• Redação Galileu
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Esqueleto de um homem com idade entre 35 e 50 anos  (Foto: Marco Milella)

Esqueleto de um homem com idade entre 35 e 50 anos (Foto: Marco Milella)

Após analisarem restos humanos da cidade mais antiga do mundo, Çatalhöyük, na Turquia, arqueólogos descobriram indícios intrigantes de rituais funerários feitos pelos moradores há 9 mil anos. Os especialistas publicaram suas conclusões no último dia 8 de março na revista Scientific Reports.

A equipe internacional por trás da pesquisa, liderada por experts da Universidade de Berna, na Suíça, analisou o uso de pigmentos em sepultamentos e também no cenário arquitetônico do assentamento, que data do período Neolítico.






Os ossos dos habitantes da cidade, que hoje é um dos sítios arqueológicos mais importantes do Oriente Próximo, estavam parcialmente pintados. Alguns foram escavados várias vezes e reenterrados. Especula-se que a utilização de pigmentos nos rituais e na arquitetura dessa região passou a ser frequente a partir da segunda metade dos milênios 9 e 8 a.C.

Impressão de mão encontrada em Çatalhöyük, na Turquia  (Foto: Jason Quinlan/Çatalhöyük Research Project )

Impressão de mão encontrada em Çatalhöyük, na Turquia (Foto: Jason Quinlan/Çatalhöyük Research Project )

A pesquisa mostrou que um pigmento ocre avermelhado era o mais utilizado em Çatalhöyük, e estava nos restos mortais tanto de adultos quanto de crianças. Já o minério cinábrio era usado principalmente nas mulheres e um pigmento azul/verde estava associado aos homens.






Além dos esqueletos com vestígios de corantes, as casas dos moradores tinham diversas pinturas. O número dos sepultamentos, segundo observaram os arqueólogos, parecia estar inclusive associado à quantidade das camadas dessas obras de arte.

Detalhe de uma faixa de cinábrio no crânio de um homem  (Foto: Marco Milela)

Detalhe de uma faixa de cinábrio no crânio de um homem (Foto: Marco Milela)

"Esses resultados revelam vislumbres interessantes sobre a associação entre o uso de corantes, rituais funerários e espaços de vida nessa sociedade fascinante", comenta o autor sênior do estudo, Marco Milella, em comunicado.

De acordo com os pesquisadores, havia algum contexto maior ligando os ritos funerários e o uso dos corantes no ambiente doméstico. “Quando enterravam alguém, [os moradores] pintavam também as paredes da casa”, supõe Milella.

Pintura geométrica encontrada durante escavações na Turquia  (Foto: Jason Quinlan/Çatalhöyük Research Project)

Pintura geométrica encontrada durante escavações na Turquia (Foto: Jason Quinlan/Çatalhöyük Research Project)

Outro fato relevante é que apenas alguns dos habitantes foram enterrados com pigmentos nos ossos. De acordo com o pesquisador, os critérios que determinavam isso ainda são um mistério que torna os achados ainda mais interessantes. “Nosso estudo mostra que essa seleção não foi relacionada a idade ou sexo", esclarece o arqueólogo.

Marco Milella, do Instituto de Medicina Forense da Universidade de Berna, durante as escavações (Foto: Jason Quinlan/Çatalhöyük Research Project)

Marco Milella, do Instituto de Medicina Forense da Universidade de Berna, durante as escavações (Foto: Jason Quinlan/Çatalhöyük Research Project)