Luiza
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Por Luiza Brasil


(Arte: Iago Francisco) — Foto: Glamour
(Arte: Iago Francisco) — Foto: Glamour

Olá, tudo bem? Aqui quem fala é o Cabelo Crespo da Luiza. Sabe, muita coisa mudou para mim nos últimos tempos: agora eu tenho vida própria, voz, ocupo mais espaços e ganhei a simpatia das pessoas – ainda que nem todas entendam a minha existência no mundo.

Sim, a Internet colaborou muito com esse processo de aceitação tanto da minha dona e de suas semelhantes, que entenderam o poder dos seus fios naturais com a ajuda de bloggers e youtubers e da mídia, que aos poucos vai desconstruindo o terrível mito de o que seria um “cabelo bom” e parando de nos esconder por trás do “liso ideal” da chapinha ou dos “cachos perfeitos” feitos com babyliss. Mas, apesar de uma série de conquistas, ainda sofremos com o racismo. A prova disso é o caso da empresária Yasmin Stevam, que discutiu em um programa de TV o fato de ter tido dificuldade de conseguir um emprego por conta das madeixas afro. Por incrível que pareça, em vez de promover a empatia do grande público, o assunto gerou uma série de discursos de ódio, memes e opiniões que só reforçam o quanto o Brasil ainda lida com o racismo velado.

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Afinal, segundo o IBGE, 64% dos desempregados brasileiros são da população negra e, obviamente, essa relação não só tem a ver com escolaridade, como também com a aparência. E isso não é mimimi: é pura estatística.

Sei que sou versátil, abraço mil possibilidades de penteados e técnicas capilares, e não preciso mais encarar o alisamento como a única forma de ser adequado. Mas se tem uma coisa que deixa a minha dona bem irritada, é quando terceiros acham que podem dar aquele pitaco sem noção sobre o que ela deve ou não deixar de fazer com o seu picumã. “Use ele todo colorido”; “Faz trança, você fica ótima”; “Por que não o deixa solto, está na moda”; “Mas você está com o cabelo natural? Ficava tão melhor daquele outro jeito...”.

Luiza Brasil (Foto: Instagram/Reprodução) — Foto: Glamour
Luiza Brasil (Foto: Instagram/Reprodução) — Foto: Glamour

É claro que elogios, críticas e sugestões são bem-vindos, mas desde que sejam previamente consultados. As pessoas precisam entender que essa relação da mulher negra com escolhas em torno do seu cabelo é algo recente. Na maioria dos casos, elas cresceram sem nos aceitar por conta de uma sociedade que, por muitos séculos, não nos via como bonitos. É todo um processo de aceitação, superação e recuperação da autoestima que envolve muito acolhimento – de si mesma, da família, dos amigos e dxs parceirxs.

Ok, sou lindo, impecável, quase uma obra de arte. Portanto, não me toque se não tiver a autorização dessa que me porta. Isso tem muito a ver com a história de um país que, durante muito tempo, achou que tinha plenos direitos sobre o corpo negro em virtude da escravidão. Mas agora o momento é outro, e tal ato é extremamente invasivo e indelicado.

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Bom, chega de desabafos! Acho que agora você já conseguiu entender que o cabelo afro é lindo e precisa ser livre. Chega de pensar que ele só é esteticamente aceitável se tiver os cachos definidos. Tenha empatia com as inseguranças de quem vive o momento de transição capilar dando incentivo. Apoie as mudanças e transformações realizadas por quem viveu a ditadura dos alisantes durante anos. E atenção: lembre-se que tudo isso são escolhas, e não imposições. Ser crespa é um verdadeiro ato de amor e resistência.

Beijos carinhosos,

Cabelo Crespo da Luiza

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