Sustentabilidade
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Por Fe Cortez


Desde que comecei o Menos 1 Lixo, quase 5 anos atrás, uma das dúvidas que mais escuto é: como abolir as sacolas de plástico na lixeira de casa? Esta pergunta está diretamente relacionada à polêmica que sempre surge quando um Estado aprova uma lei que proíbe a distribuição gratuita de sacolas em supermercados (como acaba de acontecer no Rio de Janeiro). Mas, antes de dar cinco opções pra você eliminar de vez essa assassina de animais da sua vida, vamos entender melhor por que isso é tão importante e urgente. Vem comigo!

Por que as sacolas plásticas são um problema?

Segundo um estudo publicado pela WWF, o Brasil é o quarto país que mais gera lixo plástico no mundo – e as sacolinhas são bem significativas nessa conta. Não acredita? Das 5 trilhões de sacolas plásticas consumidas anualmente ao redor do planeta, 1,5 milhão vem dos brasileiros. por HORA. Yep! A boa notícia é que esse desperdício pode ser facilmente evitado e gerar um impacto pra lá de positivo no ecossistema.

Desde o ano 2000, o mundo já produziu a mesma quantidade de plástico que em todos anos anteriores somados. 75% desse total já foi descartado e um terço foi direto pra natureza, especialmente para os oceanos. Até 2015, só 9% de todo o plástico produzido no mundo tinha sido reciclado.

5 maneiras de deixar a lixeira da sua casa mais sustentável (Foto: Getty Images) — Foto: Glamour
5 maneiras de deixar a lixeira da sua casa mais sustentável (Foto: Getty Images) — Foto: Glamour

Além disso, estima-se que metade da produção de plástico – que, só em 2016, atingiu 396 milhões de toneladas e cresce a um índice de 4% todos os anos desde 2000 – é utilizada para fazer produtos descartáveis. Como a sacolinha de supermercado, que tem uma vida útil de, no máximo, 3 anos, mas vai ficar por aqui por pelo menos mais 450...

O resultado disso é: 2/3 de todos os resíduos viram poluição plástica, e os oceanos são os mais afetados com isso. Estima-se que 80% do plástico que chega por lá é fruto da poluição terrestre. Todos os anos, de 8 a 12 milhões de toneladas acabam no mar. E isso é problema nosso!

A novela da proibição

Em março deste ano, um episódio chocou o mundo todo. Uma baleia foi encontrada morta em Dávao, nas Filipinas, com 40 kg de sacos plásticos no estômago. E notícias como essa estão cada vez mais recorrente nos jornais: recentemente, uma sacolinha e outros plásticos foram encontrados a 11 mil metros de profundidade na Fossa das Marianas, um dos trechos mais profundos dos oceanos.

O problema das sacolas é tão sério, que elas já foram proibidas em vários países do mundo: Bangladesh, Quênia, África do Sul, Ruanda, Mauritânia, Índia, China, França, Argentina, EUA e México. No Quênia, inclusive, pesquisas apontaram que 67% a menos de animais marinhos morreram sufocados no primeiro ano de proibição das sacolinhas. Imagina isso a longo prazo, né? Antes disso, pescadores costumavam encontrar plástico em 3 cada 10 animais. Lá, a legislação prevê 4 anos de prisão e multas que chegam a 40 mil dólares pra quem insistir nos sacos plásticos descartáveis.

No ano passado, o ex-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, sancionou uma lei que proíbe a venda e distribuição dos sacos plásticos no Estado. A lei entrou em vigor no dia 26.06, e todos os estabelecimentos deverão substituir esses produtos por sacolas biodegradáveis e/ou reutilizáveis que custarão R$0,08 cada. Com isso, espera-se que saiam de circulação 4 bilhões de sacolinhas plásticas por ano.

Entretanto, o que, a princípio, parece ser um grande avanço em termos de sustentabilidade, possui várias ressalvas. Segundo uma matéria publicada pelo Projeto Colabora, especialistas sugerem cautela e apontam dificuldade na adoção de sacolas totalmente sustentáveis. Os novos produtos possuem composição química idêntica à tradicional. Sim, a matéria-prima dos sacos novos é a cana-de-açúcar, mas, mesmo assim, eles demorariam ao menos 200 anos para se degradar na natureza. Na prática, a lei vai impulsionar o plástico de cana-de-açúcar, proveniente de uma resina feita pela Braskem, numa fábrica do Rio Grande do Sul. E a sacolinha não se biodegrada igual à tradicional, mas mata animais marinhos igual à tradicional e entope bueiros da mesma forma!

Por ela poder ser vendida agora, espera-se que tenhamos no Rio uma diminuição similar à que aconteceu em São Paulo. O ponto mais importante para mim é o gancho para a gente repensar nossos hábitos. O plástico é um problema NOSSO. O que acontece com nosso lixo depois que a gente usa alguma coisa é, sim, problema NOSSO. E a solução também deve partir da gente, seja na esfera individual ou na pública. Seja cobrando leis melhores que essa e gestão de resíduos com compostagem em larga escala; seja cobrando materiais compostáveis e realmente biodegradáveis das indústrias... Mas fomos nós, seres humanos que criamos esse problema. Tá na nossa mão agora resolver.

5 maneiras de deixar a lixeira da sua casa mais sustentável (Foto: Getty Images) — Foto: Glamour
5 maneiras de deixar a lixeira da sua casa mais sustentável (Foto: Getty Images) — Foto: Glamour

Mas vamos voltar pras sacolinhas! Dá pra viver bem sem elas, eu prometo!

#1 Pra que tanta lixeira?
A primeira dica é super simples: observar se você precisa MESMO ter tantas lixeiras em todos os cômodos da sua casa. Reduzir o número de lixeiras já faz diferença na hora de entender quanto de lixo geramos dentro de casa (e repensar esse hábito). Que tal ter menos lixeiras e lixeiras maiores? Pense também se há necessidade de ter saquinhos em todas elas. Lá em casa, nem as lixeiras de banheiro têm saquinho – o baldinho de dentro da lixeira é lavado toda semana e o rejeito do papel de banheiro vai pra única lixeira maior que eu tenho em casa.

#2 Sacolinhas de papel e/ou dobradura de jornal
Os sacos de papel são uma ótima alternativa para se livrar do plástico. Enquanto a sacola convencional vai poluir o nosso planeta por 450 anos, o papel demora de 3 a 6 meses para se decompor. Dá pra fazer uma dobradura de jornal super fácil (aprenda no vídeo abaixo). Se você não consome mais jornal, dá uma olhada pela vizinhança: sempre tem alguém que descarta um jornal por aí. Ou fala com o jornaleiro perto da sua casa, já que o jornal de ontem já não tem mais utilidade pra ele, né?

Mas também dá pra recorrer às sacolas de papel ou os sacos de pão da padaria, sabe? Elas são vendidas, ou dá pra usar aquele do pãozinho que você comprou mesmo.

#3 Caixa de papelão
Sabe aquelas caixas de papelão que a gente recebe nos supermercados? Você pode substituir o lixo dos recicláveis por elas. A primeira vantagem é que elas são grandes - diferente dos recipientes menores, que demandam vááários sacos de plástico. Elas também são resistentes, e cerca de 80% delas é de recuperação de papel velho. A produção mundial de 1998 foi de 1 bilhão e 600 milhões de toneladas, com uma taxa de reciclagem de 71,6% (uma das maiores do mundo se comparada a outras embalagens). Além disso, o papelão tem origem natural e demora tanto tempo pra se decompor quanto o papel. E mais: aqui no Rio, por exemplo, a coleta seletiva só pega seu resíduo se ele estiver embalado em um saco transparente, ou seja, o saquinho do mercado dentro do saco transparente vira apenas mais um resíduo com taxa de reciclagem baixíssima!

Dica bônis: muitas pessoas também usam as caixas de papelão para fazer compras e depositar os alimentos ali mesmo. É uma ótima dica pra quem vai de carro e coloca as compras no porta-malas. Com a caixa, não há necessidade da sacola plástica e depois você ainda consegue usá-la para descartar o seu lixo.

#4 Composteira
Uma das maneiras que eu encontrei para abolir os sacos plásticos quando se trata de lixo orgânico, foi comprar uma composteira doméstica. É o primeiro passo pra quem quer ter uma rotina mais sustentável, desperdiçar menos comida e se relacionar de forma mais harmônica com o seu próprio consumo. O processo é bem simples e as minhoquinhas fazem todo o trabalho. Eu já expliquei a compostagem várias vezes no meu canal, vê lá!
Você também pode assinar algum plano de empresas que fazem a compostagem pra você, como é o caso do Ciclo Orgânico no Rio.

#5 Usar sacos compostáveis para a única lixeira que você terá na sua casa
Depois de eliminar lixeiras, os saquinhos das lixeiras, colocar o material reciclável numa caixa ou direto na lixeira do prédio (se você morar em um) e compostar, sobra uma única lixeira com saco em casa para os rejeitos e o que não puder ser reutilizado, compostado ou reciclado. Aí, você pode comprar sacolas compostáveis pra usar nesse lixo, que vão se decompor como comida em aterros e lixões! Em se você está se perguntando se terá que pagar por elas, sim, você terá, mas pensa bem, você já paga direta ou indiretamente pelas dos mercados mesmo, e assim você ainda dá mais valor a essa sacolinha e pensa em como gerar menos lixo no dia a dia pra usar menos sacolas ;)

E aí, qual dessas alternativas você mais gostou e pretende adotar? Conta pra mim lá no insta: @fecortez!

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