• Redação Galileu
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Cientistas provam que novo coronavírus evoluiu naturalmente (Foto: Divulgação)

Assinatura de proteína relacionada a casos graves de Covid-19 é identificada (Foto: Divulgação)

Por que alguns pacientes morrem de Covid-19 enquanto outros, que parecem estar igualmente doentes, sobrevivem? Essa talvez seja uma das perguntas mais intrigantes para os pesquisadores que têm atuado na pandemia. E para Marcia Goldberg, especialista em doenças infecciosas, não é diferente.

Médica do Hospital Geral de Massachusetts, nos Estados Unidos, Goldberg decidiu pesquisar os mecanismos que poderiam contribuir para o óbito em decorrência do Sars-CoV-2 e, ao lado de outros especialistas, analisou dados de 384 pessoas.

Antes da pandemia, pesquisadores do hospital já estavam desenvolvendo métodos para investigar a resposta do sistema imunológico humano diante de infecções. Com a chegada do Sars-CoV-2, eles optaram por realizar uma análise proteômica, que consiste em estudar a proteoma (conjunto de proteínas) de uma célula, tecido ou organismo.

Publicada no periódico Cell Reports Medicine, a pesquisa utilizou amostras de sangue retiradas de 306 pacientes que testaram positivo para Covid-19 e de outros 78 que apresentaram sintomas similares, mas testaram negativo para o coronavírus.

Com a coleta de material realizada três vezes durante o período de acompanhamento, foi possível seguir a trajetória da doença. Assim, descobriu-se que a maioria dos indivíduos com Covid-19 têm uma "assinatura" consistente de proteína, independentemente da gravidade do quadro clínico. Como esperado, o organismo reage produzindo proteínas que atacam o vírus.

“Mas também encontramos uma pequena parcela de pacientes com a doença que não demonstraram uma resposta pró-inflamatória típica dos demais”, afirma, em nota, o pesquisador Michael Filbin. Ele explica que isso foi visto principalmente em pessoas mais velhas com doenças crônicas e sistemas imunológicos mais fracos.

Em outra etapa, o estudo comparou as assinaturas proteicas de pacientes com quadros graves (que precisaram de intubação ou morreram 28 dias após a internação) e de indivíduos com casos menos graves. 

A partir dessa análise, os pesquisadores identificaram, nos piores casos, mais de 250 proteínas associadas à severidade da doença. A mais prevalente delas é a interleucina-6 (IL-6), cujas taxas aumentaram continuamente em pacientes que morreram. Por outro lado, nas pessoas que sobreviveram a quadros graves, a presença de IL-6 cresceu e, em seguida, diminuiu.

Apesar de mais estudos serem necessários, os resultados obtidos já podem ajudar na compreensão de mecanismos que causam a forma mais severa da Covid-19.  Além disso, aprender como a doença afeta os pulmões, o coração e outros órgãos é essencial, e a análise proteômica do sangue é um bom caminho para buscar essas respostas.