Pela primeira vez, uma equipe internacional de pesquisadores observou um fluxo de estrelas entre galáxias. Trata-se do maior fluxo detectado até o momento, com mais de 10 vezes o comprimento da nossa Via Láctea. A descoberta foi registrada em 13 de outubro na revista Astronomy & Astrophysics.
Os cientistas detectaram o fluxo estelar no Aglomerado Coma, que contém milhares de galáxias a uma distância de cerca de 300 milhões de anos-luz da Terra. Este aglomerado em direção de Coma Berenices, uma constelação do hemisfério celestial norte, é um dos mais estudados.
Primeiro, os pesquisadores fizeram observações com o telescópio pequeno de 70 centímetros do astrônomo Michael Rich, na Califórnia, Estados Unidos. Depois, eles direcionaram para a área o telescópio William Herschel de 4,2 metros, em La Palma, Espanha.
Após processamento de imagem, os cientistas identificaram o que eles chamaram de "Giant Coma Stream" ("Grande Fluxo Coma"). Extremamente tênue, o fluxo parece flutuar no meio do ambiente de aglomerados, não associado a nenhuma galáxia em particular.
"Este gigantesco fluxo cruzou nosso caminho por coincidência", explica em comunicado o pesquisador principal do estudo, Javier Román, afiliado à Universidade de Groningen (Holanda) e à Universidade de La Laguna em Tenerife (Espanha). "Estávamos estudando halos de estrelas localizadas ao redor de grandes galáxias", afirma.
Em 1933, o astrônomo suíço Fritz Zwicky mostrou que as galáxias no Aglomerado Coma se movem muito rápido se você levar em consideração apenas a quantidade de matéria visível. Ele deduziu que deve haver matéria escura que mantém as coisas unidas, cuja natureza ainda é misteriosa.
Desde então, cientistas já conheceram fluxos em nossa própria galáxia e em galáxias próximas – mas esta é a primeira vez que um fluxo entre galáxias é observado. "Adoraríamos observar estrelas individuais no fluxo e próximas a ele, e, assim, aprender mais sobre a matéria escura", diz Reynier Peletier, coautor do estudo, que atua na Universidade de Groningen, Holanda.
Agora que os cientistas conseguiram simular seus resultados em computador, Peletier afirma que a expectativa é encontrar mais fluxos no futuro com o European Extremely Large Telescope (ELT) de 39 metros, que deve estrear em 2028, e quando a missão Euclid, lançada em julho, começar a produzir dados.