Moda
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Por Luanda Vieira


Ocupar espaços. Está aí um desejo genuíno dos profissionais negros – e aqui eu, Luanda Vieira, editora de moda da Glamour, escrevo com conhecimento de causa. Mas junto com a vontade nasce um problema: o estereótipo de que nosso trabalho precisa necessariamente refletir os traços da raça. Não existe certo ou errado.

As peças da Verkko, da estilista Thais Delgado, estão disponíveis no Gallerist e no Shop2gether (Foto: divulgação) — Foto: Glamour
As peças da Verkko, da estilista Thais Delgado, estão disponíveis no Gallerist e no Shop2gether (Foto: divulgação) — Foto: Glamour

Quer criar a partir da estética afro? Boa! Prefere um recorte mais minimalista? Ótimo também. E é aí, na contramão do senso comum, que algumas designers vêm se destacando ao produzir moda sem o sobrenome “afro”. “A África sempre será um norte para o meu trabalho, mas considero muito mais importante ser mulher negra produzindo, com a consciência de trabalhar com pessoas negras durante todo o processo de criação, do que fazer um produto marcadamente afro-brasileiro”, diz Thais Delgado, 33 anos, fundadora e diretora criativa da Verkko.

Desde 2014, quando a marca nasceu, a carioca transforma suas reflexões sobre a construção histórica do lugar do negro no País em peças que potencializam a existência feminina. Como? Inspirando-se em pessoas e projetos sociais. “Sigo uma estética minimalista, e a Verkko é o meu grito de inclusão para o mundo”, define Thais. Muita pesquisa também é a raiz da criação de Izabella Suzart, 25 anos, que já foi questionada por não criar uma moda padrão (neste caso, com símbolos africanos) e precisou se aprofundar no trabalho de “artistas negrxs” para entender e elaborar o estilo contemporâneo de sua A-Aurora.

Todas as sandálias Tereza, da grife A-Aurora, são pintadas à mão — Foto: Glamour
Todas as sandálias Tereza, da grife A-Aurora, são pintadas à mão — Foto: Glamour

A grife de sapatos artesanais tem o salto de madeira como marca registrada e a colocou como única brasileira no tradicional calendário Shoes Page-A-Day, da Inglaterra, em 2018. “A sensação de não lugar é desagradável, então se as marcas de moda são responsáveis por criar imagens desejáveis e estereótipos, acho importante apresentar na minha que ser negro é ser livre e mudar o que teoricamente foi predeterminado”, afirma. Seguiremos juntas, meninas!

Pares da paz

Lane Marinho (Foto: divulgação) — Foto: Glamour
Lane Marinho (Foto: divulgação) — Foto: Glamour

Lane Marinho também faz parte desta turma de talentos! Quando abriu sua marca homônima de calçados, em 2013, em São Paulo, a baiana queria desacelerar o ritmo que mantinha de criar para grandes empresas, como Grendene e grupo Arezzo, e focar em um formato menor. Sua maior preocupação é transmitir leveza através do design. “Essa é a minha contribuição para uma sociedade mais tolerante. Mas, insisto em dizer que, com certeza, a elegância nasceu na África”, afirma ela. Sabe que sim?

Fotos: Thiago Bruno, Wendy Andrade e divulgação

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