Saúde
Publicidade

Por Giovana Romani


(Foto: Rafael Evangelista) — Foto: Glamour
(Foto: Rafael Evangelista) — Foto: Glamour

Parecia fácil. Afinal de contas, é a ordem natural do ciclo da vida. Caroline Bicchieri se casou aos 24 anos e decidiu engravidar aos 27. Cinco anos e muitas tentativas depois (o que inclui de simpatias a tratamentos e um diagnóstico de endometriose), ela segue em busca do sonho da maternidade, apostando agora na fertilização in vitro.

“Fiz muitos exames até entender o que estava acontecendo, afinal não era um problema de idade”, conta Caroline, orientadora pedagógica em uma escola no Rio de Janeiro. “Hoje estou otimista, mas realista. Não quero mais me sentir tão pressionada.” Um sentimento compartilhado por mulheres que, como ela, enfrentam dificuldades para engravidar antes dos 35.

É o caso da modelo americana Chrissy Teigen, 31, que recorreu à fertilização e deu à luz Luna, sua filha com o músico John Legend, em abril de 2016. Ou ainda de Leandra Medine, 28, criadora do site Man Repeller. Em suas palavras, “depois de muito estresse não tratado, 17 embriões congelados e duas transferências frustradas”, a fashionista enfrentou um período de depressão (mais tarde, Leandra acabou engravidando de forma natural, mas perdeu o bebê).

Não é tão simples assim
Mas por quê? Antes de mais nada, entenda que engravidar não é assim tão fácil. Você sabe como funciona, claro. Mas tudo tem de estar perfeitamente encaixado para que a gestação ocorra: período fértil, óvulos saudáveis e espermatozoides idem, trompas livres, fecundação e implantação do embrião bem-sucedidas… Há toda uma mágica envolvida e, se uma etapa falha, todo o processo é comprometido.

“Aos 30, a chance mensal de uma mulher engravidar é de 20%”, explica o médico carioca Marcello Valle, especialista em reprodução. “E só dá para começar a falar em problemas de fertilidade após um ano de tentativas.”

A ideia aqui não é fazer alarmismo, até porque cada mulher conhece suas prioridades – e seu corpo. Certo? Mais ou menos. Esquecemos às vezes de uma informação que recebemos lá atrás, ainda na escola: a produção de óvulos se dá até os primeiros cinco meses da vida uterina. Ou seja, toda mulher já nasce com um generoso estoque de até 7 milhões de óvulos. Esse número cai para 1 milhão no primeiro ano de vida, para 400 mil no início da puberdade e assim por diante.

E vale o adendo: cigarro e excesso de álcool aceleram a queda. “Além disso, quanto mais velho o óvulo, mais difícil de formar um embrião”, afirma a ginecologista carioca Mariana Maldonado. “A medicina tem muitos recursos para ajudar a mulher a engravidar, mas na qualidade do óvulo ainda não conseguiu interferir.”

Ilustração: Camila Gray — Foto: Glamour
Ilustração: Camila Gray — Foto: Glamour

Essa tal de infertilidade
Explicações feitas, vamos voltar aos 30 e poucos anos, óvulos em dia, tudo certinho. Aí as causas da infertilidade variam. Segundo Valle, 40% dos casos estão relacionados à qualidade do sêmen (concentração insuficiente de esperma e falta de mobilidade dos espermatozoides, por exemplo), 40% a alterações da mulher e 20% a motivos desconhecidos.

É superimportante que as duas partes do casal façam exames e estejam dispostas a encarar tratamentos. Se o problema for do homem, é possível selecionar apenas os melhores espermatozoides e inseminá-los artificialmente.

Quando falamos de uma mulher jovem, de até 35 anos, há três principais motivos para a infertilidade: 1) síndrome do ovário policístico, em que cistos se formam e permanecem interferindo no ciclo e na ovulação; 2) alterações nas trompas, que podem estar lesionadas ou obstruídas em consequência de infecções ou cirurgias; 3) endometriose, quando há formação de tecido endometrial fora do útero.

“Trata-se de um processo inflamatório crônico que gera uma série de infecções e, por isso, atrapalha a gravidez em várias etapas, desde o óvulo até a receptividade do endométrio”, explica Valle.

“Vocês não pensam em filhos?”
Tem gente que se arrepia com essa pergunta. Caso da apresentadora americana Tyra Banks, 43, que em 2015, em seu programa de TV, fez um apelo para que parassem de usar a frase. “Você não tem ideia do que as pessoas possam estar passando”, disse ela, que, depois de muito tentar, teve o menino York através de uma barriga de aluguel.

Já a paulistana Luciana Obniski, 33, nunca viu o assunto como tabu. “Descobri que tinha endometriose aos 16 anos, fui operada três vezes dos 17 aos 20, perdi um ovário e meio e uma trompa. Aos 27, tinha a reserva ovariana de uma mulher de 42.” Em vez de congelar óvulos para o futuro, opção sugerida pelo médico (veja no quadro abaixo), ela partiu para duas tentativas de tratamento. Primeiro, a estimulação de ovulação + coito programado (há ainda a opção de fazer a inseminação artificialmente). Não rolou.

Depois, a fertilização, em que o embrião é fecundado em laboratório e introduzido no útero. Outra decepção. “Aí desisti, mas pelo menos com a sensação de que tinha tentado de tudo.” Ironia do destino, ela engravidou naturalmente pouco tempo depois. Hoje, sua filha, Helena, 1 ano, esbanja saúde. “Nesse processo, percebi como a cobrança da sociedade e de nós mesmas é cruel”, afirma. Mas não precisa ser. A medicina e o empoderamento feminino estão aí para ajudar.

Vai pra geladeira
Quando é hora de congelar os óvulos e quanto você vai gastar

(Foto: Rafael Evangelista) — Foto: Glamour
(Foto: Rafael Evangelista) — Foto: Glamour

O desejo de ser mãe existe, mas o parceiro não. Ou você sente que está chegando no ápice da carreira profissional e não pode parar. Ou os dois. Talvez seja hora de pensar em congelar seus óvulos. “O ideal é que a mulher faça isso entre 30 e 35 anos”, recomenda o especialista em reprodução Marcello Valle.

Feito na clínica, o procedimento custa em média R$ 13 mil. Gastam-se ainda entre R$ 5 mil e R$ 7 mil com medicamentos que controlam ovulação e hormônios no pré-tratamento. Já a manutenção dos óvulos congelados custa R$ 1 mil por ano.

Mais recente Próxima Retenção de líquido: saiba como diminuir o inchaço no corpo
Mais de Glamour