatória crescendo para além do que está previsto no orçamento, isso pode pressionar as outras despesas e obrigar o governo a contingenciar", disse.

Entre agentes do mercado, circulou que o ministro Haddad teria falado em contingenciar R$ 30 bilhões, mas que a decisão de cortar despesa ou mudar o arcabouço era do presidente Lula e que a decisão seria tomada em agosto. A interpretação que circulou entre alguns agentes do mercado foi a de que o governo optaria por não cortar gastos, e sim mudar o arcabouço.

"É uma interpretação errônea", afirmou Haddad. "Pare para pensar um segundo se uma conversa dessa faz sentido. Você acha que faz sentido uma conversa dessas? É tão pouco razoável", afirmou. "Foi exatamente o contrário o que eu falei. A pergunta foi: se as despesas obrigatórias continuarem a crescer para além do previsto no orçamento, se seria possível contingenciar outras despesas. Eu digo: pela regra do arcabouço, sim. Você é obrigado a contingenciar."

Haddad disse que respondeu objetivamente na reunião, por exemplo, a respeito das despesas previdenciárias. Segundo o ministro, ele disse aos participantes que há duas tendências nesse caso: uma de aumento de despesas e uma de economia, por providências tomadas pela administração da Previdência. "E [disse] que a cada mês nós íamos julgar e adaptar as projeções à luz dos fatos, como tem acontecido nos dois relatórios bimestrais", afirmou.

Haddad lamentou o ocorrido. "Isso é uma irresponsabilidade. Eu sugeriria entrar em contato com o CEO do Santander", disse Haddad. "Eu não estou dizendo que foi alguém do Santander, estou dizendo que o que estou respondendo agora pode ser checado com o CEO do Santander, porque ele ouviu o que eu falei", afirmou. “Na minha opinião, o que saiu veiculado é uma irresponsabilidade. Você tinha gente muita séria aqui, tinha um CEO”, acrescentou.

"É muito grave o que aconteceu, isso não pode acontecer. Você não pode utilizar uma reunião fechada para depois vender para o mercado aquilo que não foi dito”, disse. "Não entendi a intenção da pessoa que vazou uma informação falsa a respeito do que eu disse”, afirmou. “Lamento muito esse tipo de comportamento.”

Questionado se isso poderia ser uma tentativa de manipulação de mercado, Haddad respondeu que não queria “fazer esse tipo de acusação". “Não quero nem saber quem foi”, disse Haddad.

Conteúdo publicado originalmente no Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico.

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