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Por Por Paula Jacob


“Existe uma diferença entre ser sexy e estar sexualizada” (Foto: Mickalene Thomas) — Foto: Glamour
“Existe uma diferença entre ser sexy e estar sexualizada” (Foto: Mickalene Thomas) — Foto: Glamour

Seria impossível imaginar, quando foi lançada a primeira edição do quadrinho da Capitã Marvel, em 1967, que seu uniforme um dia passaria por uma reformulação para não objetificar o corpo da personagem. Ainda bem que estamos em 2020 e isso já é uma realidade, né? A responsável por essa façanha é a #girlboss Sana Amanat. Vice-presidente de conteúdo de todas as comic books da Marvel.

Ela tem protagonizado uma verdadeira revolução na imagem feminina das revistas da marca, o que influenciou outras áreas da gigante geek e ajudou a dar vida à versão cinematográfica da super-heroína no cinema, no filme Capitã Marvel, estreia de 2019 celebrada por sua abordagem feminista. “Existe uma diferença entre ser sexy e estar sexualizada. Quem sai para salvar o mundo de maiô e bota acima do joelho? Ninguém! Preciso fazer com que as mulheres se sintam representadas”, diz Sana, que revisita todos os uniformes e posições corporais das mulheres dos quadrinhos da Marvel.

Aos 37 anos, de origem paquistanesa e moradora de Nova Jersey (cidade vizinha de Nova York), Sana celebra outra vitória na missão de derrubar o patriarcado e promover a diversidade: é cocriadora de Kamala Khan (ou Ms. Marvel), primeira super-heroína muçulmana a protagonizar uma comic book da marca. “O entretenimento vai muito além da diversão. As pessoas querem se conectar, se identificar com as histórias”, acredita. Os números e o ex-presidente dos Estados Unidos concordam com ela: os 11 volumes de Kamala venderam mais de meio milhão de cópias desde o lançamento, em 2014, com direito a elogios públicos de Barack Obama (#goals). O sucesso foi tamanho, que a personagem passou a integrar o jogo de videogame The Marvel’s Avengers, da Crystal Dynamics.

Fã de quadrinhos desde pequena – suas heroínas preferidas são Tempestade, do X-Men, e Carol Danvers, a.k.a Capitã Marvel –, Sana percebeu, ao longo de sua trajetória de dez anos na Marvel, que insistir nos estereótipos condenaria personagens icônicos a uma atitude presa numa visão de protagonismo do passado e obsoleta. “O ser humano é complexo, repleto de camadas. Olha o quanto podemos criar em um personagem, se levarmos em conta a vida real.”

O poder de mudança da criadora parece não conhecer limites. Ela também participa do comitê do Hero Project, iniciativa para criar personagens de quadrinhos baseados em crianças e jovens que estão mudando o mundo de alguma forma (o projeto virou até documentário para o Disney+). Se tudo isso já não fosse incrível o suficiente, Sana ainda coordena o Women of Marvel, plataforma para enaltecer as mulheres da empresa, assim como as personagens femininas, as leitoras e todos os interessados pela igualdade. “Quem sabe um dia essas mulheres não escrevem para a Marvel? A conexão entre produção de conteúdo, temas relevantes e audiência só tende a crescer.” E a mudança já é visível. Hoje, o público feminino dos quadrinhos é de 40%; há dez anos, não passava de 10%. “As histórias não precisam ser feitas pensando se são para homens ou para mulheres. Elas devem ser para todos.” Heroína que chama?

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