• Redação Galileu
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coronavirus sars-cov-2 covid-19 (Foto: NIH/NIAID)

O vírus da covid-19, o Sars-CoV-2, tem uma variante detectada no estado norte-americano do Texas (Foto: NIH/NIAID)

Uma nova variante do vírus Sars-CoV-2 foi descoberta no estado norte-americano do Texas. Chamada de BV-1, a nova cepa está sendo monitorada por cientistas do Complexo de Pesquisa em Saúde Global (GHRC), da Universidade A&M do Texas, nos Estados Unidos.

Os pesquisadores acreditam que a variante pode representar "um novo desafio para a saúde pública”, mesmo que tenha sido detectada em apenas um estudante da universidade com sintomas leves de Covid-19.

A cepa BV-1 está descrita em um artigo, que foi enviado para publicação pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC). A nomenclatura “BV” faz alusão ao Vale do Brazos, a região do Texas onde o GHRC está localizado.






Como foi detectada?

Testes de Covid-19 estavam sendo feitos em estudantes da Universidade A&M quando uma amostra de saliva de um aluno em específico chamou a atenção dos pesquisadores. Exames de laboratório do GHRC revelaram então, no dia 5 de março, que aquela secreção continha uma nova variante do coronavírus.

Não satisfeitos, os experts testaram a amostra do estudante novamente, desta vez em um laboratório regulamentado pelo governo federal norte-americano, no St. Joseph Health Regional Hospital, na cidade texana de Bryan. O teste também deu positivo para a nova cepa.

O vírus da Covid-19, o Sars-CoV-2, em glândulas salivares (Foto: Divulgação/Paola Perez, PhD, Warner Lab, NIDCR)

O vírus da Covid-19, o Sars-CoV-2, em glândulas salivares (Foto: Divulgação/Paola Perez, PhD, Warner Lab, NIDCR)

No dia 25 de março, o aluno forneceu uma segunda amostra, que ainda indicou resultado positivo. Isso apontou que a infecção pela BV-1 é mais duradoura do que aquela provocada pela linhagem original do coronavírus quando afeta adultos de 18 a 24 anos, segundo os pesquisadores.

Por sorte, o estudante teve apenas sintomas parecidos com os de um resfriado, que cessaram no dia 2 de abril. Quando teve a doença, ele não morava no campus universitário, mas era ativo em organizações da universidade. Finalmente, em 9 de abril, uma nova amostra de saliva do aluno deu negativo para o vírus.






A variante é mais perigosa?

Os cientistas não sabem ao certo os perigos que estão por trás da variante BV-1, mas eles já confirmaram que ela apresenta uma combinação de mutações parecida com a de outras cepas que causam preocupação ao redor do mundo.

"Essa variante combina marcadores genéticos separadamente associados com disseminação rápida, doença grave e alta resistência a anticorpos neutralizantes”, aponta Ben Neuman, virologista-chefe do GHRC, em comunicado.

Imagem de microscópio eletrônico mostra o vírus Sars-CoV-2 (Foto: National Institute of Allergy and Infectious Diseases)

Imagem de microscópio eletrônico mostra o vírus Sars-CoV-2 (Foto: National Institute of Allergy and Infectious Diseases)

O que mais preocupa os pesquisadores, a ponto deles quererem alertar o mundo sobre seus achados, é a questão dos anticorpos neutralizantes. Normalmente, eles “grudam” em alguma parte do vírus para impedi-lo de seguir seu curso de replicação nas células. Todavia, a  BV-1 resiste a esse mecanismo.

Além disso, os especialistas acreditam que a variante do Texas está relacionada àquela encontrada no Reino Unido, denominada B.1.1.7. A cepa britânica é 45% mais contagiosa do que o Sars-CoV-2 original, segundo pesquisa publicada dia 9 de abril no periódico Cell Reports Medicine.

Monitoramento

A descoberta foi anunciada com base apenas em uma sequência genética da variante BV-1, pois os estudiosos ainda não cultivaram o vírus em laboratório. Isso ainda poderá ser feito, já que eles querem aprofundar a investigação sobre essa potencial ameaça.

Até agora, já foram detectadas diversas variantes do coronavírus ao redor do mundo. Só o GHRC já identificou dezenas de mutações do Sars-CoV-2 nas últimas semanas, em um programa de sequenciamento genético. Foram incluídos na iniciativa casos assintomáticos para evitar no futuro que as cepas gerem manifestações clínicas.

“O sequenciamento ajuda a fornecer um sistema de alerta precoce para novas variantes”, afirma Neuman. “Embora possamos ainda não compreender o significado total do BV-1, a variante destaca uma necessidade contínua de vigilância rigorosa e testes genômicos, incluindo adultos jovens sem sintomas ou apenas sintomas leves”.