Você costuma jantar ou tomar café da manhã muito tarde? Pois saiba que fazer a primeira ou última refeição do dia tardiamente pode estar associado a um maior risco de doença cardiovascular. É o que sugere um estudo publicado nesta quinta-feira (14) na revista Nature Communications.
A pesquisa se baseia em uma amostra de mais de 100 mil pessoas na França, que preencheram cada uma diários de sua alimentação. Os participantes (79% dos quais eram mulheres, com uma idade média de 42 anos) eram voluntários do estudo de saúde pública NutriNet-Santé, ocorrido entre 2009 e 2022.
Para reduzir o risco de possíveis vieses, foram considerados muitos fatores dentro dessa amostra, especialmente sociodemográficos (idade, sexo, situação familiar etc.), além de de qualidade nutricional da dieta, estilo de vida e ciclo de sono.
Os pesquisadores do Instituto de Saúde Global de Barcelona (INRAE), na Espanha, do instituto de pesquisa francês Inserm e da Universidade Sorbonne Paris Nord analisaram os dados e concluíram que o horário das refeições pode influenciar o risco de desenvolver doenças cardiovasculares.
Segundo os resultados, cada hora de atraso na primeira refeição do dia pode aumentar em 6% o risco de problemas que afetam o coração e os vasos sanguíneos. Por exemplo, comer pela primeira vez às 9h envolve um risco 6% maior de sofrer dessas enfermidades do que se alimentar às 8h.
Já a última refeição do dia deve ser feita até as 21h. Depois desse horário, há uma probabilidade 28% maior no risco de doença cerebrovascular, como o acidente vascular cerebral (AVC), em comparação a comer antes das 20h — especialmente em mulheres.
Por outro lado, cada hora adicional do jejum noturno (tempo entre o jantar e o café da manhã do dia seguinte) está associado a um risco 7% menor de doença cerebrovascular, conforme o estudo. Isso reforça a ideia de fazer a primeira e última refeições o mais cedo possível.
As descobertas ainda precisam ser replicadas em outros estudos com diferentes amostras, mas já ensinaram lições importantes aos cientistas. "Os comportamentos alimentares fazem parte dos principais fatores de risco modificáveis que contribuem para a carga global de doenças cardiovasculares", concluem os pesquisadores, no estudo. "Está se tornando mais evidente que o metabolismo ideal dos alimentos depende da hora do dia."