• Redação Galileu
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coronavirus sars-cov-2 covid-19 (Foto: NIH/NIAID)

Estudo compara resposta imune de casos assintomáticos e graves de Covid-19 (Foto: NIH/NIAID)

Cientistas do Reino Unido analisaram amostras de sangue de 130 pacientes com Covid-19 e identificaram diferenças imunológicas entre os indivíduos assintomáticos e aqueles que desenvolveram casos mais graves da doença. Os resultados do estudo foram publicados na terça-feira (20), no periódico Nature Medicine.

Os pacientes avaliados vieram de três centros médicos do Reino Unido, localizados em Newcastle, Cambridge e Londres. As células do sistema imunológico presente nos participantes ajuda a explicar porque alguns deles tiveram inflamação pulmonar e sintomas de coagulação do sangue, segundo o estudo. 

Nas amostras de pacientes assintomáticos, os pesquisadores encontraram células de defesa conhecidas como células B, que produzem anticorpos nas passagens de muco, em áreas como no nariz.

Enquanto isso, em pessoas com sintomas leves e moderados, não somente as células B, mas células T também estavam presentes para auxiliar na defesa do organismo. Por outro lado, pacientes graves haviam perdido muitas dessas células imunológicas.

Acontece que o sistema imune parecia ainda mais fraco em indivíduos que tinham sintomas sérios e foram hospitalizados. Eles apresentaram um aumento descontrolado de células inflamatórias, chamadas de monócitos e células T assassinas, que podem levar à inflamação pulmonar quando em níveis elevados.

Além disso, aqueles que desenvolveram casos graves de Covid-19 tinham níveis altos de células produtoras de plaquetas, que ajudam o sangue a coagular. Isso estaria atrelado, portanto, aos sintomas de coagulação sanguínea.

Micrografia eletrônica de um glóbulo branco do tipo linfócito T  (Foto: Wikimedia Commons )

Micrografia eletrônica de um glóbulo branco do tipo linfócito T (Foto: Wikimedia Commons )

A pesquisa é uma das poucas a analisar casos assintomáticos e faz parte da iniciativa internacional Human Cell Atlas, cujo objetivo é mapear cada tipo de célula do corpo humano. Como foram utilizados dados de três centros britânicos diferentes, foi possível notar respostas variadas de anticorpos conforme a área geográfica.

Isso significa que essa parte do sistema imune pode se adaptar a diferentes variantes do vírus da Covid-19, o Sars-CoV-2. Com esse achado, os pesquisadores esperam encontrar novas terapias para diminuir a produção de plaquetas ou reduzir o número de células T assassinas que causam inflamação pulmonar.

“O sistema imunológico é composto por muitos grupos diferentes de células, semelhante à forma como uma orquestra é composta por diferentes grupos de instrumentos”, compara Muzlifah Haniffa, principal autor do artigo, em comunicado. “Para entender a resposta imune coordenada, você tem que olhar para essas células imunes juntas”, salienta.