• Redação Galileu
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China se preara para pousar robô Zhurong em Marte (Foto: CNSA)

China se prepara para pousar robô Zhurong em Marte. Acima, uma arte do rover chinês (Foto: CNSA)

Pelo menos quatro invenções humanas já passaram por Marte em 2021 — as três sondas Hope (da Agência Espacial dos Emirados Árabes Unidos), Tianwen-1 (da Administração Espacial Nacional da China), Perseverance e o helicóptero Ingenuity (ambos da Nasa). Agora, o planeta vermelho está prestes a receber mais um visitante: o robô Zhurong, também da agência espacial chinesa.

O rover faz parte da primeira missão da China a Marte e tem como objetivo, ao longo de três meses, analisar a superfície do planeta, viabilizar o estudo das rochas locais e procurar por sinais de água ou gelo. Movido a energia solar e nomeado como o deus do fogo da mitologia chinesa, Zhurong deve pousar em solo marciano entre os dias 15 e 19 de maio com o auxílio da sonda Tianwen-1.

Apesar da CNSA ter fornecido uma previsão, não foram dados mais detalhes sobre a data e o horário do evento. Mesmo assim, a expectativa para que ele ocorra nas próximas horas é grande, de acordo com a agência de notícias AFP e a National Geographic, porque Ye Peijian, da Academia Chinesa de Ciências, estima que o pouso acontecerá às 7h11 de sábado no horário de Pequim — 20h11 desta sexta-feira (14) em Brasília.

Como publicado na revista Nature, alguns pesquisadores acreditam que, por trás da falta de clareza da China, está a possibilidade de que a missão não seja bem sucedida. Isso porque pousar em Marte é uma tarefa bastante complicada, já que os engenheiros não têm controle sobre a atividade em tempo real e precisam deixar instruções pré-programadas.

Sete minutos de terror

Um dos pontos mais cruciais para o sucesso de Zhurong diz respeito à velocidade. É preciso entrar na atmosfera de Marte a uma velocidade bem alta e, em seguida, desacelerar da forma correta conforme o robô se aproxima da Utopia Planitia, região onde o pouso deverá acontecer. Essa etapa marca o começo dos "sete minutos de terror" — intervalo de tempo entre a entrada na atmosfera e o pouso.

“Uma espaçonave que orbita um planeta precisa se mover bem rápido para se manter em órbita, mas, se entrar na atmosfera com essa velocidade, ela queima”, explica Deep Bandivadekar, do Centro de Excelência Aeroespacial em Glasgow, em artigo do site The Conversation. “Qualquer coisa que entra na atmosfera precisa desacelerar significativamente e se livrar do calor gerado nesse trajeto.”

Por isso, Zhurong estará protegido por uma espécie de “concha” que inclui um escudo térmico. A velocidade inicial do robô será de 4 km/s e, junto do processo de desaceleração, os paraquedas serão acionados.

A sonda Tianwen-1, responsável pelo lançamento de Zhurong, terá ajuda de duas ferramentas tecnológicas: um telêmetro a laser para auxiliar na localização e um sensor de microondas para determinar a velocidade com maior precisão.

Durante a fase de descida motorizada, recursos de imageamento óptico e por sensores LiDAR serão utilizados para detectar possíveis perigos. Finalmente, pouco antes das seis rodas de Zhurong atingirem o solo, um sistema será empregado para evitar a colisão com obstáculos.

Caso a missão seja bem sucedida, a China se tornará o primeiro país a realizar o pouso de um rover em Marte na sua primeira tentativa e o segundo, após os Estados Unidos, a explorar o planeta vermelho com esse tipo de robô.