As principais bolsas de Nova York voltaram a enfraquecer nesta tarde e rondam a estabilidade após o resultado surpreendente do ‘payroll’ de maio, que registrou a abertura de 272 mil novas vagas de emprego, um volume bem acima do esperado, de 190 mil, e das 165 mil vagas registradas em abril. Também surpreendeu a aceleração do salário médio por hora para 0,4% em maio, depois de registrar 0,2% em abril.
Por volta das 16h30, o índice industrial Dow Jones estava praticamente estável, assim como o das maiores empresas americanas, o S&P 500. O que reúne empresas de tecnologia, o Nasdaq, caía 018%
Um mercado de trabalho mais aquecido do que o esperado deixa um corte de juros no país mais distante, o que é negativo para investimentos de risco, como ações. Depois da divulgação do dado, investidores voltaram a apostar em apenas um corte nos juros este ano, em setembro, segundo ferramenta do grupo CME.
Por outro lado, uma economia forte é benéfica para as empresas listadas nas bolsas de valores, aponta Henrique Vasconcelos, analista internacional da casa de análises Nord. "Quando a fase é boa até noticia ruim é bem recebida, e, quando a fase é ruim, até noticia boa é ruim".
A economista da ASA Investments, Andressa Durão, aponta ainda dados positivos na Household Survey, que aponta que o emprego teria caído em maio e levado a uma taxa de desemprego maior. "A diferença entre as duas medidas de emprego vem aumentando desde 2022. Além das diferenças amostrais entre as pesquisas, a questão da imigração e problemas metodológicos da pesquisa do payroll não parecem ser suficientes para explicar a diferença".
Durão aponta que até o próprio banco central americano (Federal Reserve, o Fed) tem dificuldade em explicar um emprego rodando acima de 200 mil e deve ficar mais cauteloso com os números divergentes do mercado de trabalho.
Os dados do payroll jogam um balde de água fria nos dados anteriores, que deram sinais de que o mercado de trabalho estava esfriando.
Para Seema Shah, estrategista-chefe global da gestora Principal, os dados de hoje fecham a porta para um corte na taxa de juros em julho. "Ainda esperamos que o banco central americano (Federal Reserve, o Fed) corte as taxas em setembro, mas outro conjunto de dados como os de hoje provavelmente também tiraria essa possibilidade da mesa. A notícia positiva, entretanto, é que, com um mercado de trabalho tão forte, a economia dos EUA não está nem perto do território de recessão".