Os Estados Unidos criaram 272 mil vagas de empregos em maio, resultado que ficou bem acima do número revisado de 165 mil vagas abertas em abril e também bem acima das expectativas, diz o ‘payroll’. Os analistas esperavam que fossem criadas 190 mil vagas no mês passado. É o que divulgou o Bureau of Labor Statistics. O número também fica acima da média mensal de geração de empregos dos últimos 12 meses (232mil).
Em maio, o salário médio por hora de todos os empregados em folhas de pagamento privadas não agrícolas aumentou 0,4%, para US$ 34,91. Nos últimos 12 meses, o salário médio por hora aumentou 4,1%. A taxa de desemprego mudou pouco e ficou em 4%.
Sinais de enfraquecimento ou força do mercado de trabalho sugerem se há ou não a necessidade de estímulos do banco central americano (Federal Reserve, o Fed). Em outras palavras, se existe espaço para cortes de juros.
Nesse sentido, um passo em falso pode implicar mais inflação. Menos juros podem turbinar ainda mais o consumo dos trabalhadores e, consequentemente, o custo de vida. E, no momento, o Fed vai encontrando dificuldades para alcançar a meta inflacionária de 2% ao ano.
O payroll é o dado mais completo sobre o mercado de trabalho nos EUA e contraria dados relevantes sobre o mercado de trabalho americano divulgados nesta semana, que apontaram desaceleração e ficaram abaixo das expectativas.
O relatório Jolts, divulgado na terça-feira, havia mostrado que o número de vagas de trabalho em aberto na economia dos Estados Unidos teve queda em abril a 8,1 milhões, de 8,4 milhões revisados de março. O número foi menor do que o esperado pelo analistas, de 8,3 milhões, e ficaram no nível mais baixo desde fevereiro de 2021.
Já o relatório ADP, divulgado na quarta-feira, apontou que o número de vagas de empregos criadas no setor privado em maio desacelerou e encerrou o mês em 152 mil. O número havia atingido 188 mil em abril e analistas esperavam 175 mil em maio.
Na quinta-feira, foram divulgados os pedidos por seguro-desemprego nos Estados Unidos, que avançaram de 221 mil para 229 mil na semana encerrada em 1° de junho. O número veio acima da previsão de analistas, que esperavam 220 mil solicitações.
Para William Castro Alves, estrategista-chefe da corretora Avenue, o mercado de trabalho segue resiliente, com aumentos de salários acima da inflação, o que tenderia a manter o consumo aquecido, dificultando o controle da inflação e, portanto, cortes de juros se tornariam menos viáveis.
No entanto, chama a atenção a dois pontos. Primeiro, que os dados dos meses anteriores de março e abril foram revisados para baixo, gerando um efeito líquido de 15 mil postos de trabalho a menos criados nos 2 meses. Essas revisões têm sido comuns nas últimas divulgações. Então, apesar da primeira leitura ser bastante forte, fica a dúvida a respeito da possibilidade futura de revisão de um número tão forte de criação de postos de trabalho.
Segundo, a qualidade dos postos de trabalho também pode ser questionada, com um aumento expressivo de trabalhos de meio turno e redução da criação de postos de trabalho de período integral.