• Redação Galileu
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Reconstrução de um Homo neanderthalensis adulto, baseada nos restos mortais do hominídeo Shanidar 1 (Foto: John Gurche/Human Origins Program/NMNH/ Chip Clark)

Reconstrução de um Homo neanderthalensis adulto, baseada nos restos mortais do hominídeo Shanidar 1 (Foto: John Gurche/Human Origins Program/NMNH/ Chip Clark)

Pesquisadores coletaram dados sobre crânios de hominídeos e concluíram que grande parte do cruzamento entre humanos modernos e neandertais ocorreu no Oriente Próximo, região do norte da África ao Iraque. O resultado foi registrado em 3 de agosto na revista Biology.






Cientistas já haviam detectado vestígios de DNA neandertal no genoma de Homo sapiens. Neste novo estudo, os autores coletaram dados da morfologia craniofacial de 13 neandertais, 233 humanos pré-históricos e 83 humanos modernos.

Com base em medidas craniofaciais consideradas padrões, a equipe avaliou o tamanho e a forma das principais estruturas faciais dos hominídeos. Isso os permitiu descobrir se uma determinada população humana cruzou com neandertais e qual foi a extensão desse provável cruzamento.

Steven Churchill, coautor do estudo e professor de antropologia evolutiva na Universidade Duke, nos Estados Unidos, conta que “muitas vezes pensamos na evolução como galhos de uma árvore” e que os “pesquisadores passaram muito tempo tentando rastrear o caminho que nos levou ao Homo sapiens”.

Cada vez mais evidências indicam que a evolução humana não é uma árvore, e sim “uma série de fluxos que convergem e divergem em v��rios pontos”. Para Churchill, esse quadro é "realmente complicado" — mesmo que já suspeitássemos do cruzamento entre humanos e neandertais.

Imagem mostra locais de referência facial usados no estudo dos crânios de hominídeos (Foto: Steven E. Churchill et.al )

Imagem mostra locais de referência facial usados no estudo dos crânios de hominídeos (Foto: Steven E. Churchill et.al )

“As populações asiáticas modernas parecem ter mais DNA neandertal do que as populações europeias modernas, o que é estranho – porque os neandertais viviam no que hoje é a Europa”, observa Churchill, em comunicado. “Isso sugere que os neandertais cruzaram com o que hoje são humanos modernos quando nossos ancestrais pré-históricos deixaram a África, mas antes de se espalharem para a Ásia.”

Segundo o professor, as evidências sugerem que o “Oriente Próximo foi uma importante encruzilhada, tanto geograficamente quanto no contexto da evolução humana”. Os neandertais tinham rosto grande, porém o tamanho isolado da face não revela qualquer ligação genética entre populações humanas e os Homo neanderthalensis.






Dessa forma, os pesquisadores também consideraram variáveis ​​ambientais associadas a mudanças na face humana. “Descobrimos que as características faciais em que nos concentramos não eram fortemente influenciadas pelo clima, o que facilitou a identificação de prováveis ​​influências genéticas”, diz Ann Ross, autora correspondente do estudo.

A forma facial revelou-se a mais útil para estudar a mistura entre os hominídeos. “Com o tempo, o tamanho dos rostos humanos tornou-se menor, gerações depois de terem cruzado com os neandertais. Mas a forma real de algumas características faciais manteve evidências desses cruzamentos”, conclui Ross.