• Redação Galileu
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Astrofísico Eugene Parker morreu aos 94 anos  (Foto: Nasa )

Astrofísico Eugene Parker morreu aos 94 anos (Foto: Nasa )

O astrofísico Eugene Parker morreu na terça-feira (15), aos 94 anos de idade, segundo informou a Nasa. O norte-americano serviu de inspiração para o nome da sonda Parker Solar Probe, que entrou na atmosfera do Sol em dezembro de 2021 em um feito histórico.

Parker dedicou seus anos de estudos para compreender sobretudo a estrela-mãe. Em meados da década de 1950, ele propôs que o Sol produz um fluxo constante de partículas carregadas que flui através do Sistema Solar — ou seja, o cientista descobriu a existência dos ventos solares.


O especialista também colaborou para a criação de vários conceitos da astrofísica: a instabilidade de Parker, que descreve campos magnéticos em galáxias; a equação de Parker, que trata de partículas movendo-se através de plasmas; o modelo Sweet-Parker de campos magnéticos em plasmas; e até mesmo o limite de Parker, no chamado fluxo de monopolos magnéticos.

“Ficamos tristes ao saber que uma das grandes mentes científicas e líderes do nosso tempo faleceu”, lamentou Bill Nelson, administrador da agência espacial norte-americana, em comunicado. “As contribuições de Eugene Parker para a ciência e para entender como nosso universo funciona afetam muito do que fazemos aqui na Nasa. O legado do Dr. Parker viverá através das muitas missões ativas e futuras da Nasa que se baseiam em seu trabalho.”

Carreira de professor

Eugene Newman Parker nasceu em 10 de junho de 1927, em Houghton, no estado norte-americano do Michigan. Ele se graduou em física na Michigan State University em 1948 e obteve um Ph.D. no Instituto de Tecnologia da Califórnia em 1951.

Segundo a Scientifican American, seu primeiro emprego foi como instrutor e professor assistente na Universidade de Utah. Lá ocupou vários cargos entre 1951 e 1955, de acordo com a organização científica Advancing Earth and Space Science (AGU). Então, ele ingressou na Universidade de Chicago, onde permaneceu associado até sua morte.

Eugene Parker assiste ao lançamento da espaçonave que leva seu nome, a Parker Solar Probe, da Nasa, em 12 de agosto de 2018 (Foto: Nasa/Glenn Benson)

Eugene Parker assiste ao lançamento da espaçonave que leva seu nome, a Parker Solar Probe, da Nasa, em 12 de agosto de 2018 (Foto: Nasa/Glenn Benson)

Foi durante os dois primeiros anos de sua atuação na instituição que Parker percebeu que a coroa do Sol deveria criar partículas carregadas que deixam sua superfície depressa. Em 1958, o cientista finalmente publicou sua teoria sobre os ventos solares.

Do absurdo à aprovação

Alguns céticos, contudo, duvidaram de Eugene Parker ao longo do percurso. Em 2018, ao UChicago News, o norte-americano lembrou da reação de um dos seus críticos: “O primeiro revisor do jornal disse: 'Bem, eu sugeriria que Parker fosse à biblioteca e lesse sobre o assunto antes de tentar escrever um artigo sobre isso, porque isso é um completo absurdo'”, disse.

Com tamanha descrença, a teoria sobre o vento solar não teria sido publicada se não fosse por Subrahmanyan Chandrasekhar, editor do Astrophysical Journal e vencedor do prêmio Nobel de Física em 1983. Embora o expert também não gostasse da ideia de Parker, ele não conseguiu encontrar erros de matemática no artigo, então, anulou as objeções dos revisores e publicou o texto.

Provas de um visionário

Em 1962, quando a espaçonave Mariner 2 da Nasa encontrou o vento solar durante uma viagem a Vênus, todos viram que Parker sempre esteve certo. "Gene Parker era uma figura lendária em nosso campo — sua visão do Sol e do Sistema Solar estava muito à frente de seu tempo", afirma Angela Olinto, professora de astrofísica na Universidade de Chicago.

Ao longo de sua carreira, o astrofísico também passou a estudar os raios cósmicos e os campos magnéticos das galáxias, entre muitos outros tópicos relacionados.Em 2018, Parker
viu a decolagem da Parker Solar Probe e se tornou a primeira pessoa a testemunhar o lançamento de uma espaçonave com seu nome. A sonda continua sua missão até hoje, tentando entender as origens do vento solar dentro do Sol.

Ilustração da espaçonave Parker Solar Probe, cujo nome é uma homenagem a Eugene N. Parker (Foto: Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory)

Ilustração da espaçonave Parker Solar Probe, cujo nome é uma homenagem a Eugene N. Parker (Foto: Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory)

Nicola Fox, diretor da Divisão de Heliofísica na sede da Nasa em Washington, acompanhou o gênio durante o lançamento histórico. “Adorei compartilhar com ele todos os resultados científicos empolgantes, vendo seu rosto se iluminar a cada nova imagem e plotagem de dados que mostrei a ele”, recorda. “Sinceramente, sentirei falta de seu entusiasmo e amor pela Parker Solar Probe. Mesmo que o Dr. Parker não esteja mais conosco, suas descobertas e legado viverão para sempre”.