Sustentabilidade
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Reciclagem (Foto: Instagram/Reprodução) — Foto: Glamour
Reciclagem (Foto: Instagram/Reprodução) — Foto: Glamour

"Ah, mas eu separo meu lixo pra reciclagem". Essa é uma das frases que eu mais escuto quando alguém quer dizer que é sustentável. Mas, atenta: separar o lixo para a coleta seletiva é apenas uma forma de ter a consciência tranquila, pois isso não quer dizer que ele de fato vai ser reciclado! Sim, essa é a mais pura (e triste) verdade. Reciclável não quer dizer reciclado.

O Brasil recicla menos de 3% de todo o seu lixo. São Francisco, na Califórnia, recicla 80%. A diferença é tão absurda que dá até vergonha, e leva à pergunta que não quer calar: o que acontece com o lixo que eu separo pra coleta?

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A resposta é: depende. De um moooonte de fatores. Mas o principal deles é o valor daquele resíduo e o mercado que existe pra ele ser reciclado. Não adianta a pessoa separar seu lixo se a cooperativa não tem pra quem vender. Reciclagem não é filantropia, é um negócio como outro qualquer...

A latinha de alumínio, por exemplo, é recorde no mundo, com uma taxa de 98% de reciclagem. Em 60 dias, a latinha que você descartou volta para as prateleiras. E como isso é possível? Graças ao valor do material e ao preço por quilo repassado para o catador, um dos maiores da cadeia de resíduos. Mesmo com a bitributação do material, ainda assim o alumínio tem valor. Segundo o Ecycle, o imposto sobre produtos industrializados (IPI) sobre a resina virgem é de 10%, enquanto que para uma matéria reciclável é de 12%, criando essa bitributação (dois impostos sobre o mesmo produto) que dificulta ainda mais a reciclagem de materiais "baratos" como o plástico.

Fe Cortez (Foto: Instagram/Reprodução) — Foto: Glamour
Fe Cortez (Foto: Instagram/Reprodução) — Foto: Glamour

Falando nele, se não mudarmos nosso consumo de descartáveis, teremos mais plásticos do que peixes nos oceanos em 2050, e recentemente a ingestão de plásticos superou as redes de pesca na causa das mortes de tartarugas. E pensar que usamos um dos materiais mais resistentes que existem para produtos descartáveis (e que 35% deles serão usados 1 vez por até 20 minutos. Oi?).

Voltando à reciclagem, a taxa de plásticos no Brasil gira em torno de 20%, com a PET liderando o ranking (51% de todo PET é reciclado). Ou seja: aquela embalagem de salgadinho, plástico filme e canudinho tem uma taxa de reciclagem baixíssima, muitas vezes próxima de zero, como é o caso do copo descartável no País. E mesmo assim consumimos 720 milhões deles por dia!

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O vidro, por exemplo, é um material com potencial pra ser infinitamente reciclado, mas existem apenas 5 fábricas no Brasil que reciclam vidro, e o peso inviabiliza o transporte das cidades até elas. Em Brasília, o vidro já não é mais um material classificado como reciclável, porque a fábrica mais próxima fica a quase 1000km da cidade.

Olhando pra tudo isso você deve estar se perguntando: o que fazer?

Em primeiro lugar, reduzir a produção de lixo. Em segundo lugar, reduzir a produção de lixo. Em terceiro, reduzir, e, em quarto, reduzir. Aí repensar nosso consumo, adotar melhores práticas. Para o processo da reciclagem acontecer, gasta-se água, energia, emissão de gases de efeito estufa (para o transporte desse material até a separação e reciclagem)... E esses são só alguns dos impactos desse processo. Claro, é melhor reciclar do que despejar o lixo em aterros e lixões (esses deveriam ter sido extintos do Brasil há mais de 3 anos pela Política Nacional de Resíduos Sólidos). Existem sites como o eclycle, onde você pode achar o que é de fato reciclado onde você mora - sim, isso também varia. E, com base nisso, você pode trocar alguns materiais por outros.

Escrever para as indústrias que você mais consome funciona bem; essa pressão nossa, do consumidor, é fundamental para a transformação. Não pare de separar seu lixo, exija que as taxas de reciclagem aumentem. Pense muito bem em quem você vai votar nas próximas eleições e leve a questão da sustentabilidade a sério.

Por último, pratique a autorresponsabilidade. O lixo que você produz é, sim, problema seu. Repense, recuse, reuse, reduza e por último recicle.

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