Política

Por Marília Marasciulo

Anielle Franco, atual ministra da Igualdade Racial e irmã de Marielle Franco, vereadora carioca assassinada em 2018, foi escolhida pela revista americanaTime como uma das 12 Mulheres do Ano em 2023.

Ela é a única brasileira da lista e figura ao lado de personalidades como as atrizes Cate Blanchett e Angela Bassett, a jornalista iraniana Masih Alinejad e a ativista pelos direitos humanos mexicana Verónica Cruz Sánchez.

No texto que apresenta a ministra, a revista escreve: “A trágica história familiar, a personalidade calorosa e o uso hábil das mídias sociais transformaram Anielle, ora reservada, em uma líder improvável no movimento pelos direitos dos negros no Brasil.”

De fato, não estava nos planos de Franco entrar para a política. Sua vocação era o esporte: começou no vôlei aos 8 anos de idade. Aos 16, ganhou uma bolsa de estudos para jogar nos Estados Unidos, onde teve a oportunidade de estudar inglês e jornalismo em duas universidades e conhecer a fundo a influência de lideranças negras como Martin Luther King Jr. e Angela Davies.

Até que, em março de 2018, Marielle Franco foi assassinada a tiros no Rio de Janeiro. Coube a Anielle tomar a dianteira no legado político da irmã e na busca pela justiça. “Eu me vi numa posição que era: se eu não tomar esse lugar para defender a memória da minha irmã, alguém vai fazer”, conta a ministra em entrevista a GALILEU.

O lugar que ela encontrou para defender esse legado foi o Instituto Marielle Franco, inaugurado em julho de 2018. A ONG foi criada com o propósito de lutar por justiça e igualdade, defender o legado da vereadora e inspirar outras mulheres negras, LGBTQIA+ e periféricas.

A atuação no Instituto a credenciou para ocupar o Ministério da Igualdade Racial, pasta extinta em 2015 e recriada no novo governo Lula. “O fato de termos um ministério hoje é a representação do fato de não cabermos dentro da secretaria porque somos grandiosos, diversos. Temos muitas pautas, demandas e urgências que precisam e merecem o Ministério”, defende.

Para a ministra, sua gestão na pasta ficará marcada pela transversalidade com outros ministérios em busca de políticas públicas que contemplem a igualdade racial. E essas trocas já vêm dando frutos: ela adianta que a ministra da Saúde, Nísia Trindade, deve anunciar em breve uma coordenação voltada para a saúde da população negra. Leia a seguir a entrevista completa.

Você está à frente de uma pasta que estava extinta desde 2015. Por que é importante voltarmos a ter um ministério da igualdade racial?

Eu começaria dizendo que a gente — e por “a gente” eu me refiro ao povo preto — não cabe dentro de uma secretaria. Eu entendo que isso já tinha sido feito, que no governo anterior existia só uma secretaria. Mas é algo muito grandioso, mais de 50% da população brasileira. São pessoas que diariamente sofrem e precisam toda hora comprovar que são capazes. É muito emocionante poder voltar, ter um governo federal que pense na população preta, porque entende que são pessoas que vieram de baixo, porque sabe a dificuldade que é estar em vulnerabilidade.

O fato de termos um ministério hoje é a representação do fato de não cabermos dentro da secretaria, porque somos grandiosos, diversos. Temos muitas pautas, demandas e urgências que precisam e merecem o ministério.

Cerimônia de posse da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, no Palácio do Planalto — Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Cerimônia de posse da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, no Palácio do Planalto — Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Nesses anos, como você avalia a situação do país no combate ao racismo e na promoção da igualdade racial?

A gente sabe que caminhou. O que me chama muito atenção é que, como um todo, às vezes o país não evolui junto com seus governantes. Muitas vezes a gente tem que se reafirmar enquanto um povo que precisa de um ministério, um povo que passa diariamente por racismo, fome, bala perdida.

Avalio que nos últimos quatro anos — na verdade eu diria seis, do golpe da presidente Dilma até o ex-presidente — a gente não teve acréscimo, nem investimento nenhum em políticas públicas de igualdade racial. Eram coisas que ficaram a deus-dará. E entendo a importância de debatermos e pautarmos essas coisas hoje, mas ainda quero mais. Ainda espero que possamos, futuramente, para além do ministério, ter aplicação concreta de coisas que fiquem de legado.

Quais você considera os principais desafios para alcançarmos essa igualdade?

São muitos, mas começaria pela educação. A gente precisa ter acesso à educação da história do povo preto nas escolas. Uma educação antirracista de qualidade, aplicada, concreta. Outro ponto muito importante é a comunicação dessas pautas, porque toda vez que a gente fala, por exemplo, que vamos debater e fortalecer a Lei de Cotas, sempre vem alguém: “ai, mas esse mimimi de novo?” As pessoas não têm a hombridade de falar o que é a Lei de Cotas, o que que ela contempla, como que ela é aplicada, qual o resultado. Então eu acho que essa comunicação, o acesso à informação, é primordial.

E a gente sabe que, ainda assim, isso tudo não é suficiente para combater o racismo. Acho que quando o presidente Lula fala da retomada do Japer [sigla em inglês para Plano de Ação Conjunto para eliminar a discriminação racial] entre Brasil e Estados Unidos, é uma demonstração de que ele está preocupado. Porque ele entende a grandiosidade do povo preto, as dificuldades.

E eu finalizaria com políticas públicas eficazes. Garantir uma lei de injúria racial, porque pode ser que as pessoas fiquem mais acanhadas de serem racistas sabendo que de fato podem ser presas, punidas. Garantir permanência na educação, garantir comida no prato dessas pessoas, garantir que essas pessoas tenham uma vida digna, tenham um bem viver. Não sei se um dia de fato a gente vai conseguir fazer, mas estamos caminhando para que elas tenham pelo menos parcialmente isso

Que estratégias pretende adotar para garantir isso?

A primeira estratégia vem de saber o que é estar do outro lado. Saber o que é não ter o que comer, não ter acesso à educação. Saber o que é não poder ir à escola, porque teve um tiroteio. Para eu saber o que preciso fazer daqui para frente, tenho que lembrar sempre de onde eu vim. Tenho que ter uma estratégia com o ministro Wellington Dias para falar da fome. Preciso sentar com o ministro Paulo Teixeira para falar da situação dos quilombolas, não só a nível de titulação das terras, mas a nível social. Meu ministério é extremamente transversal, eu tenho sempre que propor junto com alguém, preciso sempre estar lá conversando e mostrando o que a gente quer fazer de concreto.

Mas eu já tenho a força de vontade e a experiência na pele do querer fazer. Eu sou cotista da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), então sei que preciso sentar com o Ministério da Educação (MEC) para falar do que me salvou ali: uma bolsa permanência. Há também a questão do esporte. Como boa atleta, acho que o esporte com educação e comida no prato salvam vidas e fazem nossos sonhos serem cada vez mais fortalecidos. Então a minha estratégia hoje dentro do ministério, dentro do governo, é ser transversal, transparente, dialogar com todos. Defendo o acesso à educação, ao esporte, à saúde.

A ministra Nísia me confidenciou que vai anunciar em breve uma coordenação voltada para a saúde da população preta.

Tudo isso é muito importante. Eu estou muito animada, empenhada em deixar um pouco desse legado quando sairmos do governo, que para mim é o principal: ajudar essas pessoas a chegarem a lugares que talvez eles nunca imaginariam, mas que merecem chegar.

Dilma Rousseff, Janja Lula da Silva, Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin participam da cerimônia de posse da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, no Palácio do Planalto — Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Dilma Rousseff, Janja Lula da Silva, Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin participam da cerimônia de posse da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, no Palácio do Planalto — Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Você acaba de voltar de uma visita aos EUA, país onde estudou por muitos anos, que tem um histórico grande de segregação e discriminação racial. Como essa experiência influenciou seu entendimento sobre racismo e direitos humanos?

Eu fui com 16 anos para lá e não tinha a mínima intenção de ficar mais do que dois anos. Mas acabei ficando 12. Foi a primeira vez que eu tive contato direto com a história de Martin Luther King, Malcolm X, Angela Davis, os Panteras Negras. Mas, para além disso, eu guardo com muito carinho isso que estudei nas HBCU, que são as faculdades e universidades historicamente negras. E eles sempre tinham muitos coletivos.

Eu fui a primeira brasileira a integrar a Delta Sigma Theta, que é uma sororidade americana de mulheres negras, e a primeira brasileira a integrar também o 100 Black Women, que é um coletivo só de mulheres que têm em toda a faculdade. Eu já militava — e eu não vou chamar de militar, porque a minha irmã e minha mãe sempre foram muito ativas na Maré. Mas quando fui para lá, tive acesso às lutas e à história do movimento negro, e quando eu voltava pro Brasil sempre comparava culturalmente, porque sempre havia um choque cultural.

Mas a minha mãe e a minha irmã falavam assim: “você não sabe o quanto que isso vai te servir lá na frente, então estuda, dá o seu melhor lá”. E eu não entendia isso no começo, mas quando voltei para o Brasil, quando a Mari virou presidente da Comissão de Direitos Humanos, comecei a ver as dificuldades daqui para além da minha própria dificuldade de favelada na época. Então eu trouxe a experiência, apresentei muita coisa para minha irmã. E só sei falar inglês hoje porque a minha mãe, minha irmã e meu pai trabalharam muito na feira, na Maré, para que eu pudesse ir para lá. Então hoje eu sinto como se estivesse retribuindo tudo que eles fizeram.

Ter estudado lá, voltado e agora ser ministra, estar representando de uma certa forma não só o governo, mas a minha família, com a minha irmã que cruelmente foi assassinada daquela maneira trágica, é incentivador. Espero poder continuar inspirando outras meninas para que sonhem também, que não precisem passar por violência, mas que também tenham esse acesso.

Qual a diferença entre a forma como o racismo se manifesta nos EUA e no Brasil?

Tem pouca diferença, consigo traçar mais similaridades. Sempre lembro da aproximação da polícia, tanto americana quanto brasileira, com as pessoas jovens e principalmente os meninos negros que usam suas calças lá embaixo ou que têm uma cara que eles dizem que é suspeita. Identifico também a hiperssexualização das mulheres negras. Passei por isso na pele, tive convite para ser garota de programa nos Estados Unidos por me considerarem exótica.

Também tem uma coisa que é muito institucional e estrutural do racismo, que é quando você chega num lugar, por exemplo. Eu passei por isso no Rio e na Califórnia, cheguei para uma palestra e as pessoas me ofereceram um lugar para sentar lá atrás, não imaginavam que eu era a palestrante. Tem muita coisa que não é velada. Eu não ando à noite sem documento, por exemplo, aqui ou lá nos Estados Unidos.

Algo que eu acho que a gente está tendo no Brasil mais recentemente é essa autoafirmação, essa autoidentificação enquanto pessoa preta. Sempre reconheci isso nos Estados Unidos. Era muito notório o orgulho que eles tinham de colocar a bandana, de colocar o boné, que a gente só via em determinados lugares do Brasil.

O que podemos aprender com a luta antirracista em outros países?

Acho que a autoafirmação é muito importante, mas uma coisa que me chama muita atenção são todos esses movimentos que a gente vê crescendo, com essa afirmação de “vou conseguir, vou chegar, vou lutar”. Quando você vê uma primeira jovem negra na ciência. Primeira vice-presidente negra em tal país.

Mas acho que o maior aprendizado é a ascensão do movimento negro como um todo, que vem se ressignificando, mas também resistindo. Esse é o principal ponto. Não estou falando aqui nada muito novo e também não chego nesse lugar sozinha. A minha dissertação de mestrado, por exemplo, foi sobre a história de mulheres negras de movimentos, e pude aprender muito sobre isso. Muita coisa que a gente está vivendo hoje, a gente já vivia antes. A diferença é que hoje a gente está conseguindo acessos que jamais imaginamos ter.

Rio de Janeiro - Enterro do corpo da vereadora Marielle Franco no Cemitério do Caju. De preto, Anielle Franco — Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Rio de Janeiro - Enterro do corpo da vereadora Marielle Franco no Cemitério do Caju. De preto, Anielle Franco — Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Você passou a se envolver mais com política após o assassinato de sua irmã, Marielle. O que te inspirou a seguir o caminho do ativismo político?

A gente acompanhava a Mari desde quando ela começou a trabalhar na campanha do Marcelo Freixo. E a gente era meio que bastidor. Eu costumo dizer que tinha a minha liderança, a política que eu confiava. Quando ela decidiu ser candidata em 2016, eu revisei muito texto para ela, junto com meus pais, com as amigas. E eu tinha muita raiva e tristeza de ver corrupção na política, porque achava que era o lugar onde as pessoas podiam mudar o mundo. E quando a Mari entrou, eu falei: “agora eu fico sossegada. Ela vai ser vereadora, depois deputada, senadora. Vai ser o que ela quiser”.

A gente estava muito animado com aquilo. Desde muito novos, minha mãe e meu pai sempre foram muito atentos politicamente. Minha avó foi candidata à vereança, foi de movimento de mulheres, minhas tias se encontravam escondidas na ditadura para tentar pensar em ações para as mulheres. Então tem todo um histórico de liderança na família.

Mas confesso aqui, acho que falei sobre isso poucas vezes em entrevistas, é que tive muita raiva quando mataram a minha irmã. E o que mais me fez seguir nessa luta foi a má utilização da imagem dela por pessoas falsas e errôneas dizendo que eram melhores amigas. Eu não admitia isso por nada, porque se tem algo que eu detesto é injustiça, mentira e falsidade. Então isso me incomodava.

E a raiva que eu tive por ter sido ela. Não desejando a morte de ninguém, mas dizendo que eu não queria que tivesse sido ela. E a força da família como um todo, porque eu fiquei pensando que se a Marielle saía da Tijuca para a Baixada [Fluminense], num trajeto superlonge, para cuidar da família de uma criança que tomou um tiro de fuzil nas costas que ela nunca viu, eu tinha obrigação de mudar a minha vida e cuidar dos outros.

Então abracei a minha sobrinha, que era a filha dela. E eu me vi numa posição que era: se eu não tomar esse lugar para defender a memória da minha irmã, alguém vai fazer. Porque, historicamente falando, a memória das mulheres negras costuma ser muito apagada quando não é reafirmada. A minha força vem muito da criação, do convívio com ela, com a minha família, e de pensar que a Mari literalmente morreu para mudar muita coisa na política brasileira. É óbvio que eu preferia ter ela aqui comigo. Mas não tive muita escolha.

Quais você considera os maiores legados da sua irmã?

A postura dela de fazer política com afeto. A gente faz política de maneira muito parecida, e eu falo política porque tudo é política. Nosso corpo é política, nossa fala, nosso andar, nossa maneira de abraçar, de se representar e se apresentar. Esse, para mim, é o maior legado que as pessoas que são políticas e usam o nome da Marielle deveriam entender. Porque a política com afeto é política em que você reconhece no outro que está lá fora o que você pode fazer.

E eu não sei, e sempre me embargo quando falo isso, se a gente já tem, mas eu acho que a gente nunca mais vai ter uma Marielle. A gente pode chegar próximo, mas acho que está para nascer ainda, ou se nasceu ainda não está em alguma posição que chegue à maneira acolhedora com que ela fazia política. Sei que me pareço muito com ela em vários aspectos, mas ela tinha uma presença que eu não consigo enxergar em mim como enxergava nela.

Eu acho que a entrada das mulheres pretas na política é um legado. A força da luta de trazer mulheres para o movimento, os coletivos, também é um legado. A pauta da violência política ganhou uma força enorme pós-assassinato da Marielle.

É um pouco disso, um pouco dessa inspiração como um todo para as mulheres que ficaram e que sabem que a luta é diária e contínua.

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