Espaço

Por Redação Galileu

A Lua é alvo de várias missões espaciais, incluindo a futura Artemis 3, da Nasa, que será o primeiro pouso da humanidade no satélite desde 1972. Mas robôs já trabalham por lá, como é o caso da sonda chinesa Chang'e-5. O equipamento coletou amostras que revelaram um novo reservatório de água em grãos de vidro no satélite, o que poderá facilitar a exploração lunar.

O achado foi publicado nesta segunda-feira (27) na revista Nature Geoscience. Os grãos de vidro, provenientes de impactos contra a Lua, foram descobertos por um grupo liderado pelo professor Sen Hu, do Instituto de Geologia e Geofísica (IGG) da Academia Chinesa de Ciências (CAS).

O vidro estava em amostras de solo coletadas pela sonda chinesa, que pousou na Lua em 1º de dezembro 2020. Esse material revela indícios de entrada e saída dinâmica da água derivada do vento solar e atua como um "amortecedor" para o ciclo da água na superfície lunar.

Conforme estimou a equipe, a quantidade total de água dos grãos de vidro nos solos lunares varia de 3 × 10^11 kg a 2,7 × 10^14 kg (números com 11 e 14 casas decimais, respectivamente).

Diagrama esquemático do ciclo da água na superfície lunar associado a grãos de vidro de impacto — Foto: Hui et.al
Diagrama esquemático do ciclo da água na superfície lunar associado a grãos de vidro de impacto — Foto: Hui et.al

Muitas missões lunares anteriores já confirmaram a presença de água estrutural ou de gelo na Lua. Contudo, estudos em grãos minerais finos e aglutinados produzidos por impacto, rochas vulcânicas e contas de vidro piroclásticas não conseguiram explicar a retenção, liberação e reabastecimento da água na superfície lunar.

Portanto, nunca antes foi possível explicar o ciclo da água na Lua. Isso levou cientistas a acreditarem na existência de um reservatório de água ainda não identificado no solo lunar que conseguiria amortecer esse ciclo.

O aluno de doutorado Huicun He, sob a orientação de Hu, resolveu estudar os grãos de vidro da missão Chang'e-5, analisando características como abundância de água e a composição dos isótopos de hidrogênio.

A conclusão foi que os grãos apresentam composições químicas homogêneas e superfícies expostas lisas, com uma abundância de água de até cerca de 2.000 μg.g -1 por grão, o equivalente a aproximadamente a 2 mil mg/L.

Os pesquisadores notaram ainda uma correlação negativa entre a abundância de água e a composição dos isótopos de hidrogênio, o que, segundo eles, se deve ao fato de que os grãos de vidro de impacto vêm dos ventos solares.

Os cientistas também analisaram a abundância de água ao longo de seis transectos em cinco grãos de vidro, que mostraram os perfis de hidratação derivada do vento. Alguns dos grânulos foram sobrepostos por um evento de desgaseificação posterior.

“Essas descobertas indicam que os vidros de impacto na superfície da Lua e outros corpos sem ar no Sistema Solar são capazes de armazenar água derivada do vento solar e liberá-la no espaço”, disse Hu, conforme comunicado.

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