Papagaios ameaçados retornam à Tasmânia em maior número dos últimos 15 anos

"Papagaios-de-barriga-laranja continuam a chegar a Melaleuca, com mais dois confirmados como tendo chegado aos locais de reprodução desde nossa última atualização", disse o programa em um post na rede social. "Isso nos leva a 81 retornos confirmados".

"Junto com os adultos criados em cativeiro que liberamos em Melaleuca no início da temporada, esses migrantes bem-sucedidos devem agora estar se emparelhando, estabelecendo ninhos e começando a botar ovos", acrescenta a postagem.

Conforme o Science Alert, em 2016, somente 3 fêmeas selvagens de papagaio-de-barriga-laranja retornaram de sua migração anual para o continente australiano. Já em 2018, apenas 20 pássaros (machos e fêmeas) fizeram esse retorno, segundo informa a ABC News australiana.

A espécie estava quase sendo declarada funcionalmente extinta, mas agora os especialistas acreditam que a população está aumentando. "Parece que teremos uma temporada saudável em termos de reprodução," disse Shannon Troy, gerente do Programa Tasmaniano do Papagaio-de-barriga-laranja, à ABC News Austrália.

Por outro lado, Troy adverte que esse papagaio continua sendo uma das espécies mais ameaçadas na Austrália e uma das aves mais ameaçadas do mundo. "Precisamos passar de uma fase de prevenir sua extinção para começar a aumentar a população," disse ela. "Provavelmente estamos alcançando esse ponto de virada agora e começando a olhar para o que vem a seguir".

O papagaio-de-barriga-laranja migra para a Austrália continental a cada outono e retorna à Tasmânia para se reproduzir durante o verão, mas nem todos eles conseguem voltar para casa. Em 2023, a taxa de retorno das aves foi mais de 50%, o que é considerada alta: 139 pássaros partiram de Melaleuca e apenas 58 não retornaram.

Os retornos incluíram 24 pássaros nascidos selvagens e seis juvenis criados em cativeiro da temporada passada que fizeram a jornada pela primeira vez. No passado, a taxa de sobrevivência para os de primeira viagem chegou a cair para apenas 15%.

"Os lançamentos de juvenis da população em cativeiro no final da temporada parecem estar funcionando muito bem e eles estão retornando em bons números," avaliou Troy. Ela acrescentou que uma queimada planejada pelo Serviço de Parques e Vida Selvagem ao redor de Melaleuca aumentou as plantas alimentícias, então as aves estão comendo alimentos naturais, o que ajudou nas taxas de sobrevivência.

Os esforços para salvar a espécie são resultados de uma parceria entre o Programa Tasmaniano do Papagaio-de-barriga-laranja e instituições de reprodução em cativeiro, bem como voluntários em Melaleuca diariamente entre setembro e abril. Os trabalhadores voluntários contam quantos pássaros veem e identificam as aves ao longo de seis meses, procurando também problemas de saúde e predadores.

Além do periquito-andorinha (Lathamus discolor), o papagaio-de-barriga-laranja é o único outro papagaio que faz uma migração completa, segundo Troy. "Há outros pássaros menores pelo mundo e na Austrália que realizam jornadas ainda mais longas, mas é muito incomum para um papagaio fazer isso", ela explica.

O programa de conservação fornece caixas-ninho em Melaleuca para que os pássaros tenham um lugar seguro para se reproduzir e colocar ovos. Em uma publicação em 8 de janeiro, a equipe anunciou que viu 77 filhotes eclodirem na Instalação de Gerenciamento da Vida Selvagem de Five Mile Beach.

"Os primeiros filhotes na Instalação de Gerenciamento da Vida Selvagem de Five Mile Beach já estão voando", disse a postagem. "Os jovens pássaros agora estão passando tempo aprimorando sua habilidade de voar e explorando seus novos arredores."

Dos pássaros que retornaram, 50 eram machos e 31 eram fêmeas. "É desejável que seja dessa maneira, idealmente teríamos as fêmeas sendo capazes de escolher alguns parceiros e escolher o macho que desejam," observa a gerente do programa.

Os pássaros criados em cativeiro que serão liberados também são predominantemente machos. Após receberem suplemento alimentar, todas as aves terão que aprender a se alimentar de modo independente e a encontrarem casas em espaços ocos de árvores.

Os pássaros também precisarão ser capazes de suportar alguma perda na população, para que, se um predador ou problema de saúde eliminar alguns deles, isso não tenha um efeito catastrófico. "Em algum momento, a população precisa se tornar grande o suficiente para que não tenhamos que gerenciar indivíduos e ninhos individualmente", afirma Troy.