Há 1.500 anos, viveu o Imperador Wu, líder da dinastia do norte de Zhou, na China antiga. Agora, a partir de DNA extraído de seus restos mortais, pesquisadores reconstituíram sua aparência em 3D. O resultado foi publicado no último dia 28 de março no periódico Current Biology.
A equipe descobriu que o líder chinês morreu aos 36 anos e tinha olhos castanhos, cabelo preto e pele morena. Segundo os autores, seus traços eram semelhantes aos de pessoas do Nordeste e do Leste da Ásia atualmente.
“Nosso trabalho deu vida a figuras históricas”, diz o coautor Pianpian Wei, da Universidade Fudan, em comunicado. “Anteriormente, as pessoas dependiam de registros históricos ou murais para imaginar como eram os povos antigos. Somos capazes de revelar diretamente a aparência do povo Xianbei.”
O Imperador Wu foi governante entre 560 e 578 d.C, quando liderou um exército forte, capaz de derrotar a dinastia Qi do Norte. Ele pertencia à etnia Xianbei, um grupo nômade que viveu onde hoje são os territórios da Mongólia e do norte e nordeste da China.
“Alguns estudiosos disseram que os Xianbei tinham aparência 'exótica', como barba espessa, nariz alto e cabelo amarelo”, conta Shaoqing Wen, um dos autores do artigo, também da Universidade Fudan.
Os arqueólogos encontraram a tumba do imperador em 1996, no nordeste da China. Com o desenvolvimento de técnicas de pesquisa de DNA, a equipe de Wen usou o crânio incompleto e ossos encontrados para recriar o rosto dele.
O governante e seu filho morreram jovens, sem motivo aparente. O novo estudo revelou que o imperador corria um risco grande de acidente vascular cerebral (AVC), uma interrupção do fornecimento de sangue ao cérebro, o que pode estar ligado a sua morte. Registros históricos descrevem que ele tinha afasia, pálpebras caídas e marcha anormal, sintomas ligados ao derrame.
Com o cruzamento das informações genéticas, os pesquisadores descobriram uma união do povo de Xianbei com chineses de etnia Han quando migraram do Sul para o Norte da China. “Essa é uma informação importante para compreender como os povos antigos se espalharam pela Eurásia e como se integraram com a população local”, conclui Wen.