Arqueologia

Por Redação Galileu

Cientistas avaliaram o DNA humano mais antigo obtido nas Ilhas Britânicas até agora e descobriram que por lá viviam dois grupos humanos distintos que migraram para a Grã-Bretanha no final da última era glacial. Os resultados foram publicados nesta segunda-feira (24) na revista Nature Ecology and Evolution.

Foram consideradas na pesquisa evidências de DNA de um indivíduo da Caverna Gough's, em Somerset, e de outro da Caverna de Kendrick's, em North Wales, que viveram mais de 13,5 mil anos atrás. Fizeram parte da análise pesquisadores do Instituto de Arqueologia da University College Londres, do Museu de História Natural e do Instituto Francis Crick, na Inglaterra.

O material genético do fóssil da Caverna de Gough, de um hominídeo morto há 15 mil anos, indicou que seus ancestrais faziam parte de uma migração inicial para o noroeste da Europa há cerca de 16 mil anos.

Já o indivíduo da Caverna de Kendrick é de um período posterior, há aproximadamente 13,5 mil anos, tendo ele ascendência de um grupo ocidental de caçadores-coletores, cujas origens são do Oriente Próximo. Essa população teria migrado para a Grã-Bretanha há cerca de 14 mil anos.

Dentição avaliada no estudo nas cavernas na Grã-Bretanha  — Foto: Rhiannon Stevens/University College Londres
Dentição avaliada no estudo nas cavernas na Grã-Bretanha — Foto: Rhiannon Stevens/University College Londres

Segundo Mateja Hajdinjak, coautor do estudo, encontrar as duas populações tão próximas no tempo na Grã-Bretanha reforça a imagem de mudança e dinamismo dos humanos da Europa paleolítica. As migrações em questão ocorreram pós a última era glacial, quando aproximadamente dois terços da ilha estavam cobertos por geleiras.

O clima esquentou e o gelo derreteu no Paleolítico. Assim correram mudanças ecológicas e ambientais drásticas e os humanos começaram a voltar para o norte da Europa. Conforme Sophy Charlton, coautora da pesquisa, teria ocorrido “um aquecimento climático significativo, aumento na quantidade de floresta e mudanças no tipo de animais disponíveis para caçar”.

Mas os dois grupos diferiam não só em origem: eram diferentes também culturalmente. Rhiannon Stevens, que contribuiu com o estudo, conta que as análises químicas dos ossos mostraram que as pessoas da Caverna de Kendrick comiam muitos alimentos de água salgada e doce, incluindo grandes mamíferos marinhos. Enquanto isso, os humanos da caverna de Gough caçavam principalmente herbívoros terrestres, como veados-vermelhos, bovídeos e cavalos.

Fósseis analisados pelos pesquisadores na Grã-Bretanha  — Foto: Rhiannon Stevens/University College Londres
Fósseis analisados pelos pesquisadores na Grã-Bretanha — Foto: Rhiannon Stevens/University College Londres

As práticas mortuárias dos dois grupos eram distintas. Havia ossos de animais na Caverna de Kendrick, que os cientistas acreditam ter sido um local de sepultamento. Mas não havia evidências dos bichos terem sido comidos por humanos — as ossadas eram usadas apenas em itens de arte , como era o caso de uma mandíbula de cavalo decorada.

Em contraste, os ossos de animais e humanos encontrados na Caverna de Gough mostraram modificações significativas, com evidências até mesmo de canibalismo ritualístico. É possível ainda que esse grupo seja composto pelas pessoas que criaram as ferramentas de pedra de Magdalenian, uma cultura conhecida também por arte rupestre icônica e artefatos ósseos.

A Caverna de Gough, que fica no desfiladeiro Garganta de Cheddar, também é o local onde foi achado o famoso Homem de Cheddar da Grã-Bretanha, descoberto no ano de 1903. Neste estudo, os cientistas descobriram que esse fóssil do Mesolítico apresenta uma mistura de ancestrais, principalmente de caçadores-coletores ocidentais (85%) e menos do tipo mais antigo da migração inicial (15%).

Dentes de humanos do Paleolítico encontrados na Grã-Bretanha  — Foto: Rhiannon Stevens/University College Londres
Dentes de humanos do Paleolítico encontrados na Grã-Bretanha — Foto: Rhiannon Stevens/University College Londres
Mais recente Próxima Ossos humanos de 10,5 mil anos são achados em pântano na Alemanha
Mais de Galileu

Cientistas observaram região acima da Grande Mancha Vermelha com o telescópio James Webb, revelando arcos escuros e pontos brilhantes na atmosfera superior do planeta

Formas estranhas e brilhantes na atmosfera de Júpiter surpreendem astrônomos

Yoshiharu Watanabe faz polinização cruzada de trevos da espécie "Trifolium repens L." em seu jardim na cidade japonesa de Nasushiobara

Japonês cultiva trevo recorde de 63 folhas e entra para o Guinness

Especialista detalha quais são as desvantagens do IMC e apresenta estudo que defende o BRI como sendo mais eficaz na avaliação de saúde

Devemos abandonar o IMC e adotar o Índice de Redondeza Corporal (BRI)?

Consumidores de cigarro eletrônico apresentam índices de nicotina no organismo equivalentes a fumar 20 cigarros convencionais por dia, alertam cardiologistas

Como o cigarro (inclusive o eletrônico) reduz a expectativa de vida

Artefatos representam as agulhas de pedra mais antigas que se tem registro até hoje. Seu uso para confecção de roupas e tendas para abrigo, no entanto, é contestado

Agulhas de pedra mais antigas da história vêm do Tibete e têm 9 mil anos

Cofundador da Endiatx engoliu durante palestra da TED um aparelho controlado por um controle de PlayStation 5 que exibiu imagens em tempo real de seu esôfago e estômago; assista

Homem ingere robô "engolível" e transmite interior de seu corpo para público

Pesquisadores coletaram amostras do campo hidrotérmico em profundidades de mais de 3 mil metros na Dorsal de Knipovich, na costa do arquipélago de Svalbard

Com mais de 300ºC, campo de fontes hidrotermais é achado no Mar da Noruega

Além de poder acompanhar a trajetória das aves em tempo real, o estudo também identificou as variáveis oceanográficas que podem influenciar na conservação dessas espécies

6 mil km: projeto acompanha migração de pinguim "Messi" da Patagônia até o Brasil

Estudo é passo inicial para que enzimas produzidas pelo Trichoderma harzianum sejam usadas para degradar biofilmes orais

Substância secretada por fungos tem potencial para combater causa da cárie dental

Lista traz seleção de seis modelos do clássico brinquedo, em diferentes tipos de formatos, cores e preços; valores partem de R$ 29, mas podem chegar a R$ 182

Ioiô: 5 modelos profissionais para resgatar a brincadeira retrô