Blog do Marcelo d'Agosto

Por Marcelo d’Agosto

Consultor de investimentos com registro na CVM e comentarista da CBN

Valor Investe — São Paulo


Nas últimas atas do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central (BC) vem enfatizando que a inflação segue uma trajetória descendente. No entanto, desde outubro de 2020 até hoje, a inflação, medida em períodos acumulados de 12 meses, tem ficado acima da meta perseguida pelo BC.

A meta para o ano de 2020 era de 4% e foi sendo reduzida ao longo do tempo até chegar no atual patamar de 3%. Essa evolução é representada pela linha tracejada do gráfico abaixo. Já a inflação acumulada em períodos de 12 meses, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é ilustrada pela linha verde do gráfico.

Clicando em cada nome da legenda é possível enxergar ou esconder as linhas. É uma forma de deixar o gráfico menos poluído e facilitar a visualização da evolução dos indicadores.

O IPCA atingiu a mínima de 1,88% no período encerrado em maio de 2020, chegou na máxima de 12,13% no intervalo até abril de 2022, caiu para 3,16% em junho de 2013, ficando abaixo da meta, e depois voltou a subir. O último número, que compreende o período de maio de 2023 até abril de 2024, é de 3,69%.

O BC também calcula um indicador chamado núcleo da inflação, ou, como é mais frequentemente chamado nas atas do Copom, a inflação subjacente. Conforme a definição do BC, é uma medida que procura captar a tendência dos preços, desconsiderando distúrbios resultantes de choques temporários.

Na prática, o BC recalcula a inflação excluindo alguns itens que fazem parte da cesta original, tais como alimentação no domicílio e combustíveis. Isso porque são itens que possuem variações mais extremas em função de fatores sazonais ou específicos.

Um desses indicadores que medem o núcleo de inflação é o Núcleo EX1, ilustrado pela linha laranja do gráfico. Comparando a evolução da variação em períodos de 12 meses do indicador com o IPCA é possível verificar que o Núcleo EX1 tem uma oscilação menor.

No ciclo de alta de inflação, que começa em maio de 2020, a variação em 12 meses do IPCA ficou sempre acima do Núcleo EX1. Em junho de 2022, por exemplo, a variação em 12 meses do IPCA foi de 11,89%. Já o Núcleo EX1 teve alta de 9,70%.

Em compensação, no período de queda da inflação, a partir de agosto de 2022, a situação se inverteu. A variação em 12 meses do Núcleo EX1 ficou acima do IPCA. Na medição mais recente, a diferença entre os dois valores ficou mais próxima. Em abril de 2024 o Núcleo EX1 foi de 3,83% e o IPCA foi de 3,69%, ambos acima da meta de inflação.

Outro indicador acompanhado pelo BC é a expectativa para a inflação em períodos futuros. A linha azul escuro do gráfico mostra a evolução da mediana das expectativas para a inflação 12 meses à frente de acordo com o apurado junto aos especialistas pelo boletim Focus.

Comparando as linhas de expectativa de inflação e do IPCA é possível verificar que as projeções para o futuro são mais estáveis do que a inflação passada.

Entretanto, a partir de fevereiro de 2021, a expectativa, mesmo abaixo da inflação passada, sempre ficou acima da meta, com a exceção do período entre fevereiro e julho de 2023.

Por último, a linha verde do gráfico mostra a evolução do IPCA de serviços. É um indicador que acompanha apenas os itens do IPCA relacionados ao setor de prestação de serviços, tais como alimentação fora do domicílio, aluguel residencial, recreação, consertos e manutenção.

O IPCA de serviços tende a ter uma dinâmica diferente dos demais itens acompanhados no IPCA. Entre julho de 2020 e maio de 2022 o IPCA de serviços ficou significativamente abaixo do IPCA. Depois de outubro de 2022, aconteceu o inverso. Na última medição, o IPCA de serviços foi de 4,60%.

Visualmente, todos os indicadores acompanhados pelo BC caminham em direção à meta. O que tem justificado os cortes da taxa Selic.

O desafio é fazer com que essa tendência continue.

Marcelo d`Agosto — Foto: Arte sobre Foto
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