• Redação Galileu
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Escavação do muro perimetral à entrada do vale de Rabana no Curdistão iraquiano (Foto: Rabana-Merquly Archaeological Project)

Escavação do muro perimetral à entrada do vale de Rabana no Curdistão iraquiano (Foto: Rabana-Merquly Archaeological Project)

Restos que seriam da cidade “perdida” de Natounia foram encontrados na fortaleza montanhosa de Rabana-Merquly, no Curdistão iraquiano. Escavações no local sugerem que lá existiu um dos principais centros do antigo Império Parta, há cerca de 2 mil anos.






O achado, que poderá revelar informações sobre a pouco conhecida história desse povo, foi registrado nesta quarta-feira (20) na revista Antiquity. O império em questão se estendia por partes do Irã e da Mesopotâmia, enquanto a fortaleza montanhosa fica hoje no atual Monte Piramagrun da Cordilheira de Zagros, localizado no território iraniano e iraquiano.

Os vestígios arqueológicos foram estudados por uma equipe internacional durante várias escavações feitas desde 2009, sendoa a mais recente entre 2019 e 2022. A fortaleza incluiu fortificações de quase 4 km de extensão, além de assentamentos menores. Devido à alta posição na montanha, o recinto só pôde ser mapeado com drones.

Escavações no Curdistão iraquiano revelaram escada e pontas de flecha de ferro (Foto: Rabana-Merquly Archaeological Project))

Escavações no Curdistão iraquiano revelaram escada e pontas de flecha de ferro (Foto: Rabana-Merquly Archaeological Project))

Segundo Michael Brown, pesquisador líder da equipe de arqueólogos, na entrada da fortaleza há relevos em rocha que possivelmente representam Natounissar, o fundador da cidade, ou um descendente direto. As figuras também lembram a imagem de um rei encontrada a 230 km de distância, em Hatra, outra antiga cidade rica em achados da era parta.

O recinto na montanha Rabana-Merquly fica na fronteira oriental de Adiabene, governada por reis de uma dinastia dependente dos partas. O lugar pode ter sido usado para realizar comércio com tribos pastoris, manter relações diplomáticas ou exercer pressão militar. “O esforço considerável que deve ter sido feito para planejar, construir e manter uma fortaleza desse tamanho aponta para atividades governamentais”, acrescenta Brown, em comunicado.






As estruturas que sobraram no sítio sugerem uso militar e incluem até mesmo restos de vários edifícios retangulares que podem ter sido quartéis. Os pesquisadores também encontraram um complexo religioso possivelmente dedicado à deusa iraniana do zoroastrismo Anahita, a divindade "das águas". 

Moeda de Natounia descoberta nas escavações e desenho de rei em pedra (Foto: Rabana-Merquly Archaeological Project/The Trustees of the British Museum)

Moeda de Natounia descoberta nas escavações e desenho de rei em pedra (Foto: Rabana-Merquly Archaeological Project/The Trustees of the British Museum)

A existência da cidade de Natounia, também chamada de “Natounissarokerta”, havia sido documentada até então apenas em algumas moedas do século 1 a.C. O termo “Natounissarokerta” une Natounissar, nome do fundador da dinastia real Adiabene, e a palavra parta para fosso ou fortificação.