• Redação Galileu
Atualizado em
 Milhares de galáxias inundam esta imagem infravermelha do James Webb que flagrou o aglomerado de galáxias SMACS 0723 (Foto: NASA, ESA, CSA, STScI)

Milhares de galáxias inundam esta imagem infravermelha do James Webb que flagrou o aglomerado de galáxias SMACS 0723 (Foto: NASA, ESA, CSA, STScI)

Aglomerados globulares são densos grupos que podem conter as primeiras e mais antigas estrelas do Universo. Os mais distantes desses conjuntos já descobertos foram flagrados por astrônomos com o Telescópio Espacial James Webb. Os resultados foram registrados nesta quinta-feira (29) na revista The Astrophysical Journal Letters.






Os grupos de milhões de estrelas podem ser vistos na primeira imagem de campo profundo de Webb, que retrata algumas das primeiras galáxias do Universo. O registro foi analisado por pesquisadores da equipe Canadian NIRISS Unbiased Cluster Survey (CANUCS), que se concentraram no que chamaram de galáxia Sparkler, a 9 bilhões de anos-luz .

O nome da galáxia veio dos pequenos pontos amarelo-vermelhos ao seu redor, apelidados pelos cientistas de “”sparkles” ou “brilhos”, em inglês. Segundo a equipe, esses brilhos podem ser aglomerados jovens formando estrelas ativamente, nascidos 3 bilhões de anos após o Big Bang.

Pesquisadores estudaram galáxia Sparkler localizada no Primeiro Campo Profundo de James Webb e usaram o telescópio para determinar que cinco dos objetos brilhantes ao seu redor são aglomerados globulares (Foto: Agência Espacial Canadense, NASA, ESA, CSA, STScI; Mowla, Iyer et ai. 2022)

Pesquisadores estudaram galáxia Sparkler localizada no Primeiro Campo Profundo de James Webb e usaram o telescópio para determinar que cinco dos objetos brilhantes ao seu redor são aglomerados globulares (Foto: Agência Espacial Canadense, NASA, ESA, CSA, STScI; Mowla, Iyer et ai. 2022)

Ao analisarem 12 dos aglomerados, os pesquisadores descobriram que 5 deles estão entre os mais antigos conhecidos. Kartheik G. Iyer, coautor principal do estudo, lembra que a descoberta não seria possível se fosse usado só o Telescópio Espacial Hubble.

Como sucessor de Hubble, James Webb faz algo que não é possível para o instrumento anterior: observa os brilhos em uma variedade de comprimentos de onda. Segundo Iyer, o telescópio mais avançado permitiu entender melhor propriedades físicas dos aglomerados globulares, como idade e quantas estrelas eles contêm.

O instrumento Near-Infrared Imager and Slitless Spectrograph (NIRISS), fabricado no Canadá, confirmou a identidade dos objetos.Os pesquisadores também combinaram os novos dados da Near-Infrared Camera (NIRCam) de Webb com os dados de arquivo do Hubble.

Comparando as imagens do Hubble e James Webb da galáxia Sparkler e seus brilhos (Foto: Mowla, Iyer et al. 2022)

Comparando as imagens do Hubble e James Webb da galáxia Sparkler e seus brilhos (Foto: Mowla, Iyer et al. 2022)

Só a nossa galáxia, a Via Láctea, tem cerca de 150 aglomerados globulares.  "Como a galáxia Sparkler está muito mais distante do que a nossa Via Láctea, fica mais fácil determinar as idades de seus aglomerados”, conta Lamiya Mowla, coatora da pesquisa.

Usar aglomerados globulares muito distantes para datar as primeiras estrelas em galáxias distantes, além de difícil, nunca foi feito antes. “Estamos observando a Sparkler como era há 9 bilhões de anos, quando o universo tinha apenas 4,5 bilhões de anos, olhamos para algo que aconteceu há muito tempo. Pense nisso como adivinhar a idade de uma pessoa com base em sua aparência”, compara Mowla, em comunicado.

Ambiente circundante da galáxia Sparkler e visão de perto dela (Foto: Mowla, Iyer et al. 2022)

Ambiente circundante da galáxia Sparkler e visão de perto dela (Foto: Mowla, Iyer et al. 2022)






A galáxia Sparkler é ampliada por um fator de 100 devido a um efeito chamado lente gravitacional, no qual o aglomerado de galáxias SMACS 0723 em primeiro plano distorce o que está atrás dele, como uma “lupa gigante”. Além disso, a lente gravitacional produz três imagens separadas da galáxia, dando mais detalhes aos astrônomos sobre ela.

A partir de outubro de 2022, Webb irá observar as pretensões da equipe CANUCS, que aproveitará seus dados para examinar cinco grandes aglomerados de galáxias, em torno dos quais os pesquisadores esperam encontrar mais sistemas parecidos. Estudos futuros também modelarão o aglomerado para entender o efeito de lente e executarão mais análises para explicar a formação de estrelas.