Espaço

Por Redação Galileu

Um disco idêntico aos que formam planetas na Via Láctea foi encontrado pela primeira vez fora de nossa galáxia. O objeto detectado pelo observatório Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), no Chile, fica na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia vizinha à nossa.

Conforme o Observatório Europeu do Sul (ESO), as novas observações do ALMA revelaram uma estrela jovem e massiva crescendo e acumulando matéria de seu entorno e formando o disco em rotação. O registro foi publicado hoje (29) na revista Nature.

"Quando vi pela primeira vez evidências de uma estrutura rotativa nos dados do ALMA, não conseguia acreditar que tínhamos detectado o primeiro disco de acreção extragaláctico. Foi um momento especial", diz Anna McLeod, professora associada da Universidade de Durham, no Reino Unido, e autora principal do estudo, em comunicado.

O disco e o jato no sistema estelar jovem HH 1177 vistos pelo MUSE e pelo ALMA — Foto: ESO/ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/A. McLeod et al.
O disco e o jato no sistema estelar jovem HH 1177 vistos pelo MUSE e pelo ALMA — Foto: ESO/ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/A. McLeod et al.

Primeiro, o instrumento Multi Unit Spectroscopic Explorer (MUSE) do Very Large Telescope (VLT) do ESO detectou um jato de uma estrela em formação nas profundezas de uma nuvem de gás na Grande Nuvem de Magalhães. O sistema foi nomeado HH 1177 e, segundo McLeod, o jato indicou que havia uma acreção de disco em andamento.

Mas, para confirmar que tal disco estava presente, a equipe precisava medir o movimento do gás denso ao redor da estrela. Foi o ALMA que permitiu aos pesquisadores distinguir a rotação característica desse disco.

Este mosaico mostra, no seu centro, uma imagem real do jovem sistema estelar HH 1177 na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia vizinha da Via Láctea — Foto: ESO/A. McLeod et al./M. Kornmesser
Este mosaico mostra, no seu centro, uma imagem real do jovem sistema estelar HH 1177 na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia vizinha da Via Láctea — Foto: ESO/A. McLeod et al./M. Kornmesser

"A frequência da luz muda dependendo de quão rápido o gás que emite a luz está se movendo em nossa direção ou para longe de nós", explica Jonathan Henshaw, pesquisador da Universidade de Liverpool John Moores, no Reino Unido, e coautor do estudo. "Isso é precisamente o mesmo fenômeno que ocorre quando o tom de uma sirene de ambulância muda à medida que ela passa por você e a frequência do som vai de mais alta para mais baixa."

Após detectarem o disco ao redor da estrela, os cientistas notaram que na Grande Nuvem de Magalhães, a 160 mil anos-luz de distância, o material a partir do qual novas estrelas estão nascendo é fundamentalmente diferente daquele na Via Láctea.

Região e estrelas em formação recente na Grande Nuvem de Magalhães foi capturada pelo instrumento Multi Unit Spectroscopic Explorer montado no Very Large Telescope do ESO — Foto: ESO, A McLeod et al.
Região e estrelas em formação recente na Grande Nuvem de Magalhães foi capturada pelo instrumento Multi Unit Spectroscopic Explorer montado no Very Large Telescope do ESO — Foto: ESO, A McLeod et al.

Em nossa galáxia, essas estrelas massivas são difíceis de observar e muitas vezes são obscurecidas pelo material empoeirado do qual se formam no momento em que um disco está se formando ao redor delas. Mas o sistema HH 1177 tem menor teor de poeira, oferendo uma visão desobstruída.

"Estamos em uma era de rápido avanço tecnológico quando se trata de instalações astronômicas", diz McLeod. "Poder estudar como as estrelas se formam a distâncias tão incríveis e em uma galáxia diferente é muito emocionante".

Imagem digitalizada do Sky Survey em torno da região HII LHA 120-N 180B — Foto: ESO/Digitized Sky Survey 2. Acknowledgment: Davide De Martin
Imagem digitalizada do Sky Survey em torno da região HII LHA 120-N 180B — Foto: ESO/Digitized Sky Survey 2. Acknowledgment: Davide De Martin
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