Por que o cérebro mantém a memória de algumas experiências e outras não?

Nova pesquisa mostra que experiências consideradas surpreendentes são mais memoráveis do que as cotidianas

Por Redação Galileu


O estudo das memórias é feito pelo campo da neurociência Freepik

Por que certas experiências se tornam "memoráveis" enquanto outras são descartadas pelo cérebro? Para tentar responder essa questão e entender melhor como as memórias são formadas, pesquisadores da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, elaboraram um modelo computacional e um estudo comportamental. Os resultados foram descritos em um artigo nesta segunda-feira (13), no periódico Nature Human Behavior.

Segundo o estudo, a mente humana prioriza aquilo que é surpreendente, que não é capaz de explicar. Por exemplo, uma pessoa pode se confundir com a presença de um hidrante em uma floresta, o que torna a imagem difícil de interpretar e, consequentemente, mais memorável. Logo, é possível dizer que muitas das lembranças não são resultado de uma escolha deliberada, mas de um subproduto da percepção.

Os pesquisadores adotaram uma abordagem inovadora, desenvolvendo um modelo computacional que se concentra em dois processos essenciais para a formação da memória: a compreensão daquilo que se pode ver e a reconstrução dessa memória.

Foi realizado um conjunto de testes no qual os participantes foram solicitados a recordar imagens individuais de uma sequência rápida de imagens naturais, geradas pelo computador. Observou-se que os participantes tinham maior probabilidade de lembrar de uma imagem quando era mais desafiador reconstruir o modelo computacional correspondente a ela – ou seja, imagens mais “marcantes”.

"Usamos um modelo de Inteligência Artificial para tentar esclarecer a percepção das cenas pelas pessoas – esse entendimento pode ajudar no desenvolvimento de sistemas de memória mais eficientes para IA no futuro", disse John Lafferty, diretor do Centro de Neurocomputação e Inteligência de Máquina no Instituto Wu Tsai em Yale, em comunicado.

Um estudo publicado na revista Neurobiology of Learning and Memory, no último dia 14 de abril, apresentou resultados similares. Liderados por pesquisadores da Universidade Rice, nos Estados Unidos, os testes mostraram que determinadas experiências são lembradas por muitas pessoas, enquanto outras mais cotidianas, como trancar a porta, são facilmente esquecidas.

Testes de memória mostraram que imagens semelhantes, que pretendiam recriar as experiências diárias semelhantes, foram mais “esquecidas” pelos participantes. Imagens memoráveis ​​foram identificadas como aquelas que os participantes tinham maior probabilidade de lembrar.

Embora esses resultados mostrem avanços significativos no entendimento de como as memórias são formadas, novos estudos devem ser conduzidos, levando em consideração aspectos como o conteúdo emocional, o tempo decorrido desde a experiência e as características perceptivas da memória.

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