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Por Por Paula Jacob (@pjaycob); Fotos Divulgação


A adolescência é um período da vida cheio de confusões mentais, conflitos internos e atitudes que, muitas vezes, tinham um total de 0 explicação lógica para acontecer. A experiência da época é bastante caótica também enquanto transição de fases, descobertas (autodescobertas) e muito sentimento à flor da pele. É nesse contexto que Karen Maine faz a sua estréia como diretora, trazendo reflexões sobre amadurecimento, sexualidade feminina, culpa e hipocrisia social no seu indie-gostosinho-de-ver, Yes, God, Yes – disponível no Now, Vivo Play, Sky Play, iTunes, Apple TV, Google Play e YouTube, para compra ou locação.

Yes, God, Yes: comédia reflete sobre sexualidade feminina, culpa e hipocrisia social (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour
Yes, God, Yes: comédia reflete sobre sexualidade feminina, culpa e hipocrisia social (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour

Natalia Dyer (sim, de Stranger Things <3) é Alice, jovem estudante de uma escola católica numa pequena cidade dos Estados Unidos. As restrições do comprimento das saias que as meninas podem usar ou dos botões abertos das camisas polo não impedem, porém, a existência de rumores de que ela teria dado um beijo grego em um colega de turma. Os boatos se espalham pelos corredores, criando um clima de constrangimento geral, sendo que 1) ela nem tinha ficado com ele e 2) não sabia que raios era o tal de beijo grego… Numa tentativa de se redimir diante de si, dos amigos e, quiçá, de Deus, ela e a melhor amiga, Laura (Francesca Reale), se inscrevem num retiro promovido pela instituição para "se conectar com o divino".

Yes, God, Yes: comédia reflete sobre sexualidade feminina, culpa e hipocrisia social (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour
Yes, God, Yes: comédia reflete sobre sexualidade feminina, culpa e hipocrisia social (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour

O que parecia um bom escapismo, se torna, na verdade, um espaço onde todas as ânsias de autodescobrimento da sexualidade e as picuinhas de adolescentes fofoqueiros ficam ainda mais intensas. Alice, então, precisa descobrir quem é, o que quer e como lidar com tudo isso. Na tentativa de traçar uma relação entre masturbação feminina, religião e o corpo da jovem mulher no mundo, Karen Maine constrói situações cômicas para trazer leveza ao assunto – note o trocadilho no nome, Yes, God, Yes. Nem por isso, deixa para trás pontos importantes da trajetória da personagem.

Yes, God, Yes: comédia reflete sobre sexualidade feminina, culpa e hipocrisia social (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour
Yes, God, Yes: comédia reflete sobre sexualidade feminina, culpa e hipocrisia social (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour

É interessante notar como o filme retrata dois âmbitos importantes nesse processo de crescimento: as opressões externas e as possibilidades de contato com o íntimo pela curiosidade da idade. O jogo é bem descompassado entre o que Alice encara como natural e o que a escola/professores/padre/colegas falam durante as missas, o confessionário e as atividades escolares. O que, ao longo do filme, vira uma grande hipocrisia por parte daqueles que julgam – sem spoilers – e acabam cometendo eles mesmos o que pregavam tanto como "pecado".

Yes, God, Yes: comédia reflete sobre sexualidade feminina, culpa e hipocrisia social (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour
Yes, God, Yes: comédia reflete sobre sexualidade feminina, culpa e hipocrisia social (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour

A noção de que o mundo não é perfeito, que as caixas de "bom" e "ruim" são simplórias para a nossa complexidade existencial e que, na verdade, está todo mundo na mesma, tentando entender cada um as respectivas demandas emocionais e sociais, faz Alice aceitar a sua sexualidade com menos peso. Um alívio e tanto quando isso acontece, né?

Ressalto mais uma vez a despretensiosidade desse retrato jovial (dê um play na cena que mostramos com exclusvidade para entender o mood), e não só: a imagem da masturbação feminina na adolescência como ferramenta potente de autoconhecimento. Pense quantas vezes esse não foi assunto de outros filmes com personagens meninos. Pois é. Vamos, enfim, naturalizar esse contato – por que não?

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