• Redação Galileu
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Larvas de um tipo de inseto de 100 milhões de anos apresentam fisogastria, uma fenômeno que animais atuais ainda utilizam (Foto:  J. Haug )

Larvas de um tipo de inseto de 100 milhões de anos apresentam fisogastria, uma fenômeno que animais atuais ainda utilizam (Foto: J. Haug )

Preservadas como se estivessem parados no tempo, larvas de insetos em âmbar encontradas em Mianmar, na Ásia, trazem uma nova datação para a existência da fisogastria nesses seres. O fenômeno é conhecido pela expansão do abdômen de insetos e artrópodes na hora de se alimentar ou para estocar néctar.

Publicado no periódico Scientific Reports nesta segunda-feira (22), o estudo feito pelos professores de zoologia Joachim T. Haug e Carolin Haug, da Universidade de Munique, na Alemanha, conseguiu determinar o grupo de origem das larvas conservadas.

Após uma análise de características morfológicas, especialmente na cabeça e no aparelho bucal, os zoólogos identificaram que os fósseis eram representantes do grupo Berothidae, da ordem de Neuroptera (chrysopidae). Chamados de crisopídeos, atualmente, o parente mais próximo dessas espécies são os crisopídeos verdes, mais conhecidos no Brasil como bicho-lixeiro .

Todas as larvas encontradas em Mianmar apresentavam um abdômen inchado, algo comum de ser encontrado em carrapatos durante a alimentação com sangue, em formigas que armazenam o néctar dentro de si e em lagartas que fazem a pupação.

Esse inchaço se baseia em uma dobra acentuada da camada externa do corpo. Entretanto, essa é a primeira vez que especialistas reconhecem esse fenômeno em um ser do período Cretáceo, há 100 milhões de anos. “Esta é a descoberta mais antiga até hoje dos chamados insetos fisogástricos, que são capazes de aumentar muito seu tronco", comenta Haug, em comunicado.

Por terem sido achados em na resina, os pesquisadores acreditam que na fase larval os crisopídeos tinham um comportamento parecido com os do cupim. “As larvas de Berothidae muitas vezes vivem de forma predatória — parasita seria outra maneira de descrevê-lo — em túneis estreitos e galerias de cupinzeiros, o que apoiaria essa conjectura", complementa o pesquisador.

Também chamaram atenção indícios de ecdise nos animais analisados. Esse processo, que basicamente é a troca do exoesqueleto do inseto, permite-o alargar ainda mais seu tronco.

Os pesquisadores também notaram que existem diferenças entre os crisopídeos do Cretáceo com os atuais, sendo uma delas a estrutura corporal: a maioria das larvas das espécies vivas de crisopídeos são predadores rápidos e magros, enquanto os de 100 milhões de anos atrás eram mais corpulentos.